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Carreira1 novembro 2025

Escala de Coma de Glasgow: guia prático para todos os profissionais de saúde

Entenda a Escala de Glasgow, ferramenta mundialmente adotada para classificar o nível de consciência em traumas neurológicos
Por Redação Afya

Criada em 1974 pelos neurocirurgiões Graham Teasdale e Bryan Jennett, na Universidade de Glasgow (Escócia), a Escala de Coma Glasgow (GCS, em inglês) se tornou uma das ferramentas mais importantes na avaliação do coma e no acompanhamento de pacientes com Traumatismo Cranioencefálico (TCE) e outras condições neurológicas.

Desde então, a Escala de Coma Glasgow é mundialmente utilizada em serviços de emergência, UTIs, neurologia e trauma, por oferecer uma avaliação neurológica rápida, padronizada e confiável do nível de consciência.

Para um conteúdo mais aprofundado sobre manejo de TCE, acesse: Comin 2025 – Traumatismo Cranioencefálico.

Nos tópicos a seguir, você vai entender o que é a Escala de Glasgow, como ela é estruturada (resposta ocular, verbal e motora), seus critérios de pontuação e a interpretação dos resultados. Também apresentamos uma tabela prática.

 

O que é a Escala de Glasgow?

 A GCS é uma escala neurológica desenvolvida para mensurar o nível de consciência de um paciente por meio da resposta ocular, verbal e motora a estímulos. Ela fornece uma pontuação total que varia de 3 a 15 pontos, sendo 3 o nível mais grave (coma profundo) e 15 o nível mais alto (paciente plenamente consciente).

Essa padronização permite a classificação rápida da gravidade do quadro neurológico e auxilia nas decisões clínicas, especialmente em situações de emergência.

 

Escala de Glasgow original

A versão original da escala foi criada para avaliar pacientes com traumatismo craniano internados em unidades de neurocirurgia. Os autores buscavam uma forma objetiva, reprodutível e universal de descrever o nível de consciência sem depender de interpretações subjetivas.

A estrutura da escala original permanece amplamente usada, com pequenas adaptações conforme novas evidências e protocolos internacionais.

 

Escala de Glasgow atualizada

Com o passar dos anos, a Escala de Glasgow passou por revisões para aprimorar sua aplicabilidade clínica. As atualizações mais recentes, reconhecidas na 10ª edição do Advanced Trauma Life Support (ATLS 10), reforçam a importância da avaliação da reatividade pupilar, que complementa o escore tradicional e amplia a precisão diagnóstica.

 A principal inovação foi a incorporação da reatividade pupilar (GCS-P), que melhora a correlação entre pontuação e prognóstico neurológico.

 

Saiba mais: Escala de Coma de Glasgow: o que mudou e pode revolucionar a avaliação de TCE

 

 Elementos da Escala

A escala neurológica avalia a melhor resposta apresentada pelo paciente em três categorias distintas, acrescida da avaliação pupilar na versão mais recente. A pontuação Escala Glasgow em cada categoria é somada para obter o escore total.

 

Abertura ocular

Avalia o estímulo necessário para que o paciente abra os olhos, indicando a função do tronco cerebral e a ativação cortical. A pontuação varia de 1 a 4.

 

Resposta verbal

Mede a capacidade do paciente de interagir de forma coerente e orientada através da fala, refletindo a função cognitiva superior. A pontuação varia de 1 a 5.

 

Resposta motora

Considerada o componente mais relevante, avalia a melhor resposta motora a um comando ou a um estímulo doloroso, indicando a integridade das vias motoras. A pontuação varia de 1 a 6.

 

Avaliação da reatividade pupilar

Na GCS-P (atualizada), este critério é fundamental. A presença ou ausência de reflexo fotomotor em ambas as pupilas, bem como o tamanho pupilar, são observados. O resultado é subtraído do escore total dos três componentes principais.

