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Carreira23 dezembro 2024

Equilíbrio entre vida profissional e pessoal no fim de ano de médicos obstetras

A obstetrícia é a única especialidade médica em que o evento central, o parto, é inevitável, mas seu momento exato é imprevisível

A Obstetrícia é uma especialidade essencial na área da saúde, voltada ao cuidado integral da gestante e do feto durante a gravidez, parto e pós-parto. No Brasil, desempenha um papel crucial na promoção da saúde materna e neonatal, enfrentando desafios significativos e buscando constante evolução.

Segundo a Demografia Médica no Brasil 2023, desenvolvida pela USP e pela AMB, existem 37.327 ginecologistas e obstetras no país, representando 7,5% das especialidades médicas e ocupando a 4ª posição entre as mais escolhidas. Predominantemente feminina, a especialidade conta com 60,9% de mulheres entre os profissionais.

A idade média desses especialistas é de 50,7 anos, com uma significativa parcela (40,7%) acima dos 55 anos e apenas 18% com menos de 35 anos. A distribuição geográfica revela disparidades: São Paulo lidera com 10.537 profissionais, enquanto estados como Acre e Amapá têm apenas 75 médicos especializados. No âmbito de atuação, o Panorama Financeiro do Médico 2022 aponta que 80% trabalham na iniciativa privada e 70,7% na pública, com os locais mais frequentes sendo salas de parto (68%), consultórios particulares (63,3%) e ambulatórios públicos (44%), evidenciando a diversidade e relevância da prática obstétrica no país.

Com a chegada das festas de fim de ano e férias, os profissionais de saúde, incluindo os ginecologistas e obstetras, precisam se organizar para manter o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

 

Ácido tranexâmico para prevenir hemorragia obstétrica após parto cesáreo

Disponibilidade obstétrica

A obstetrícia é a única especialidade médica em que o evento central, o parto, é inevitável, mas seu momento exato é imprevisível. No Brasil, a medicina suplementar permite que pacientes escolham o médico que realizará seu parto, frequentemente o mesmo que realizou o pré-natal. Essa escolha baseia-se em confiança e continuidade do cuidado, mas envolve o compromisso do médico em estar disponível em qualquer momento, mesmo que tal disponibilidade não seja remunerada pelas operadoras de saúde ou prevista como obrigação pela ANS.

Esse compromisso de disponibilidade exige do obstetra mudanças na sua rotina pessoal e profissional, como cancelar consultas, eventos e compromissos. Apesar disso, a remuneração pelo sobreaviso não está regulamentada como um procedimento obrigatório pelas operadoras de saúde, embora o atendimento ao parto em si seja remunerado. É fundamental diferenciar o serviço contínuo de disponibilidade obstétrica do ato médico do parto propriamente dito, destacando que ambos demandam esforço e devem ser valorizados.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu em 2012 a legitimidade dessa prática, estabelecendo diretrizes para a cobrança de honorários de sobreaviso. Entre elas, destacam-se a necessidade de maternidades com plantão obstétrico organizado, o consentimento informado da paciente e a clareza sobre a natureza voluntária desse acordo. Além disso, o obstetra deve manter o acompanhamento pré-natal, mesmo que a paciente escolha não contratar sua disponibilidade para o parto, garantindo o registro adequado das informações no cartão de pré-natal.

A autonomia do paciente é um princípio ético que respalda a escolha da gestante em contratar um médico específico para o parto, desde que esteja ciente das condições e custos. A precificação dessa disponibilidade é de competência do médico, e as operadoras de saúde não são obrigadas a reembolsar esse valor. Essa prática, quando feita de forma transparente e dentro das normas, fortalece a relação médico-paciente e promove uma assistência obstétrica personalizada, que respeita as preferências individuais das gestantes.

 

Como organizar a agenda do fim do ano

Com a chegada das festas do fim do ano e as férias, médicos ginecologistas e obstetras enfrentam o desafio de organizar suas agendas em um período marcado por alta demanda de consultas e a necessidade de conciliar compromissos profissionais e pessoais.

Avaliar os padrões de agendamento dos anos anteriores é o primeiro passo para prever demandas e alocar recursos de maneira eficiente. Ajustar horários, como ampliar atendimentos em dias estratégicos e oferecer flexibilidade para urgências, pode ser crucial para atender às necessidades dos pacientes sem comprometer o equilíbrio pessoal.

Uma comunicação clara com os pacientes é essencial para evitar confusões e reduzir faltas. Informar sobre horários de funcionamento e enviar lembretes por SMS ou e-mail pode garantir que os pacientes estejam cientes de como e quando buscar atendimento. Além disso, a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na gestão de horários, utilizando sistemas online para organizar consultas e enviar lembretes automáticos, otimizando o tempo e minimizando cancelamentos.

Por fim, é indispensável priorizar o cuidado pessoal. Reservar tempo para descanso e convivência familiar durante as festas ajuda a recarregar as energias, garantindo que o profissional esteja bem para atender com qualidade. Com planejamento, comunicação eficaz e atenção ao equilíbrio pessoal, é possível gerenciar a agenda médica de forma eficiente, mantendo o bem-estar e a satisfação tanto dos pacientes quanto dos profissionais.

 

A formação de uma equipe assistencial

A formação de uma equipe multidisciplinar no atendimento obstétrico é essencial para oferecer cuidado integral e humanizado às gestantes, além de proporcionar suporte ao obstetra. Enfermagem obstétrica, doulas e fisioterapeutas desempenham papéis complementares fundamentais.

A enfermagem garante acompanhamento contínuo e especializado durante o pré-natal, parto e puerpério. As doulas oferecem suporte emocional e físico, promovendo conforto e confiança à gestante. Já a fisioterapia contribui com orientações e técnicas que ajudam na preparação do corpo para o parto e na recuperação pós-parto. Esse trabalho em conjunto melhora a experiência da paciente e otimiza a assistência médica.

Além disso, integrar médicos em rodízios de sobreaviso permite dividir responsabilidades, reduzindo a sobrecarga individual. Especialmente em períodos movimentados, como o fim do ano, essa estrutura de trabalho é fundamental para que o obstetra consiga equilibrar sua vida profissional e familiar.

Delegar funções e trabalhar em sinergia com uma equipe qualificada não apenas assegura uma assistência obstétrica de alta qualidade, mas também permite que o médico tenha tempo para descansar e aproveitar momentos com sua família, garantindo saúde e bem-estar tanto para o profissional quanto para as pacientes.

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