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Cirurgia8 outubro 2020

ACSCC 2020: Controvérsias atuais sobre diagnóstico e tratamento da apendicite

Um dos temas abordados no ACSCC 2020, no início dessa semana, trouxe ao debate um assuntos importantes sobre tratamento da apendicite.

Por Giovanna Areco

Um dos temas abordados no American College of Surgeons Clinical Congress (ACSCC 2020), no início dessa semana, trouxe ao debate um assunto que aflora o questionamento no tratamento padrão para apendicite: seria a apendicite realmente uma doença cirúrgica? Tratamentos apenas a base de antibióticos podem trazer uma solução confiável? Há a obrigatoriedade de exposição à radiação para diagnóstico? Em um painel extremamente interessante, os moderadores e palestrantes trouxeram os prós e contras a essas intervenções alternativas.

médico fazendo cirurgia de apendicite

Antibióticos ou intervenção cirúrgica em casos não complicados?

Em sua apresentação, a Dra. Sonlee West, após fazer uma revisão histórica da doença, ilustrou diferentes estudos randomizados comparativos entre grupos de tratamento com intervenção cirúrgica e grupos de tratamento apenas com antibióticos para apendicite aguda não complicada.

Os dados demonstraram que apesar de vantagens, como ser menos invasivo e facilitar o retorno do paciente ao seu cotidiano de maneira mais rápida, o tratamento apenas com antibióticos apresentou índices de recorrência ligeiramente elevados, variando de 12,5% a 37% nos primeiros 12 meses. Quando cumulativos em cinco anos, essa taxa pode chegar a 40%.

Apesar de a maioria dos pacientes com apendicite não complicada terem apresentado quadro de melhora somente com antibióticos, esses testes foram feitos apenas em grupos de controle e, como a própria professora salienta, o tratamento padrão ainda continua sendo a apendicectomia.

E no caso de ruptura da apendicite, o que fazer após a drenagem do abscesso?

Na sequência, o Dr. Mario A. Cerame discutiu sobre a utilização de apendicectomia de intervalo no caso de presença de abscessos no apêndice e sobre a necessidade de medicina baseada em evidências para prever casos de recorrência após tratamento bem-sucedidos ou através de imagem para aqueles casos que ainda se encontram em estágio inicial.

Outro ponto que fez parte da discussão foi o fato de que a malignidade deve ser descartada ao decidir por conduta conservadora. Para isso, a idade foi fator fundamental. Em pacientes acima de 45 anos, deve ser aventada a hipótese de câncer em uma apendicite. Portanto, a clínica, anamnese e exames devem ser individualizados na hora da decisão.

Ultrassom como alternativa para diagnóstico é viável?

O debate relativo a superexposição a radiação por exames como a tomografia computadorizada ou ressonância magnética, principalmente em crianças, como ferramentas de diagnóstico primário para apendicite foi o principal ponto levantado pela Dra. Norma T. Walks.

Em sua apresentação, a professora ponderou que o manuseio do ultrassom é relativamente fácil e, com o devido treinamento, pode ser direcionado para o diagnóstico de apendicite sem muita dificuldade. Outro ponto foi em relação a facilidade de acesso à ferramenta, uma vez que, mesmo em hospitais em regiões rurais ou com pouco recurso, o equipamento pode ser encontrado. Por último, a utilização do ultrassom abre espaço para que o próprio cirurgião possa realizar o exame a beira leito, o que reduziria custos e agilizaria o diagnóstico.

Conclusão

O debate em cima de alternativas à intervenção cirúrgica trouxe pontos interessantes, mostrando que, nos casos não complicados, a possibilidade de tratamento apenas com antibióticos pode ser factível. Entretanto, o cirurgião deverá informar ao paciente que a possibilidade de complicação futura pode chegar a 40% em até cinco anos.

A utilização de ressonância também se mostra como mais uma alternativa, porém, em casos mais complicados, torna-se secundário.

Veja mais do congresso:

Referência bibliográfica:

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