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Carreira27 novembro 2025

Principais avanços tecnológicos na Medicina em 2025 e perspectivas para 2026

A medicina está em uma transformação acelerada, impulsionada por IA, terapias gênicas, robótica, realidade aumentada e políticas de inovação
Por Ester Ribeiro

A medicina está em uma fase de transformação acelerada, impulsionada por inteligência artificial, terapias gênicas, robótica, realidade aumentada, wearables e por políticas de inovação — inclusive no Brasil.

A seguir, um panorama organizado das áreas que mais evoluíram em 2025 e o que esperar para 2026.

Inteligência artificial na Medicina

A IA continua expandindo sua presença na prática clínica. Em 2024, já havia mais de mil dispositivos médicos com IA autorizados pelo FDA, sobretudo em diagnóstico por imagem, embora nenhum ainda utilizasse LLMs generativos.

Os LLMs generativos são programas de computador avançados que conseguem entender e produzir textos de forma natural, como em uma conversa. Eles aprendem a partir de uma grande quantidade de informações e, por isso, conseguem responder perguntas, resumir conteúdos, criar textos e explicar assuntos de vários temas. É como um assistente digital capaz de gerar respostas novas a cada interação.

Mesmo assim, o uso de modelos generativos entre médicos cresce: 63% já recorrem a ferramentas como ChatGPT para elaborar relatórios e apoiar pesquisas. No Brasil, 17% dos médicos utilizavam IA em 2024, especialmente no setor privado.

Essas tecnologias hoje atuam principalmente em análise de imagem, automação de fluxos, organização de dados e apoio à decisão clínica. Nacionalmente, o Plano Brasileiro de IA 2024–2028 destina R$ 23 bilhões para pesquisa, prevendo um supercomputador de alta performance e um Instituto Nacional de IA.

Para 2026, espera-se avanços em sistemas de triagem com deep learning, em ferramentas de interpretação automatizada de exames, e na integração da IA com prontuários eletrônicos, sempre acompanhados de evolução regulatória.

Leia mais: Como a Inteligência Artificial potencializa a medicina baseada em evidências

Terapias gênicas e celulares

A área de terapias avançadas viveu um marco histórico. O FDA aprovou, em dezembro de 2023, Casgevy (CRISPR/Cas9) e Lyfgenia (vetor lentiviral), as primeiras terapias gênicas para anemia falciforme — a estreia da edição de genes em uso clínico. Os resultados são impressionantes: em ensaios com Casgevy, 29 de 31 pacientes ficaram livres de crises vaso-oclusivas por 12 meses.

No Brasil, a ANVISA aprovou em 2024 o Roctavian®, terapia gênica para hemofilia A grave, já liberada também pelo FDA e EMA. Estudos de fase 3 demonstram redução significativa de sangramentos e da necessidade de fator VIII após uma única infusão.

Esses avanços pavimentam o caminho para a expansão da edição genética em doenças raras, como beta-talassemia, e em novos alvos oncológicos. Para 2026, são esperados resultados de ensaios com terapias gênicas baseadas em CRISPR para outras desordens hereditárias.

Leia também: Terapias digitais de saúde mental no metaverso

Robótica médica

A robótica vive um ciclo de miniaturização e precisão. Em fevereiro de 2024, o FDA autorizou o MIRA™, primeiro robô miniaturizado para cirurgia assistida — um equipamento de cerca de 1 kg, desenhado para procedimentos de colectomia. Seu formato compacto promete democratizar a cirurgia robótica em centros menores.

Outro destaque é o Symani Surgical System, aprovado em 2024 para microcirurgia reconstrutiva. Seus braços com sete graus de liberdade eliminam tremores naturais e aumentam o alcance em estruturas delicadas, como vasos extremamente finos.

Além das aplicações cirúrgicas, exoesqueletos robóticos continuam a evoluir em reabilitação pós-AVC e mobilidade. Até 2026, a tendência é de maior integração entre robótica, IA e navegação aumentada, com mais precisão, segurança e padronização técnica.

 

Realidade aumentada (AR) e virtual (VR)

A AR e a VR já ultrapassaram o status de tecnologias experimentais. Na prática cirúrgica, headsets de AR projetam imagens médicas sobre o campo operatório, auxiliando na navegação e no planejamento 3D em tempo real.

Em reabilitação e saúde mental, ambientes de VR têm sido utilizados para terapia de exposição em Transtorno de Estresse Pós-Traumático e para recuperação motora pós-AVC, com melhora funcional documentada.

O FDA estimula a inovação nesse segmento, que já conta com simuladores e sistemas clínicos aprovados. Para 2026, espera-se maior uso de AR/VR em ensino médico, cirurgias complexas e até em formas mais imersivas de teleatendimento.

 

Wearables e monitoramento remoto

Os dispositivos vestíveis alcançaram novos patamares em 2024–2025. O FDA aprovou o Dexcom Stelo, primeiro CGM (Continuous Glucose Monitor) de venda livre (sem prescrição), ampliando o acesso ao monitoramento contínuo da glicose. Em 2025, liberou o Dexcom G7 15-Day, primeiro sensor com duração estendida de 15 dias.

Ao mesmo tempo, a FDA reiterou que nenhum smartwatch ou smart ring de consumo tem autorização para medir glicose sem lancetas. Ainda assim, dispositivos como Apple Watch e sensores da AliveCor continuam avançando na detecção precoce de arritmias, com ECG, SpO₂ e análises de ritmo em tempo real.

O cenário para 2026 é de maior integração com prontuários eletrônicos, alertas automatizados e telemonitoramento crônico, especialmente com sensores adesivos e coletes inteligentes.

 

Outras tecnologias relevantes

A digitalização da medicina também avança por outros caminhos:

  • Telemedicina: no Brasil, a Telessaúde foi regulamentada em 2022. Em 2024, mais de 323 municípios já contavam com UBS Digital, permitindo teleconsultas e telediagnósticos. A tendência é que plataformas integradas a IA ampliem triagem, orientação e acesso em regiões rurais.
  • Impressão 3D: em 2024, o FDA aprovou o primeiro implante craniano em PEEK impresso em 3D, permitindo próteses mais leves, personalizadas e de menor custo. Novos implantes ortopédicos e avanços de bioimpressão devem surgir até 2026.
  • Nanotecnologia: nanodispositivos para liberação controlada de fármacos e diagnósticos moleculares permanecem em fase pré-clínica, mas devem ganhar força em ensaios clínicos nos próximos anos.

Inovações e perspectivas no Brasil

O ambiente nacional também mostra avanços importantes:

  • O Plano Brasileiro de IA destina R$ 23 bilhões para P&D, incluindo infraestrutura computacional de ponta.
  • A telemedicina se consolidou como política pública, com expansão de UBS digitalizadas.
  • O uso profissional de IA já alcança 17% dos médicos brasileiros.
  • A ANVISA tem acelerado avaliações de terapias gênicas, robótica e dispositivos digitais.

Essas iniciativas devem ampliar a digitalização tanto no SUS quanto na saúde suplementar, acompanhando a evolução internacional e preparando o país para práticas mais baseadas em dados até 2026.

Autoria

Foto de Ester Ribeiro

Ester Ribeiro

Graduada em Medicina pela PUC  de Campinas. Médica Nefrologista pelo Hospital Santa Marcelina de Itaquera. Título em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

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