A cirurgia robótica vem cada vez mais ganhando espaço na prática cirúrgica. As vantagens desse procedimento, como maior ergonomia e destreza, permitem cirurgias mais precisas. Dentre as áreas cirúrgicas, a mais bem estabelecida na robótica é a urologia.
Dados mostram que 90% das prostatectomias são realizadas por cirurgia robô-assistida nos Estados Unidos. Em menor escala, as cirurgias robóticas do trato digestivo, hepatobiliares e ginecológicas também apresentam crescimento nas taxas de utilização.
Dado ao crescimento das cirurgias robóticas, estudos estão sendo realizados para avaliar a real eficácia desse procedimento comparado com cirurgias videolaparoscópicas e abertas. Nesse âmbito, um estudo inovador fez um levantamento de várias revisões sistemáticas com o objetivo de mapear as evidências dos resultados e nortear as decisões em relação às indicações da utilização da cirurgia assistida por robô.
Métodos
Um estudo inglês de 2024 realizou um levantamento de revisões literárias comparando resultados de cirurgias robóticas com cirurgias videolaparoscópicas e abertas, publicadas entre abril de 2017 a dezembro de 2023. Ao todo, foram analisados 165 artigos.
A maior parte das revisões foram na urologia (n=131), seguido pela colorretal (n=89), hepatobiliar (n=77), ginecologia (n=59) e trato gastrointestinal alto (n=50). Os resultados foram agrupados em cirúrgicos, pós-operatórios, oncológicos e longo prazo.
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Resultados
Na avaliação dos resultados cirúrgicos, Lai TJ et al. identificaram que a cirurgia robótica foi igual ou superior à cirurgia laparoscópica ou aberta na maioria das revisões em relação à perda sanguínea e tempo de internação. Em relação à taxa de conversão para cirurgia aberta, a cirurgia assistida por robô em comparação à laparoscopia apresentou resultados neutros ou positivos.
Por outro lado, quando analisado o tempo cirúrgico, os autores identificaram que a cirurgia por robô apresentou tempo cirúrgico igual ou maior em relação às cirurgias laparoscópicas e abertas.
Os resultados de pós-operatórios mostraram-se neutros quando comparado cirurgia robótica com cirurgia laparoscópica. Já em relação à cirurgia aberta, a robótica apresentou menores taxas de complicações na maioria das revisões avaliadas. A necessidade de readmissão hospitalar e reabordagem cirúrgica foi semelhante nas três modalidades cirúrgicas.
Na avaliação oncológica, em que foram analisados dissecção linfonodal e margens cirúrgicas, os resultados foram variados. Tanto nas cirurgias colorretais, ginecológicas e do trato gastrointestinal, os autores identificaram estudos que apresentavam resultados positivos da cirurgia robótica, mas também estudos que apresentaram resultados negativos.
Em relação aos resultados a longo prazo, Lai TJ et al. observaram que as taxas de sobrevida global e sobrevida livre de doença foram semelhantes na cirurgia robótica, laparoscópica e aberta.
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Considerações
O estudo realizado por Lai TJ et al. foi o primeiro considerando a sua amplitude. Nesse levantamento, foram analisadas várias áreas cirúrgicas com diversas revisões comparando os resultados da cirurgia robótica com videolaparoscópica e aberta. Os resultados, em grande parte, foram neutros, mas também houve variações entre positivos e negativos entre os diversos estudos.
Isso demonstra que a cirurgia robótica, em geral, não é inferior às outras modalidades, o que já um passo importante que justifica o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas robóticas.
A eficácia potencial dessa modalidade, devido à maior destreza, ergonomia e precisão dos movimentos são fatores favoráveis à ampliação do seu uso e ao desenvolvimento de estudos que mostrem a sua real eficácia.
À medida que os resultados da cirurgia robótica se mostram sólidos, incentivos ao aumento do seu uso podem ser realizados, gerando redução dos altos custos dessa modalidade e aumentando a sua realização.
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