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Carreira21 junho 2025

Como evitar erro médico durante a consulta

Precisamos garantir a segurança do paciente e a nossa própria segurança jurídica evitando erros médicos. Veja o checklist recomendado
Por Ester Ribeiro

“Errar é humano”, diz um ditado. Mas no caso do erro médico, isso pode trazer sérias consequências ao paciente; seja no erro de troca de medicação ou dosagem ou mesmo em casos mais graves, de erros cirúrgicos graves.

Na nossa prática, o cuidado com o paciente vai além de um diagnóstico correto e do tratamento. Precisamos garantir a segurança do paciente e a nossa própria segurança jurídica evitando erros médicos, que podem comprometer o sucesso do tratamento e abrir espaço para questões éticas e legais.

Abaixo, colocamos alguns pontos essenciais para reduzir esses riscos.

 

Gynecologist talking with young female patient during medical consultation in modern clinic. Patient with a gynecologist during the consultation in the gynecological office

Preparação para a consulta – antes do paciente entrar

  • Revisão do prontuário: Analise o histórico médico do paciente, incluindo doenças preexistentes e medicações em uso. Verifique também as orientações da consulta anterior para saber quais informações ou exames espera que o paciente traga para a consulta atual.
  • Organização do ambiente: Certifique-se de que todos os materiais e equipamentos necessários para a consulta estejam disponíveis e funcionando adequadamente. Lembre-se de que cada especialidade pode demandar instrumentos específicos, e a prontidão desses itens contribui para um atendimento mais seguro e ágil.

Comunicação eficaz

  • Ouvir ativamente: O paciente precisa ter um tempo para relatar suas queixas sem grandes interrupções. Escreva o que é relevante para não esquecer.
  • Esclareça dúvidas: Explique cada etapa do exame e da investigação diagnóstica para que o paciente entenda exatamente o que ele precisa fazer e quais os resultados esperados.
  • Reforce a importância do retorno: Instrua o paciente sobre a importância de retornar para novas consultas ou exames, especialmente em doenças crônicas. Explique que os medicamentos de uso contínuo devem ser tomados até o retorno, mesmo se aquela pressão ou diabetes se normalizar com o uso deles.

Leia mais: Como não permitir que a fake news impacte a relação com o paciente

É realmente aquele paciente? Checagem de identidade e dados

  • Confirme a identidade do paciente: Verifique nome completo, data de nascimento e outras informações para garantir que o prontuário e os exames sejam do paciente correto. Especialmente se o paciente tiver um nome comum e mais sujeito à homônimos. Ex: Maria Aparecida de Souza; José da Silva.
  • Checar alergias e histórico de reações adversas: Antes de prescrever qualquer medicação ou realizar procedimentos, confirme alergias e reações anteriores. Tenha o costume de falar em voz alta o princípio ativo dos medicamentos que está passando ao paciente; muito se lembram de ter alergias específicas apenas após a citação do nome.

 

Documentação completa e precisa

  • Registre tudo: Documente com clareza o exame físico, as suspeitas diagnósticas, a prescrição e as orientações fornecidas.
  • Evite abreviações confusas: Use termos completos e claros para reduzir o risco de mal-entendidos em registros e receitas. Algumas abreviações são consagradas na medicina, outras, porém, podem gerar confusão de termos e doenças e erros em consultas posteriores.

 

Revisão das prescrições

  • Cheque interações medicamentosas: Algumas interações ruins são clássicas; mas, na dúvida, revise a lista de medicamentos atuais do paciente ainda mais se ele relatar algum efeito colateral após introdução de medicamento.
  • Especificar posologia detalhada: Indique claramente a dosagem, a frequência e o modo de uso de cada medicação. Deixe claro no prontuário, mas seja claro ao conversar com ele, sinalizando as mudanças no receituário de uso crônico.

 

Orientação ao paciente

  • Forneça orientações claras e por escrito: Oriente o paciente sobre o uso dos medicamentos, cuidados em casa e sintomas que necessitam de nova consulta. Se necessário, forneça uma explicação para que ele deixe em local acessível para ele e familiares se atentarem. É comum que muito estejam ansiosos e nervosos na consulta e não consigam absorver muitas informações de memória apenas.
  • Confirmar entendimento: Pergunte ao paciente se há dúvidas e confirme que ele entendeu as orientações.

 

Evitar pressa e reduzir distrações

  • Gerenciar o tempo: Podemos evitar sobrecarregar a agenda chegando no horário adequado para atender cada paciente no maior tempo disponível. Ter documentos básicos pré-digitados também pode diminuir nosso tempo de “preencher papeladas”.
  • Minimize interrupções: Solicite ao paciente que mantenho o celular desligado ou no silencioso caso ele toque muitas vezes; mantenho o seu mesmo silenciado. Peça para não ser interrompido, exceto em casos de urgência, para manter o foco no paciente.
  • Deixe uma lista com o primeiro nome dos próximos atendimentos à vista na sala de espera: Caso tenha muito paciente na fila de espera, isso evita que esses pacientes batam na porta para perguntar quanto tempo ainda levará para serem atendidos.

 

Uso de tecnologia

  • A incorporação de sistemas de prescrição eletrônica e protocolos baseados em inteligência artificial podem ajudar a lembrar os médicos de etapas críticas do tratamento, sugerir medicações e exames para aquele paciente em específico, reduzir erros de medicação e “pré-escrever” muito da papelada que precisamos preencher diariamente.
  • Esses sistemas também podem facilitar a comunicação e o compartilhamento de informações entre médicos e suas equipes.

 

Conclusão

Evitar erros médicos é mais do que aplicar técnicas e protocolos; é cuidar do paciente com atenção e responsabilidade em cada etapa da consulta. Desde a revisão do prontuário até uma comunicação clara e orientações detalhadas, cada ação contribui para uma prática médica mais segura e humana.

Esses cuidados não apenas evitam problemas, mas também criam uma relação de confiança com o paciente, fortalecendo o vínculo e nossa responsabilidade como profissionais. Afinal, fazer medicina é mais do que tratar doenças; é valorizar a saúde e o bem-estar de cada pessoa, buscando sempre oferecer o melhor atendimento.

Autoria

Foto de Ester Ribeiro

Ester Ribeiro

Graduada em Medicina pela PUC  de Campinas. Médica Nefrologista pelo Hospital Santa Marcelina de Itaquera. Título em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

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