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Cirurgia4 julho 2022

Cirurgias para varizes reduzem em quase 70% no Brasil

Por conta da pandemia, a queda nacional no volume de cirurgias para varizes chega a 69% nos últimos dois anos.

Por Úrsula Neves

Por conta da pandemia, a queda nacional no volume de cirurgias para varizes chega a 69% nos últimos dois anos, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

Especialistas esclarecem que o momento exige uma campanha de esclarecimento para estimular a volta dos pacientes aos consultórios e medidas para reforçar a infraestrutura de atendimento para acolher a demanda reprimida.

“Para uma grande parte da população as varizes são problemas menores, que não precisam de atenção. Trata-se de engano limitar essa percepção de que é uma preocupação meramente estética. Pelo contrário, sem o cuidado devido, varizes implicam em perda de qualidade de vida, sobretudo para as mulheres, onde são mais prevalentes, que podem sofrer com dores e desconforto, comprometendo sua rotina. Além disso, as varizes podem evoluir para situações graves e de difícil reversão, como as úlceras de estase, de difícil cicatrização”, ressaltou o presidente da SBACV, o médico Julio Peclat.

Leia também: Existe associação entre varizes e outras doenças vasculares mais graves?

Os riscos das doenças vasculares podem variar, dependendo do problema específico. Nas enfermidades arteriais, os pacientes correm riscos de acidente vascular cerebral (AVC), amputação, paraplegia, entre outros. Já nas doenças venosas, desde feridas de pele que não cicatrizam por varizes tanto o próprio óbito, no caso de uma eventual embolia pulmonar.

Apesar das enfermidades variadas, os fatores de risco são comuns: idade avançada, diabetes e colesterol altos, histórico familiar de doenças vasculares ou cardíacas, sedentarismo, obesidade, gravidez e tabagismo.

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Possíveis tratamentos para doenças vasculares

O tratamento de cada doença vascular depende de sua gravidade, mas em quase todas são indicadas mudanças no estilo de vida, como manter uma alimentação mais saudável, praticar exercícios físicos e parar de fumar.

“Podem ser necessários a prescrição de medicamentos para diminuir a taxa de colesterol e dissolver coágulos. Procedimentos não cirúrgicos, como angioplastia, colocação de stent e endopróteses, também podem ser usados. Já a cirurgia aberta pode ser utilizada em casos selecionados para tratar aneurismas, doença carotídea, isquemia de membros inferiores ou mesmo varizes de membros inferiores”, explicou o vice-presidente de Pesquisa e Inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, o médico e professor Nelson Wolosker, em entrevista ao Portal de Notícias da PEBMED.

Panorama atual da cirurgia vascular e endovascular no país

Os especialistas destacam que os avanços da especialidade foram imensos nos últimos 30 anos, quando novas tecnologias passaram a ser utilizadas, como as angioplastias e o uso de stents e endopróteses. Neste mesmo período, houve também desenvolvimento das técnicas convencionais.

Atualmente, os pacientes podem ser tratados de forma individualizada com as melhores alternativas terapêuticas para a sua doença vascular em particular.

Além de tratar pacientes com doenças vasculares, os cirurgiões vasculares e endovasculares são fundamentais para dar suporte complementar em todos os tipos de cirurgias, como as oncológicas. Isso porque em situações extremas, vasos importantes têm que ser removidos, sendo necessária a presença desses especialistas para a reconstrução do fluxo vascular.

Saiba mais: Veja as novas recomendações para abordagem e tratamento do sangramento por varizes gastroesofageanas

“Tratamos desde doenças menos graves em ambientes ambulatoriais, como as varizes, assim como problemas muito graves em ambientes que requerem suporte de terapia intensiva avançada. O nosso grande problema é a recorrente falta de investimento para o tratamento das enfermidades vasculares. Em locais com investimento financeiro potencialmente menor, os gestores são obrigados a escolher o tipo de investimento a fazer, gerando déficits nos materiais cirúrgicos e a impossibilidade de tratamento de um grupo de pacientes específicos. Desta forma, os profissionais são obrigados a oferecer tratamentos alternativos”, ressaltou o vice-presidente de Pesquisa e Inovação do Hospital Israelita Albert Einstein.

No entanto, o especialista acredita que as perspectivas em curto prazo são de desenvolvimento econômico no país e que possa ser realizado um maior investimento no tratamento dos doentes com problemas vasculares, diminuindo a morbidade e a mortalidade causadas por essas enfermidades.

“Em longo prazo, esperamos que os tratamentos moleculares possam oferecer um controle da maior parte das doenças, diminuindo o número de pacientes. No geral, já encontramos no Brasil uma boa estrutura e condições de trabalho para que o médico possa se dedicar e se aperfeiçoar para atender a população, com serviços de cirurgia vascular e endovascular bem estruturados e treinados. E os pacientes podem ser tratados em seus estados de origem, não havendo necessidade de remoção para outros estados. Entretanto, como a demanda costuma ser constante, pode ocorrer um acúmulo de doentes aguardando algum tipo de tratamento. Mas esperamos que esses déficits possam ser resolvidos o mais breve possível”, concluiu Nelson Wolosker.

Esse texto foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED.

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