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Cirurgia18 novembro 2024

Caso clínico: Dor testicular crônica

Paciente comparece ao consultório com dor testicular esquerda, de intensidade leve/moderada, intermitente, não observando fatores de melhora ou piora.  

Paciente masculino, branco, 17 anos, hígido, atleta de tênis comparece ao consultório com história de sete meses de dor testicular esquerda, de intensidade leve/moderada, intermitente, sem irradiação, não observando fatores de melhora ou piora.  

Relata ter passado por alguns urologistas além de ter realizado diversos exames (laboratoriais e de imagem) e encontra-se ansioso por não saber a causa da dor. Negou alergias, uso de medicações regulares, tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), trauma escrotal, litíase urinária.  

Histórico de família de hipertensão arterial (pai) e Alzheimer (avó materna).  

Exame físico (incluindo toque retal) dentro da normalidade. 

 

Hipótese diagnóstica 

Pelo relato de dor testicular intermitente por mais de três meses (início há 7 meses), ausência de outros comemorativos (ISTs, trauma escrotal, litíase urinária, torção testicular, hérnia inguinal, etc) e normalidade de exames de imagem, laboratório, assim como exame físico dentro da normalidade, ficamos com a hipótese diagnóstica de dor testicular crônica. 

Dor testicular crônica é aquela que ocorre por período superior há três meses, de modo intermitente ou constante impactando de forma significativa a qualidade de vida do paciente. O diagnóstico etiológico, em grande parte das vezes (cerca de 25 a 50% dos casos), não é possível sendo classificado, então, como idiopático e gera muita ansiedade ao paciente além de gastos com procura à vários urologistas e realização de diversos exames complementares na tentativa de diagnóstico e tratamento específico.  

Veja mais: Caso clínico: dor testicular na atenção primária – Portal Afya

A orquialgia crônica representa 2,5 a 5% de todas as consultas urológicas nos Estados Unidos, atingindo 100.000 novos casos/ano. São muitas etiologias possíveis divididas em causas orgânicas, medicamentosas, psicogênicas e idiopática. 

O diagnóstico envolve uma anamnese minuciosa, exame físico da genitália externa, abdome (incluindo avaliação das regiões inguinais), toque retal e realização de exames de imagem (à exemplo da ultrassonografia de bolsa escrotal com doppler colorido, próstata e vias urinárias) e laboratoriais (incluindo hemograma, urinocultura), entre outros. 

O tratamento para pacientes portadores de orquialgia crônica baseia-se numa abordagem multidisciplinar com especialistas em tratamento da dor, psiquiatria, fisioterapeutas do assoalho pélvico, bem como cuidados primários e avaliação urológica. Esse tipo de abordagem, juntamente com terapia conservadora, deve ser tentado antes de recorrer a procedimentos cirúrgicos invasivos e irreversíveis. 

Deve-se iniciar tratamento conservador (elevação escrotal, redução da ingestão de cafeína etc.), associado à terapia medicamentosa (AINE, analgésicos, até uso de antidepressivos tricíclicos). Pode-se, ainda, como último recurso do tratamento conservador proceder o bloqueio do cordão espermático. 

 

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