Caso clínico: Dor testicular crônica
Paciente masculino, branco, 17 anos, hígido, atleta de tênis comparece ao consultório com história de sete meses de dor testicular esquerda, de intensidade leve/moderada, intermitente, sem irradiação, não observando fatores de melhora ou piora.
Relata ter passado por alguns urologistas além de ter realizado diversos exames (laboratoriais e de imagem) e encontra-se ansioso por não saber a causa da dor. Negou alergias, uso de medicações regulares, tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), trauma escrotal, litíase urinária.
Histórico de família de hipertensão arterial (pai) e Alzheimer (avó materna).
Exame físico (incluindo toque retal) dentro da normalidade.
Hipótese diagnóstica
Pelo relato de dor testicular intermitente por mais de três meses (início há 7 meses), ausência de outros comemorativos (ISTs, trauma escrotal, litíase urinária, torção testicular, hérnia inguinal, etc) e normalidade de exames de imagem, laboratório, assim como exame físico dentro da normalidade, ficamos com a hipótese diagnóstica de dor testicular crônica.
Dor testicular crônica é aquela que ocorre por período superior há três meses, de modo intermitente ou constante impactando de forma significativa a qualidade de vida do paciente. O diagnóstico etiológico, em grande parte das vezes (cerca de 25 a 50% dos casos), não é possível sendo classificado, então, como idiopático e gera muita ansiedade ao paciente além de gastos com procura à vários urologistas e realização de diversos exames complementares na tentativa de diagnóstico e tratamento específico.
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A orquialgia crônica representa 2,5 a 5% de todas as consultas urológicas nos Estados Unidos, atingindo 100.000 novos casos/ano. São muitas etiologias possíveis divididas em causas orgânicas, medicamentosas, psicogênicas e idiopática.
O diagnóstico envolve uma anamnese minuciosa, exame físico da genitália externa, abdome (incluindo avaliação das regiões inguinais), toque retal e realização de exames de imagem (à exemplo da ultrassonografia de bolsa escrotal com doppler colorido, próstata e vias urinárias) e laboratoriais (incluindo hemograma, urinocultura), entre outros.
O tratamento para pacientes portadores de orquialgia crônica baseia-se numa abordagem multidisciplinar com especialistas em tratamento da dor, psiquiatria, fisioterapeutas do assoalho pélvico, bem como cuidados primários e avaliação urológica. Esse tipo de abordagem, juntamente com terapia conservadora, deve ser tentado antes de recorrer a procedimentos cirúrgicos invasivos e irreversíveis.
Deve-se iniciar tratamento conservador (elevação escrotal, redução da ingestão de cafeína etc.), associado à terapia medicamentosa (AINE, analgésicos, até uso de antidepressivos tricíclicos). Pode-se, ainda, como último recurso do tratamento conservador proceder o bloqueio do cordão espermático.
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