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Cirurgia18 março 2025

O papel da gastrectomia paliativa em câncer gástrico avançado

Meta-análise avaliaram 20 artigos envolvendo 23.061 pacientes portadores de câncer gástrico avançado e estimou o impacto da gastrectomia na sobrevida global
Por Jader Ricco

Não obstante o progresso de todas as modalidades diagnósticas e terapêuticas das doenças oncológicas, o câncer gástrico continua sendo uma doença frequentemente descoberta já em estágios avançados e representa a quinta causa de morte por câncer em todo mundo. 

Casos avançados, sem proposta de cura, fomentam discussões sobre o valor da gastrectomia paliativa. Pacientes nesses estágios enfrentam grandes problemas decorrentes de obstrução limitante à ingestão via oral, vômitos e sangramentos graves com repercussões hematimétricas.  

A qualidade de vida é profundamente influenciada pela evolução da enfermidade. Nesse sentido, diversos fatores devem ser considerados tais como: viabilidade cirúrgica, alívio das queixas, ganho em sobrevida considerando o porte e efeitos adversos da cirurgia. 

Em uma meta-análise recentemente publicada, Luo D et al. avaliaram 20 artigos envolvendo 23.061 pacientes portadores de câncer gástrico avançado. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da gastrectomia na sobrevida global. 

gastrectomia

O que os estudos mostram 

Foi observado uma sobrevida média maior nos grupos submetidos à gastrectomia paliativa, com mediana de 13,91 meses (IC de 95%: 10,84–16,99) comparados à mediana de 7,42 meses no grupo sem gastrectomia (IC de 95%: 4,63–10,21). O tipo de gastrectomia, total ou subtotal, não foi categorizado na meta-análise.  

As complicações pós-operatórias nos pacientes submetidos à gastrectomia paliativa foram maiores comparadas aos pacientes que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos sem gastrectomia (OR = 1,96; IC de 95%:1,02–3,75; p = 0,042), mas Luo D et. al. ressaltam que houve heterogeneidade significativa nesse aspecto entre os 20 artigos avaliados (P < 0,001,I² = 76,0%). 

A análise de 5 artigos que avaliaram a mortalidade hospitalar não revelou aumento com significância estatística no grupo submetido à gastrectomia paliativa (OR = 1,29;IC 95%: 0,77–2,16; p = 0,337). 

Luo D et. al. levantaram pontos importantes. Luo D et. al. levantaram fato relevantes. Um deles é o de que pacientes não submetidos à gastrectomia paliativa apresentaram períodos de internação hospitalar semelhantes aos submetidos à gastrectomia. Além disso, as análises de sobrevida global apresentaram melhores taxas quando a gastrectomia foi realizada (HR de 1,49 – IC de 95% 1,12–1,99). 

Apesar desses resultados positivos, as maiores taxas de complicações encontradas nos pacientes submetidos à gastrectomia paliativa não podem ser ignoradas. Isso demonstra a importância de se pesar os riscos e benefícios dessa cirurgia, o que deve ser individualizado e aplicado às condições de saúde e doença de cada paciente. 

A qualidade de vida, embora importante, não foi analisada diretamente mencionada na meta-análise. Alguns autores usaram o tempo de hospitalização como um parâmetro para estimar este tópico. Luo et. al. relatam que o estudo não tem como estabelecer conclusões a respeito de complicações a longo prazo, bem como morbidade e qualidade de vida pós-gastrectomia paliativa. Os dados ainda não fornecem evidências conclusivas de que a gastrectomia paliativa melhora a qualidade de vida e se faz necessária a realização de mais estudos sobre este assunto. 

Leia mais: Benefício a longo prazo da gastrectomia videolaparoscópica no paciente oncológico

Aplicações práticas 

A finalidade e os benefícios da gastrectomia paliativa para pacientes portadores de câncer gástrico avançado estão na melhora da qualidade de vida e da sobrevida global. Porém, é fundamental individualizar os riscos e os benefícios dessa cirurgia.  

Quando bem indicada e aplicada, a gastrectomia pode melhorar a sobrevida desses pacientes e tem pistas de que pode também melhorar a qualidade de vida. Entretanto, são necessários mais estudos para se definir com segurança os efeitos na qualidade de vida. 

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Referências bibliográficas

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