Ao finalizar a faculdade de Medicina e ser aprovado na residência de ortopedia, é muito comum aparecerem nos dois primeiros meses do ano questionamentos dos aprovados sobre o que deveriam saber antes de iniciar a especialização em março.
Muitos alunos acabam tendo algum contato com a especialidade em plantões durante a graduação, embora outros tenham apenas uma pequena bagagem teórica sobre o assunto. Mas o fato é que em ambos os casos devem estar preparados para iniciar um aprendizado do zero.
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Hospital público e privado
Falando especificamente sobre Rio de Janeiro, contudo podendo expandir para outras cidades e capitais, os plantões de ortopedia em hospitais públicos para os internos acabam servindo muitas das vezes mais para entender como se “toca ficha” e resolver problemas do que para um correto aprendizado da técnica e conduta correta para cada patologia.
Além disso, a falta de material adequado para as cirurgias também dificulta que sejam tomadas as melhores decisões e que o acadêmico aprenda uma medicina de qualidade. É comum que esse tipo de residente chegue com “vícios” difíceis de abandonar.
Há diversos tipos de residências se formos olhar Brasil afora e o objetivo deve ser entrar em uma que te dê um suporte tanto teórico (ler o livro) quanto prático (pronto-atendimento, ambulatórios e cirurgias) da especialidade. Uma vez aprovado, minha recomendação é que o futuro residente descanse janeiro e fevereiro, pois em março entrará num mundo novo onde serão testados seus limites de aprendizado teórico em tempo recorde, além da exigência de trabalho exaustivo.
Orientações para o início da RM
Nos primeiros meses de residência, antes de se pensar em operar ou ter algum tipo de protagonismo no centro cirúrgico, o residente deve ter duas leituras diárias obrigatórias para evoluir. Uma é o Atlas de Anatomia Ortopédica, como o “Netter”, já que as aulas de anatomia na graduação são nos primeiros períodos e o R1 acaba sempre chegando defasado nesse quesito. Não há como ter um bom entendimento das patologias ortopédicas ou querer ser um bom cirurgião sem saber anatomia de cor.
A segunda obrigação teórica dos residentes de ortopedia deve ser entender os princípios de consolidação, fixação de fraturas e cuidados com partes moles. O Manual AO é mundialmente reconhecido e deve ser estudado a fundo nos primeiros meses de residência. São esses conceitos que dão respostas ao bom cirurgião ortopédico às perguntas que surgem no tratamento de cada uma das fraturas: Placa ou haste? Que tipo de placa? Qual o melhor posicionamento da placa? Quantos parafusos? Qual a melhor disposição para esses parafusos?
Sedimentados os conceitos básicos, é importante evoluir para os conceitos teóricos das patologias e fraturas mais comuns da ortopedia (como tornozelo, rádio distal, fêmur proximal, etc), ao mesmo tempo em que a vivência no centro cirúrgico assistindo os mais experientes operarem permite que os residentes mais novos iniciem a sua prática cirúrgica.
A partir daí, o aprendizado segue constante para cada uma das subespecialidades de acordo com o momento vivido na Residência.
Conclusão
Como resumo, antes de iniciar a residência de ortopedia não é obrigatório que o residente entre sabendo nada de específico. Entretanto, é importante para uma boa formação que esteja preparado e disposto nesse início a aprender e assimilar um mundo de novas informações e conceitos que moldarão o embasamento técnico do futuro profissional.
Embora a carga de trabalho no primeiro ano da residência de ortopedia seja enorme, esse é o momento também de adquirir as bases do conhecimento da especialidade.
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