“O câncer de mama não existe, ele é produto da radiação na mamografia.” Esse é um exemplo de desinformação capaz de fomentar desencorajar milhares de mulheres a realizarem exames preventivos essenciais, fazendo com que muitas deixem de detectar a doença em um estágio inicial, quando as chances de tratamento são muito maiores.
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Cabe destacar que não estamos dizendo que todas as mulheres, independentemente da idade, devam se submeter a exames radiológicos periódicos e desnecessários sem histórico familiar, sintomas ou indicação médica. Cada caso deve ser avaliado com critério. O acesso à informação errada pode prejudicar seriamente o cuidado com a saúde.
No cenário atual, em que o número de seguidores nas redes sociais frequentemente parece valer mais do que a formação e a experiência clínica de bons médicos, é fundamental reforçar algumas orientações para combater as fake news e proteger a saúde da população. Seguem algumas dicas:
- Construa uma boa relação médico-paciente: a confiança nas suas recomendações será mais sólida quando você estabelece um vínculo de confiança e respeito. Olhe nos olhos do paciente, escute-o sem interrupções e dedique tempo para a consulta. Médicos que investem em empatia têm mais credibilidade, mesmo diante do impacto de “influenciadores”;
- Explique a necessidade de cada exame e tratamento: quando solicitar um exame ou prescrever um medicamento, explique ao paciente o porquê da sua escolha. Não entregue apenas a requisição ou receita com ar de “faça isso porque estou mandando”. Entender o valor do exame ou tratamento torna o paciente mais seguro quanto ao seu conhecimento e conduta profissional;
- Regularize seus títulos e especialidades: certifique-se de que suas especializações estejam corretamente registradas no conselho de classe e órgãos competentes. Muitos pacientes verificam a qualificação dos profissionais antes e após a consulta nos órgãos competentes, o que aumenta a confiança em seguir as orientações médicas;
- Trate as dúvidas com respeito: se o paciente disser que pesquisou no Google ou viu algo online, evite o deboche. Esclareça suas dúvidas de forma empática e educada. Ninguém gosta de ser minimizado por uma pergunta honesta e humilde;
- Humanize o atendimento: trate o paciente como você gostaria de ser tratado ou melhor, como você gostaria que um ente querido fosse tratado. Mostre que o paciente é único, e não apenas “mais um” em uma fila. Essa abordagem faz toda a diferença na segurança que ele sente no atendimento;
- Use suas redes sociais para difundir a verdade: se você possui um perfil profissional, aproveite para combater desinformação. Compartilhe estudos confiáveis, responda a perguntas dos leigos e eduque sobre temas complexos de forma acessível. A presença digital positiva ajuda a impedir que informações enganosas dominem o debate;
- Mantenha-se atualizado: acompanhe as evoluções da área médica. Como disse um professor de medicina: “Você não precisa ser o primeiro a usar um tratamento novo, mas também não seja o último.” Isso demonstra compromisso com a prática baseada em evidências e aumenta sua segurança como profissional.
- Esteja disponível para esclarecer informações incorretas: é importante que o médico se posicione quando surgem informações incorretas que podem comprometer a saúde pública seja no consultório ou informalmente em seu círculo de amizades. Se possível, emita comunicados ou faça vídeos esclarecendo esses pontos e orientando a população de maneira assertiva.
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A batalha contra as fake news na medicina é desafiadora, mas essencial. Informações enganosas sobre saúde, especialmente quando amplificadas por figuras públicas sem a formação adequada, podem gerar sérios danos.
Ao reforçar a boa prática médica, criar uma conexão de confiança com os pacientes e adotar uma presença online proativa, podemos ajudar a combater essas inverdades e preservar a saúde de todos. Afinal, a prática médica responsável é um compromisso não só com o paciente individual, mas com toda a sociedade.
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