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Carreira12 março 2024

Vida pessoal e residência: como equilibrar essa balança? 

Neste artigo discutiremos os desafios enfrentados por residentes no manejo de suas responsabilidades profissionais e vidas pessoais
No período da residência médica, os dias parecem precisar ter mais de 24 horas para dar conta de todas as tarefas e compromissos. Rotinas pesadas; plantões; visitas nos finais de semana; entre outras atividades, geram uma grande demanda de tempo e energia.  No entanto, é inviável pensar em um dia com mais de 24 horas, até porque nas horas adicionais teriam grandes chances de adicionarmos mais atividades e manter a confusão.  Toda essa carga diária pode gerar um desbalanço entre a vida pessoal e profissional do jovem médico, algo que pode se estender para a vida futura após a especialização, com grandes riscos de afetar não só a vida familiar e social, mas também o desempenho médico.  Leia mais: Rotina de estudos da residência médica: desafios e oportunidades  O ponto chave é o equilíbrio, que embora não seja fácil, pode ser alcançado com determinação e perseverança. A seguir irei comentar alguns pontos de reflexão sobre esse assunto. 

Definição de prioridades 

Um ponto crucial nesse momento de tantas tarefas é saber priorizar cada uma, definindo prioridades e o real valor de importância entre elas.  Não diferenciar as demandas entre seus graus de importância e urgência, é uma grande causa de desequilíbrio no cotidiano, uma vez que pode ser perdido tempo em uma tarefa não urgente e deixada de lado uma demanda mais imediata.  Esse contexto cria um ciclo de agitação e tentativas de “dar conta de tudo”, porém com o custo alto de desorganizar as outras atividades, afetando aquele tempo livre reservado com os amigos ou o dia de corrida, que passa a ser usado para resolver uma demanda deixada de lado. 

Gestão do tempo 

Mesmo com a definição de prioridades, ter uma boa gestão do tempo é um fator crucial para o equilíbrio entre as atividades diárias. Essa gestão envolve não apenas delimitar faixas do dia para uma ou outra atividade, mas também para entender a proporção de tempo que é necessária para cada uma. Isso é alcançado com o entendimento das prioridades e a avaliação individual da importância de cada momento.  O processo objetivo de separar horários para as atividades da vida pessoal e profissional é um caminho viável, pois facilita a organização diária e a criação de limites, que só possuem sentido quando são respeitados e inseridos na realidade prática.  Além de facilitar o alcance de metas de atividade física, como programar as tardes de terças e quintas-feiras para praticar natação. Com isso, cria-se um hábito nesses dias, que será mais facilmente respeitado. Do mesmo modo, separar 30 minutos ao final de cada dia para checar e responder e-mails também cria esse mesmo senso de limites e habituação, facilitando a demanda organizada das atividades no cotidiano. 

Excesso de tarefas  

Além de definir prioridades e gerir o tempo, devemos estabelecer limites claros para a quantidade de coisas que podemos dar conta.  O excesso de tarefas e atividades pode prejudicar o desempenho global das atividades cotidianas, podendo gerar sobrecarga física e mental, com influência direta na vivência fora do âmbito profissional.     Não adianta realizar dezenas de atividades na residência, adicionar mais outra dezena de compromissos fora do perfil profissional, na ilusão de que pode ser algo viável para o dia a dia. Pelo contrário, apenas vai atrapalhar a harmonia das atividades "obrigatórias" com a consequente angústia de suprir todas as outras demandas.  Saiba mais: Como cuidar de quem cuida? -  A importância da saúde e do bem-estar do profissional da saúde como ferramenta crucial de apoio na vida e na carreira médica.  Vale mais a pena entender o que pode ser deixado para um segundo momento na jornada da formação, ou mesmo após ela, tendo uma boa percepção das ambições individuais e um senso crítico apurado da capacidade de lidar com os afazeres diversos. 

Valorizar cada momento 

Um ponto que não pode ser esquecido é a reflexão sobre a vivência plena de cada momento. De nada adianta estar no ambulatório e pensar na viagem do final de semana, ou passar a viagem pensando no que vai fazer com os pacientes da próxima agenda.  É necessário se situar plenamente no momento presente, seja em uma tarefa no trabalho ou momento de lazer familiar, perder essa noção é um facilitador de processos ansiosos, maior desatenção e uma grande chance de não aproveitar os momentos únicos que fazem parte do cotidiano.  Devemos fugir do pensamento de querer produzir algo em todo momento, que costuma vir acompanhado pelo sentimento de culpa de não ter estudado mais um assunto ou checado o último artigo comentado em aula, por exemplo. A percepção de produtividade não deve ser distorcida pelo anseio desordenado de fazer mais coisas, e sim ser guiada pela gestão adequada das tarefas necessárias, pautadas nas prioridades individuais. 

Mensagens finais 

Equilibrar as diferentes esferas da vida não é algo tão fácil, sendo motivo de reflexões e ideias para diversos autores e filósofos.  É um processo que pode durar toda a vida, pautado na perseverança e constância de atitudes que desenvolvam bons hábitos e senso crítico.   Saber gerir o tempo e definir prioridades são pontos iniciais, que auxiliam outros diversos pontos, passando pela vivência plena de cada momento de vida.   Compreender esse assunto e colocá-lo em prática é fundamental para uma melhor vivência tanto da residência médica, quanto da vida pessoal fora do hospital. Isso facilita a criação e reforço de vínculos familiares e sociais, satisfação pessoal e profissional, refletindo em toda a carreira médica.  Leia ainda: Quantos títulos mais eu preciso? - A importância de rever o acúmulo excessivo de horas de trabalho, funções e títulos para a prática profissional 
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