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Reumatologia17 abril 2024

Modalidades de exames de imagem para o diagnóstico da arterite de células gigantes

A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite de grandes vasos que pode complicar com perda visual grave.
Por Gustavo Balbi

Apesar de a biópsia de artéria temporal superficial ser o padrão-ouro no diagnóstico da arterite de células gigantes (ACG), ela é invasiva e, portanto, pode apresentar complicações. Além disso, apresenta sensibilidade limitada (em torno de 39%, com alta heterogeneidade entre os estudos), altas taxas de resultado falso negativo (44%), especialmente nos pacientes que já receberam algum tratamento, e tempo de espera variável (podendo demorar até 2 semanas para entrega do resultado final). 

Desse modo, o uso de exames de imagem não invasivos, como Doppler, FDG-PET e ressonância magnética (RM), vem ganhando espaço na avaliação diagnóstica da ACG. No entanto, nenhum estudo havia feito a comparação head-to-head entre essas diferentes modalidades diagnósticas na ACG. Assim, Nieuwland et al. conduziram um estudo cujo objetivo era comparar diretamente a performance diagnóstica para a ACG dessas 3 modalidades de imagem. 

Modalidades de exames de imagem para o diagnóstico da arterite de células gigantes

Métodos

Trata-se de um estudo de caso controle aninhado, que incluiu pacientes com suspeita de ACG (≥ 50 anos) acompanhados na coorte ZGT GET, que segue pacientes por 5 anos após avaliação por uma clínica de fast track para ACG, de modo a determinar o prognóstico desses casos. O tratamento não era iniciado até a realização dos exames, mas não foi atrasado caso indicado pelo médico assistente. Os pacientes foram seguidos por 6 meses para verificar o diagnóstico de ACG. 

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O Doppler foi realizado nas artérias temporais superficiais (ramos frontal e parietal) e nas artérias axilares, bilateralmente. Também foi realizado o FDG-PET de corpo todo e RM com 3T da cabeça e pescoço, incluindo carótidas interna e externa e vertebrais (imagens pós-contraste ponderadas em T1 spin echo). Os exames foram realizados entre 3 a 5 dias úteis após avaliação inicial. Os avaliadores não foram cegados para as condições clínicas do paciente por motivos éticos e para simular a vida real. 

Como existe debate sobre o padrão-ouro no diagnóstico da ACG, os pacientes foram considerados como portadores de ACG após definição por 2 experts em ACG, levando em consideração a avaliação em 2 momentos distintos (baseline e após 6 meses). Os avaliadores não tiveram acesso aos resultados dos exames de imagem. Em caso de discordância, um terceiro expert definiu os casos. Nenhum dos experts estavam envolvidos no cuidado do paciente. 

A estratificação da ACG em subtipos foi realizada através da análise dos 3 exames de imagem. ACG craniana isolada foi aquela que acometeu as artérias temporal superficial, facial, oftálmica, occipital e/ou maxilar; ACG extraniana isolada de grandes vasos foi aquela com acometimento das artérias aorta, axilar, subclávia, femoral, vertebral e/ou carótidas. O subtipo combinado apresentou acometimento de artérias de ambos os grupos. 

Resultados

Foram incluídos 23 pacientes com ACG (8 cranianas isoladas, 4 extracranianas isoladas e 11 combinadas) e 19 pacientes com suspeita, porém sem confirmação de ACG. A idade média foi de 71,6 anos para pacientes com ACG e 69,7 anos para os sem ACG. A maioria dos pacientes foi do sexo feminino. Com relação aos critérios ACR/EULAR 2022 para ACG, 21 dos 23 pacientes com ACG os preencheram. 

A sensibilidade do Doppler foi de 69,6% (IC95% 50,4-88,8%), do FDG-PET foi de 52,2% (IC95% 31,4-73,0%) e da RM 56,5% (IC95% 35,8-77,2%). Já a especificidade foi de 100% para as 3 modalidades. 

Com relação aos subtipos de ACG, o FDG-PET foi negativo em todas as ACG cranianas isoladas, e a RM foi negativa em todas as extracranianas isoladas. 

Utilizando o algoritmo de estratificação de probabilidade pré-teste m-GCAPS, 13 foram classificados como baixa probabilidade (apenas 3 com ACG), 19 pacientes foram classificados como moderada probabilidade (10 com ACG) e 10 como alta probabilidade (10 com ACG). Os resultados desse estudo piloto reforçam o uso do Doppler como o primeiro exame a ser solicitado na suspeita de ACG. O Doppler rendeu resultados falso negativos em 2 pacientes com ACG (um com intermediária e outro com alta probabilidade pré-teste) e inconclusivo em 2 (um com baixa e outro com intermediária probabilidade pré-teste), mas o diagnóstico foi confirmado pelos outras duas modalidades. 

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Comentários sobre os exames de imagem na arterite de células gigantes (ACG)

Esse estudo comparou de maneira head-to-head as 3 diferentes modalidades de exame de imagem mais importantes para a avaliação de pacientes com suspeita de ACG. 

O Doppler apresentou a maior sensibilidade entre os 3, e a especificidade de todos foi excelente, comparadas com o diagnóstico clínicos de experts em ACG. Desse modo, esse estudo nos fornece evidências de que o Doppler é o exame inicial mais apropriado para investigação de pacientes com suspeita de arterite de células gigantes (ACG).

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