Baixa dose de corticosteroide é uma boa opção para dor de garganta?
Os corticosteroides não são comumente prescritos, pois os clínicos questionam o equilíbrio entre os benefícios e os danos e a sua aplicabilidade para pacientes com doença menos grave.
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A dor de garganta é uma das queixas mais comuns em departamentos de emergência e de atendimento ambulatorial. É a causa de cerca de 5% das consultas médicas em crianças e cerca de 2% das todas as visitas ambulatoriais em adultos.
A causa mais comum de dor de garganta é a faringite aguda causada por infecções virais auto limitantes.
Os corticosteroides em curta duração são uma opção de tratamento adjuvante para alívio de sintomas em pacientes com dor de garganta. Os corticosteroides não são comumente prescritos, pois os clínicos questionam o equilíbrio entre os benefícios e os danos e a sua aplicabilidade para pacientes com doença menos grave.
Uma revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados foi conduzida para estimar os benefícios e danos de usar corticosteroides como um tratamento adjuvante para dor de garganta.
As buscas foram conduzidas até maio de 2017 nas seguintes bases de dados: Medline, Embase, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL). Adicionalmente, as listas de referência dos estudos elegíveis foram avaliadas.
Como critérios de inclusão foram considerados ensaios clínicos randomizados que avaliaram a adição de corticosteroides nos cuidados clínicos para pacientes com idade igual ou superior a 5 anos em atendimento de urgência e centros de atenção primária com sinais clínicos de amigdalite aguda, faringite ou síndrome clínica de dor de garganta. Os ensaios foram incluídos independentemente do idioma ou do status de publicação.
Veja também: ‘Meningite bacteriana: usar ou não corticoide?’
No total, foram incluídos 10 estudos elegíveis, envolvendo 1.426 indivíduos. Em relação a faixa etária, 3 estudos avaliaram crianças, 6 avaliaram adultos, e 1 estudo incluiu crianças e adultos.
A dexametasona oral (dose única de 10 mg para adultos e 0,6 mg/kg, máximo de 10 mg para crianças) foi a intervenção mais comum (cinco estudos) seguida de injeção intramuscular de dexametasona de dose única (três estudos).
Pacientes que receberam corticosteroides de baixa dose tiveram duas vezes mais chances de aliviar os sintomas da dor após 24 horas (risco relativo [RR]: 2,2; intervalo de confiança [IC] de 95%: 1,2 a 4,3, diferença de risco: 12,4%; evidência de qualidade moderada) e 1,5 vezes mais chances de não ter dor em 48 horas (RR: 1,5, IC 95%: 1,3 a 1,8, diferença de risco: 18,3%, evidência de alta qualidade).
O tempo médio para o início do alívio da dor em pacientes tratados com corticosteroides foi de 4,8 horas antes (IC 95%: -1,9 a -7,8, qualidade moderada) e o tempo médio para completar a resolução da dor foi 11,1 horas antes (IC 95%: -0,4 a -21,8, baixa qualidade) do que aqueles tratados com placebo.
A redução absoluta da dor em 24 horas (escala analógica visual 0-10) foi maior em pacientes tratados com corticosteroides (diferença média: 1,3, IC 95%: 0,7 a 1,9, qualidade moderada). Nove dos dez ensaios buscaram informações sobre eventos adversos. Seis estudos não relataram eventos adversos e três estudos relataram poucos eventos adversos, que foram principalmente complicações relacionadas à doença, com incidência semelhante em ambos os grupos.
Dose única baixa de corticosteroides pode proporcionar alívio da dor em pacientes com dor de garganta, sem aumento de eventos adversos graves. Os ensaios incluídos não avaliaram os riscos potenciais de doses cumulativas maiores em pacientes com episódios recorrentes de dor de garganta aguda. Dados adicionais de alta qualidade seriam úteis para entender completamente o equilíbrio entre os benefícios e danos de acordo com a gravidade dos sintomas.
E mais: ‘Nem toda faringite é bacteriana, nem mesmo viral!’
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Referências:
- Sadeghirad Behnam, Siemieniuk Reed A C, Brignardello-Petersen Romina, Papola Davide, Lytvyn Lyubov, Vandvik Per Olav et al. Corticosteroids for treatment of sore throat: systematic review and meta-analysis of randomised trials BMJ 2017; 358 :j388
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