Logotipo Afya
Anúncio
Cirurgia15 janeiro 2025

Tipos de sutura: técnicas e fios que todo médico precisa conhecer

As suturas são essenciais para a prática médica. Descubra como escolher o fio adequado e quais técnicas favorecem a aproximação adequada dos bordos.
Por Felipe Victer

Nas cirurgias, a escolha correta do material que será utilizado é determinante para o sucesso do procedimento. Entre os recursos disponíveis, os fios de sutura são tão primordiais quanto o bisturi. Responsáveis pelo fechamento adequado dos ferimentos e a aproximação precisa dos bordos.

Neste artigo, vamos apresentar 11 tipos de suturas e fios cirúrgicos indispensáveis que são utilizados na prática clínica:

Médico realizando sutura

Fios de sutura: fundamentos para a prática médica

  1. A escolha do fio de sutura deve considerar o local do ferimento, a extensão do local e o tecido envolvido.
  2. O calibre do fio é definido por uma numeração padronizada, diretamente relacionada ao seu diâmetro.
  3. De modo geral, a sutura pode ser realizada em até 6 horas para as mãos e pés, e até 24h em ferimentos de face e escalpe.

Leia também: Reforço da sutura da aponeurose em laparotomia

Fios de sutura por calibre e aplicações clínicas

Cada fio possui características específicas, como tempo de força tênsil, se é absorvível, como ocorre a absorção, dentre outras, o que justifica a necessidade de diferentes calibres.

Os materiais de síntese possuem propriedades diferentes entre si e devem ser aplicados de acordo com o tecido. Por exemplo, um fio para fechamento de aponeurose deve possuir um longo período de força tênsil, caso contrário o paciente está sujeito a formação de hérnias incisionais e/ou evisceração. 

Confira os tipos de fios de sutura:

  • Fio 6-0: Mais fino. Utilizado em face e áreas com importância estética.
  • Fio 5-0: Utilizado em suturas da mão e dedos.
  • Fio 4-0: Utilizados para reparo de extremidades proximais e tronco.
  • Fio 3-0: Fio de grande calibre, utilizado para planta do pé e escalpo.
  • Fio 2-0: Couro cabeludo.

Mas como saber se estamos utilizando os fios corretos? Primeiramente, é fundamental o cirurgião ter conhecimento prévio de quais são as possibilidades de uso para aquela determinada estrutura. No entanto, no decorrer de um ato operatório, é comum ter diversos fios preparados para uso na mesa da instrumentadora. Para que não haja confusão, existe uma codificação por cor entre os diferentes materiais utilizados. 

O código de cor é lançado pelo primeiro fabricante e é seguido pelos demais. Também é comum que o nome comercial do primeiro lançamento seja o nome mais utilizado na linguagem coloquial do centro cirúrgico, mesmo que o fio seja produzido por outro fabricante e tenha outro nome comercial (confeccionado com o mesmo material). 

Veja, na tabela abaixo, os principais tipos de fios, seus nomes e características:

Tipo / Nome  Material  Cor  Força tensil  Absorção total  
Vicryl ®  Poliglactina  Roxo / multifilamentar  28 dias  56-70 dias  
PDS II ®  Polidiaxona  Violeta / monofilamentar  90 dias  182-238 dias  
Prolene ®  Polipropileno  Azul / monofilamentar  N/D    
Polycot ®  Algodão  Marinho / multifilamentar  N/D    
V-Loc 180 ®  Polímero glicólico  Verde / farpado  56 dias  180 dias  
V-Loc 90 ®  Polímero glicólico  Violeta / farpado  28 dias  90-110 dias  

Diferenças entre fios multifilamentares e monofilamentares

Na realidade, não existe um fio “perfeito”. Os fios multifilamentares aceitam melhor a manipulação e o nó realizado pelo cirurgião, em contrapartida, provocam mais dano tecidual pelo atrito e são mais suscetíveis a infecções. 

Já os fios monofilamentares podem romper durante a sua manipulação, especialmente no momento da realização do nó ou quando um instrumento cirúrgico é utilizado para segurar a sutura.

Reação inflamatória aos fios de sutura

A reação inflamatória provocada pelo próprio fio também é levada em consideração. Por isso, normalmente é almejável que fios que provoquem uma reação inflamatória maior sejam utilizados em locais como ligaduras de pequenos vasos, o que diminui o risco de sangramentos. Já em áreas de anastomose intestinais ou vasculares, o fio ideal deve provocar uma menor reação inflamatória. 

