A escolha da especialidade por parte do médico envolve inúmeros fatores, do sonho à aptidão profissional, passando por oportunidades de momento e decisões que melhor atendam as necessidades do médico recém-formado.
Uma das questões que podem influenciar a decisão do médico é a situação de mercado da especialização e a oferta de médicos da especialidade escolhida no país ou região. Nesse sentido, para auxiliar os recém-formados nessa escolha, o Portal Afya traz uma lista das especialidades médicas e programas de residência menos procurados.

Panorama da residência médica
Estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) sobre o perfil da oferta, evolução e distribuição da Residência Médica no Brasil, apontou que o país possuía, em 2024, 47.718 médicos residentes.
Desses médicos, mais da metade estavam concentrados na região Sudeste, com um terço só no estado de São Paulo. Isso não é uma surpresa, considerando que a região também concentra o maior número de programas de residência do país.
Contudo, os dados entre 2018 e 2024 apontam um crescimento substancial em outra regiões principalmente no Nordeste, que teve um salto de 33,4% na oferta de vagas de R1 e no Centro-Oeste, com um aumento de 30%.
De acordo com o estudo, essa taxa de crescimento demonstra uma descentralização de vagas e programas. Mesmo a região Norte, com o menor índice de tanto de residentes quanto de programas de residência, apresentou um crescimento maior que o da região Sudeste, puxado principalmente pelos estados do Acre, Tocantins e Pará.
Essa é a situação geral das regiões, mas quais as especialidades menos visadas pelos estudantes?
Especialidades com menos especialistas
Primeiro, dados da Demografia Médica 2025 mostram que, entre as especialidades mais procuradas são Cirurgia Geral, Clínica Médica, Anestesiologia, Psiquiatria, Medicina de Família e Comunidade e Medicina Intensiva. Vale destacar que Psiquiatria e Medicina Intensiva possuem o menor índice de médico residente por 100.000 habitantes (0,83 e 0,75, respectivamente).
Em comparação com a média mundial, o Brasil possui poucos especialistas, apenas 59,1% dos médicos registrados em 2024 possuíam uma das 55 especializações reconhecidas. Enquanto a área de Clínica Médica possui 59.038 especialistas registrados, a área de Genética Médica não chega a 400 profissionais, mesmo tendo 27 vagas em Programas de Residência pelo país, mesmo número de vagas da área de Medicina do Trabalho, que por sua vez possui 17.714 médicos registrados como especialistas.
Essa relação entre número de especialistas e vagas de residência nem sempre é direta, pois a oferta de vagas em Programas de Residência muda ao longo dos anos de acordo com a necessidades socioeconômicas e evolução do próprio campo.
Considerando o último levantamento, essas são as especialidades com menor número de especialistas no Brasil:
- Medicina Preventiva e Social – 1.637
- Cirurgia Pediátrica – 1.634
- Nutrologia – 1.578
- Cirurgia Cardiovascular – 1.453
- Cirurgia Torácica – 1.172
- Cirurgia de Cabeça e Pescoço – 1.171
- Cirurgia da Mão – 1.140
- Angiologia – 1.106
- Medicina Esportiva – 1.087
- Medicina de Emergência – 917
- Radioterapia – 849
- Medicina Nuclear – 800
- Medicina Física e Reabilitação – 792
- Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – 423
- Genética Médica – 376
Poucas vagas
O número pequeno de vagas em Programas de Residência não significa necessariamente que as vagas terão pouca procura, contudo considerando apenas a quantidade de vagas ofertadas em Programas de Residência pelo país, essa seria a lista:
- Angiologia – 1 vaga
- Medicina do Tráfego – 4 vagas
- Patologia Clínica/Medicina Laboratorial – 5 vagas
- Homeopatia – 5 vagas
- Medicina Legal e Perícia Médica – 7 vagas
- Acupuntura – 9 vagas
- Alergia e Imunologia – 12 vagas
- Nutrologia – 11 vagas
- Medicina Preventiva e Social – 14 vagas
- Medicina Nuclear – 17 vagas
Um número pequeno de vagas em Programas de Residência também não se traduz necessariamente em um número pequeno de especialistas, pois o acesso ao Título de Especialista pode ocorrer pela realização direta da prova ou outro tipo de comprovação de experiência.
Menor concorrência
Embora, logicamente, quando se pensa em Programas de Residência com menor concorrência aqueles com pré-requisito veem a mente primeiro, contudo, essa concorrência mais restrita é inerente aos requisitos dos programas e tende a variar com os anos.
Alguns programas de acesso direito se destacam constantemente pela concorrência baixa por sempre apresentarem um menor número de interessados.
Como os números podem variar ano a ano e de instituição para instituição, escolhemos listar somente algumas das residências de acesso direito com menor relação candidato vaga nos últimos anos:
- Angiologia (UERJ)
- Medicina de Família e Comunidade (ENARE)
- Radioterapia (ENARE)
- Medicina Preventiva e Social (ENARE)
- Medicina Nuclear (SUS-SP)
- Radioterapia (SUS-SP)
- Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (USP-SP)
- Radioterapia (USP-SP)
- Medicina de Família e Comunidade (PSU-MG)
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Autoria

Redação Afya
Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.
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