O painel ABRAMEDE-AMIB-ILAS, apresentado no congresso da Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência (ABRAMEDE 2021) trouxe uma reflexão importante nos dias atuais, que é a abordagem da sepse durante a era Covid-19.
A sepse por si só consiste em uma entidade que ainda enfrenta muitas dificuldades no manejo clínico. Apesar da crescente participação das entidades médicas na mídia com o objetivo de massificar a disseminação de informação para o público, tendo como grande exemplo a existência da semana da sepse, que engloba diversos países no mundo inteiro, a sepse ainda é uma entidade clínica de difícil reconhecimento à beira-leito e com limitação de recursos terapêuticos importantes, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Ou seja, a sepse consiste em uma doença extremamente grave, agressiva e com elevado índice de morbimortalidade. Com o surgimento da pandemia, isso pode ter se agravado.
Sepse e Covid-19
A sepse ainda mata milhões em todo o mundo, todos os anos. A resposta do corpo ao novo coronavírus e sua resposta à sepse podem ter características semelhantes, às vezes sobrepostas e que dificultam a diferenciação clara entre as síndromes, portanto, as equipes assistentes devem monitorar continuamente seus pacientes internados por Covid-19 quanto aos sinais de infecções bacterianas superpostas e que podem definir negativamente o prognóstico.
Se houver suspeita de sepse, devemos seguir as recomendações da última atualização do Surviving Sepsis Campaign, focando no precoce início de antibióticos adequados para o foco, com coleta de amostras microbiológicas e expansão volêmica adequada de forma criteriosa, objetivando manter níveis pressóricos adequados e o clareamento dos níveis de lactato arterial.
Lembrando ainda que, durante a nova pandemia de coronavírus, quando os recursos médicos em todo o mundo são limitados e a cada dia que passa parecem estar mais escassos, cuidar de pacientes com sepse pode ter atingido um limite ainda maior de dificuldade. A grande mensagem do painel é de que apesar de estarmos todos sobrecarregados e com o foco atento para a identificação e manejo dos pacientes com formas moderadas e graves de Covid-19, nunca podemos deixar de lembrar da sepse. Ela segue incidente, agressiva e com elevada mortalidade. Parafraseando uma das campanhas do ILAS na semana da sepse: “na dúvida, pense. Pode ser sepse”.
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Autoria

Hiago Bastos
Graduação em Medicina pela Universidade Ceuma (2016), como bolsista integral do PROUNI ⦁ Especialista em Terapia Intensiva no Programa de Especialização em Medicina Intensiva (PEMI/AMIB 2020) no Hospital São Domingos ⦁ Fellowship in Intensive Care at the Erasme Hospital (Bruxelles, Belgium) ⦁ Especialista em ECMO pela ELSO ⦁ Médico plantonista na UTI II do Hospital Municipal Djalma Marques desde 2016, na UTI do Hospital São Domingos desde 2018 e Coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital Municipal Djalma Marques desde 2017 ⦁ Fundador e ex-presidente da Liga Acadêmica de Medicina de Urgência e Emergências do Maranhão (LAMURGEM-MA) ⦁ Experiência na área de Emergências e Terapia intensiva.
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