A Medicina Intensiva é uma das áreas mais desafiadoras da medicina moderna, o seu foco em pacientes críticos, com diagnósticos delicados e necessitando de atenção e cuidados constantes, faz com que o especialista em medicina intensiva seja uma peça-chave para o funcionamento de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
O médico especialista em Medicina Intensiva possui uma carga de trabalho pesada e, considerando o ambiente de atendimento e seus pacientes, estressante. Ainda assim, dados da Demografia Médica no Brasil – 2025 apontam que a residência na área teve o maior crescimento proporcional entre todas as outras especialidades de acesso direito, de 178 vagas em 2018 passou para 610 vagas em 2024, com um salto acentuado nos anos pós pandemia de covid-19.
O mesmo levantamento apontou que existem 10.412 médicos com título em Medicina Intensiva no Brasil, estando a maioria concentrada na região Sudeste, e São Paulo (3.154) sendo o estado com maior número de médicos dessa especialidade. A concentração média de médico intensivista no Brasil é de 4,90 por 100.000 habitantes, a idade média dos médicos dessa área é de 60,9 anos, sendo 52,1% homens e quase 60% concentrados nas capitais.
Vale notar também que, apesar da residência garantir o título na especialidade, 33,0% dos especialistas possuem credenciação tanto através da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) quanto pela Associação Médica Brasileira (AMB), através da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
Leia mais: Residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMGFC): guia completo
Residência em Medicina Intensiva
Anteriormente, os Programas de Residência Médica (RM) em Medicina Intensiva exigiam pré-requisito, isso se reflete na maioria dos especialistas da área possuindo uma segunda especialidade, principalmente em clínica médica, pediatria e cardiologia. Contudo, desde a publicação da Resolução nº 5, de 17 de junho de 2021, que define a matriz de competência dos programas de RM em Medicina Intensiva, os programas passaram a ser de acesso direto e com duração de 3 anos.
Durante o programa de residência o médico será avaliado com base no descrito na matriz de competência, conjuntos de habilidades que deverão ser desenvolvidas na prática dentro de serviços de clínica médica (clínica médica, cardiologia, pneumologia, nefrologia, neurologia e infectologia), em emergências (clínica, cirúrgica, cardiológica, obstétrica), anestesiologia e cirurgia.
Veja: Residência em Pediatria: guia completo da especialização
O que médico intensivista precisa dominar a cada ano de residência:
R1
- Anamnese, atendimento do paciente clínico e/ou em pós-operatório com as doenças médicas mais prevalentes (cardíacas, respiratórias, neurológicas, gastroenterológicas, nefrológicas, hematológicas, metabólicas e outras).
- Manter o bom relacionamento com pacientes e familiares, respeitando as decisões sobre o cuidado e tratamento, demonstrando respeito pela cultura e crença religiosa, além de atenção ao seu impacto na tomada de decisão, respeitando a privacidade, dignidade, confidencialidade e restrições legais.
- Atendimento dos pacientes sob efeito anestésico, dominando a intubação traqueal e manejo de via aérea difícil, acesso venoso periférico e central, acesso arterial, passagem de sondas gastrointestinais, cateterização urinária, punção lombar, paracentese, toracocentese de alívio, cricostomia, traqueostomia, drenagem de tórax, desfibrilação e cardioversão, instalação de marca-passo cardíaco (transvenoso ou transtorácico), pericardiocentese, aferição de débito cardíaco e variáveis hemodinâmicas e outros procedimentos frequentes na Medicina Intensiva.
- Conseguir aplicar o uso do ultrassom para diagnóstico e intervenções emergenciais. Dominando a estabilização vital das situações de emergência mais prevalentes e importantes.
R2
- Avaliação, investigação, monitoramento e interpretação de dados dos pacientes obtendo história e realizando exame clínico, realizando investigações, monitorando e interpretando as variáveis fisiológicas. Além dos procedimentos de ressuscitação e controle inicial do paciente agudamente enfermo.
- Manejo das principais doenças críticas do paciente gravemente enfermo com condições clínicas agudas, identificando as implicações de doença crônica e de doenças concomitantes.
- Cuidados perioperatórios do paciente de alto risco. Dominando a administração de analgesia por cateter epidural, a avaliação, prevenção e tratamento da dor e delirium, além da sedação e o bloqueio neuromuscular.
- Transporte do paciente gravemente enfermo mecanicamente ventilado e/ou com suporte hemodinâmico.
R3
- Prescrição de drogas e de terapias específicas em pacientes gravemente enfermos, incluindo antimicrobianos, sangue e hemocomponentes, líquidos e drogas vasoativas ou inotrópicas, dispositivos mecânicos de assistência à circulação, suporte ventilatório invasivo e não invasivo, terapia de substituição renal, controle de distúrbios eletrolíticos, glicose e acidobásicos e outros.
- Avaliar riscos ambientais e promover a segurança do paciente e da equipe, identificando e minimizando riscos de incidentes críticos e eventos adversos, incluindo as complicações da doença crítica.
- Aplicar os cuidados paliativos do paciente gravemente enfermo.
Leia ainda: Residência médica IAMSPE: guia completo do processo seletivo
Instituições de Saúde com Programas de Residência em Medicina Intensiva
Com dezenas de centros formadores espalhados pelo país, é preciso que o candidato pesquise bem sobre a estrutura da instituição de saúde que oferece o programa de residência médica em medicina intensiva. Cada instituição e programa terão suas particularidades que se melhor se adequarão às necessidades do residente.
Assim, é uma tarefa complicada afirmar qual seria o melhor Programa de Residência em Medicina Intensiva. Contudo, alguns programas se destacam tanto pela alta procura com altas relações candidato/vagas, quanto pela estrutura que oferecem dentro de instituições reconhecidas e renomadas na área médica, como:
- Hospital Sírio-Libanês
- Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo
- Hospital das Clínicas da UFMG
A Afya está sempre atenta às novidades do universo da residência médica, trazendo conteúdos atualizados e dicas valiosas para ajudar você nessa jornada. Para não perder nenhuma atualização sobre editais, provas e oportunidades, acompanhe a seção Carreira do nosso site e fique por dentro de tudo!
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.