Suturas mecânicas e codificação por cores

De forma semelhante às suturas manuais, as suturas mecânicas também seguem um padrão de codificação de cores entre os diferentes fabricantes. As cores representam a altura do grampo e, portanto, estabelecem o tipo de tecido que devem ser utilizados, uma vez que os grampos são confeccionados com liga metálica. 

Na categorização por cores, os tipos de fios são: 

CorEspessura do tecido  
Branca  1,0 – 2,0 mm  
Azul  1,5 – 2,4 mm  
Verde  2,3 – 4,0 mm  
Bege  0,88 – 1,5 mm  
Roxa  1,5 -2,25 mm  

Características dos Fios Absorvíveis

1) Categute simples

  • Tempo de absorção: 7 – 10 dias;
  • Reação com o tecido: Grande;
  • Uso: Ligar vasos hemorrágicos, anastomoses intestinais e fechamento de plano subcutâneo;
  • Características: Sintético, trançado e maior incidência de infecções.

 

2) Categute cromado

  • Tempo de absorção: 21 – 28 dias;
  • Reação com o tecido: Grande;
  • Uso: Igual ao simples;
  • Características: Obtido de intestino de boi ou carneiro e tratado com cromo.

 

3) Ácido poligalático (Vycril)

  • Tempo de absorção: 14 – 30 dias;
  • Reação com o tecido: Mínima;
  • Uso: Fechar aponeuroses e subcutâneo;
  • Características: Fio sintético, trançado e maior chance de infecções.

 

4) Polidiaxona (PDS)

  • Tempo de absorção: 14 – 30 dias;
  • Reação com o tecido: Mínima;
  • Uso: Anastomoses intestinais e urológicas; os mais calibrosos podem ser utilizados em aponeuroses. Uso permitido em presença de infecção;
  • Características: Monofilamentar, incolor ou violeta e de difícil manejo pela rigidez.

 

Características dos Fios Inabsorvíveis

1) Seda

  • Mantém tensão por aproximadamente 1 ano;
  • Reação com o tecido: Baixa;
  • Uso: Ligaduras vasculares e mucosa oral;
  • Características: Filamento proteico, fácil manuseio e fixação. Não deve ser utilizado na presença de infecção.

2) Algodão

  • De 6 meses a 2 anos, mantendo boa tensão;
  • Reação com o tecido: Baixa;
  • Uso: Ligaduras vasculares e mucosa oral;
  • Características: Filamento proteico, fácil manuseio e fixação. Não deve ser utilizado na presença de infecção.

3) Nylon

  • Degradação em 2 anos aproximadamente;
  • Reação com o tecido: Mínima;
  • Uso: Suturas dérmicas;
  • Características: Mono ou polifilamentar. Pode ser preto, verde ou branco.

4) Polipropileno (Prolene)

  • Mantém-se por tempo indefinido, mantém tensão por anos;
  • Reação com o tecido: Mínima;
  • Uso: Intradérmico, fáscia e microvascular;
  • Características: Monofilamentar. Pode ser utilizado em contaminação ou infecção. Incolor ou azul.


Tempo recomendado para retirada dos pontos

  • Couro Cabeludo: 7 dias;
  • Pálpebra e lábios: 3 a 4 dias;
  • Nariz e supercílio: 3 a 5 dias;
  • Orelha: 10-14 dias;
  • Tronco (face anterior): 8 a 10 dias;
  • Dorso e extremidades: 12 a 14 dias;
  • Mão, pé e sola: 10 a 14 dias.

Tipos de suturas

Sutura simples e chuleio

 

Sutura chuleio cruzado

Sutura intradérmico simples e contínua

Sutura colchoeiro simples e contínua

Sutura Donnati simples e contínua

Sutura de Lembert simples e contínua

Sutura de Cushing

Sutura com eversão

Sutura de Halsted

Sutura de Connel

Sutura em Bolsa de tabaco

 

Mensagem prática:

Um ponto fundamental é a codificação por cores, que orienta a identificação imediata do material e evita confusões durante o procedimento operatório. Esse cuidado contribui para o aumento da segurança do paciente e assegura que o cirurgião utilize o fio adequado para cada tecido.

 

*Este conteúdo foi atualizado em: 23/09/2025 pela equipe editorial do Portal Afya.

Autoria

Foto de Felipe Victer

Felipe Victer

Editor Médico de Cirurgia Geral da Afya ⦁  Residência em Cirugia Geral pelo Hospital Universitário Clementino fraga filho (UFRJ) ⦁ Felllow do American College of Surgeons ⦁ Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões ⦁ Membro da Sociedade Americana de Cirurgia Gastrointestinal e Endoscópica (Sages) ⦁ Ex-editor adjunto da Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (2016 a 2019) ⦁  Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Cirurgia