Abaixo, apresentamos a tabela completa dos critérios, classificações e pontuações:

 

CRITÉRIOCLASSIFICAÇÃOPONTUAÇÃO
Abertura ocular (O)OCULAR
Olhos abertos previamente à estimulaçãoEspontânea4
Abertura ocular após ordem em tom de voz normal ou em voz altaAo estímulo verbal3
Abertura ocular após estimulação da extremidade dos dedosÀ pressão2
Ausência persistente de abertura ocular, sem fatores de interferênciaNenhum1
Olhos fechados devido a fator localNão testávelNT
Resposta verbal (V)VERBAL
Resposta adequada relativamente ao nome, local e dataOrientado5
Resposta não orientada, mas comunicação coerenteConfuso4
Palavras isoladas inteligíveisPalavras3
Apenas gemidosSons2
Ausência de resposta audível, sem fatores de interferênciaNenhuma1
Fator que interfere com a comunicaçãoNão testávelNT
Resposta motora (M)MOTORA
Cumprimento de ordens com 2 açõesObedece a comandos6
Elevação da mão acima do nível da clavícula ao estímulo na cabeça ou pescoçoLocalizando5
Flexão rápida do membro superior ao nível do cotovelo, padrão não anormalFlexão normal4
Flexão do membro superior do nível do cotovelo, padrão predominante anormalFlexão anormal3
Extensão do membro superior ao nível do cotoveloExtensão2
Ausência de movimentos dos membros superiores/inferioresNenhuma1
Fator que limita resposta motoraNão testávelNT

Pontuação GCS = (O [4] + V [5] + M [6]). * Se uma área não puder ser avaliada, nenhuma pontuação numérica será dada àquela região e será considerada “não testável”.

 

Pontuação e grau de lesão na Escala de Glasgow

A pontuação final é obtida pela soma das pontuações dos três componentes (O+V+M). Na versão atualizada, a fórmula é:

GCS – P = O + V + M – P

Onde P é a pontuação da reatividade pupilar (0, -1 ou -2). Sendo -2 para pupilas não reagentes, -1 para pupila reagente unilateralmente e 0 para pupilas reagentes bilateralmente.

A classificação do grau de lesão neurológica mais comum, especialmente para TCE, é feita da seguinte forma:

  •  TCE Leve: GCS maior ou igual a 13
  • TCE Moderado: GCS entre 9 e 12
  • TCE Grave: GCS menor ou igual a 8

 

A pontuação total define a gravidade da lesão neurológica. Um escore menor que 8 indica coma grave e necessidade de monitoramento intensivo.

A menor pontuação possível na GSC é 3 (1+1+1), indicando o pior prognóstico e coma Glasgow profundo. A pontuação máxima é 15 (5+5+6). Já na GSC-P a pontuação varia de 1 a 15.

A versão com reatividade pupilar (GCS-P) ajusta o resultado final, oferecendo um retrato mais fiel da condição neurológica do paciente.

Além disso, a escala deve ser reaplicada periodicamente, pois variações na pontuação refletem mudanças no estado neurológico.

 

Qual a importância da aplicação da Escala de Coma de Glasgow?

 

A aplicação da escala é vital para a prática clínica, oferecendo uma linguagem universal na neurologia de emergência e terapia intensiva.

 

  • Triagem de trauma: permite uma rápida classificação da gravidade da lesão, fundamental para a triagem e o direcionamento de recursos em cenários de trauma.
  • Monitoramento: a repetição da avaliação do coma em intervalos regulares é essencial. Uma queda na pontuação Escala Glasgow neurologia pode indicar deterioração neurológica e a necessidade de intervenção imediata, como a intubação orotraqueal em casos de GCS menor ou igual a 8.
  • Apoio em decisões clínicas: o escore é um dos critérios utilizados em protocolos clínicos para justificar a necessidade de neuroimagem (tomografia computadorizada) e cirurgia.
  •  Comunicação: garante que toda a equipe médica, de diferentes níveis e especialidades, interprete o estado de consciência do paciente da mesma forma, eliminando subjetividades.

 

Portanto, você que chegou até aqui nota que a Escala de Coma de Glasgow é mais do que um instrumento de pontuação; é uma ferramenta que orienta decisões, salva vidas e aprimora a comunicação entre equipes médicas. Dominar sua estrutura, pontuação e interpretação é essencial para qualquer profissional de saúde, especialmente aqueles que atuam em neurologia e atendimento de emergência.

 Saber aplicar corretamente a escala neurológica de Glasgow permite identificar rapidamente o grau de consciência, priorizar cuidados e oferecer suporte clínico adequado, sempre com foco na segurança e recuperação do paciente.

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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