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Carreira4 novembro 2025

Classificação ASA: guia para a avaliação de risco anestésico no pré-operatório

Saiba o que é a Classificação ASA, seus critérios e níveis, e como ela auxilia na avaliação de risco anestésico no pré-operatório
Por Redação Afya

No complexo cenário da medicina cirúrgica, a segurança do paciente é prioridade máxima. Na fase de avaliação pré-operatória o médico precisa estimar o risco anestésico e cirúrgico de um paciente, um passo crucial para o planejamento do procedimento. É neste momento que a Classificação ASA (American Society of Anesthesiologists Physical Status Classification System) ganha relevância.

Trata-se de uma ferramenta simples, porém essencial, que auxilia o médico, especialmente o anestesiologista, na identificação do estado físico geral do paciente antes de um procedimento cirúrgico. Amplamente adotada, tanto em hospitais de alta complexidade quanto em clínicas que realizam procedimentos de menor porte, a Classificação ASA é referência mundial na padronização da comunicação entre profissionais de saúde e na avaliação do risco anestésico.

Ao longo deste artigo, você entenderá o que é a Classificação ASA, seu propósito, como é aplicada, os níveis da escala, exemplos práticos e suas principais limitações na prática clínica.

 

O que é a Classificação ASA?

 

Qual o significado da sigla ASA?

A Classificação ASA, oficialmente denominada ASA Physical Status Classification System, é um sistema que classifica o estado físico do paciente. É uma escala simples, prática e mundialmente aceita, utilizada para estimar o risco anestésico e cirúrgico de um indivíduo antes de qualquer procedimento cirúrgico ou invasivo.

O foco da classificação está nas condições comórbidas pré-anestésicas do paciente, e não no tipo de cirurgia em si.

A sigla ASA vem de American Society of Anesthesiologists, que é sociedade americana que desenvolveu o sistema de Classificação de Estado Físico ASA.

O termo “ASA score” é amplamente utilizado para se referir ao nível atribuído ao paciente, variando de ASA I (paciente saudável) a ASA VI (morte encefálica).

 

Leia também: Residência em cirurgia geral: guia completo da especialização

 

História

A Classificação ASA foi criada em 1940, quando a American Society of Anesthesiologists solicitou a um grupo de médicos o desenvolvimento de um sistema padronizado de coleta e tabulação de dados sobre anestesia.

Inicialmente, o escore ASA tinha quatro classes, que variavam de pacientes saudáveis a pacientes com distúrbios sistêmicos graves. Posteriormente, foram incluídas as classes V (paciente moribundo) e VI (paciente com morte cerebral), tornando-se o sistema amplamente adotado que conhecemos hoje.

Desde então, ela é um dos métodos mais aceitos para estimar risco anestésico. Apesar de sua simplicidade, a classificação ASA combina elementos objetivos (como as condições clínicas do paciente) com a opinião subjetiva do anestesiologista, o que confere complexidade conceitual ao sistema.

 

Qual o propósito da Classificação ASA?

O objetivo central é estratificar o risco anestésico e cirúrgico, oferecendo um parâmetro padronizado de avaliação pré-operatória clínica.

Ao atribuir um nível, o médico pode:

  • Padronizar a comunicação: facilita a comunicação entre equipes médicas (anestesiologistas, cirurgiões e clínicos gerais) ao fornecer uma descrição concisa do estado de saúde do paciente.
  • Apoiar a tomada de decisão: ajuda no planejamento do manejo anestésico mais adequado e seguro.
  • Avaliar desfechos: contribui para a pesquisa, permitindo a comparação de resultados cirúrgicos entre grupos de pacientes com riscos semelhantes.
  • Reduzir morbimortalidade: ao identificar pacientes de maior risco cirúrgico ASA, permite a implementação de medidas de otimização pré-operatória, a fim de reduzir a morbidade e a mortalidade pós-operatória.

 

Quando e por quem a ASA é aplicada?

A Classificação ASA é aplicada durante a avaliação pré-operatória, fase que antecede o ato cirúrgico. Geralmente, essa avaliação é realizada pelo anestesiologista, que atribui o ASA score com base no histórico clínico, nos exames laboratoriais e no exame físico do paciente.

A aplicação ocorre tanto em cirurgias eletivas quanto em emergenciais. Embora o anestesiologista defina o escore final, a classificação pode envolver discussões com outros especialistas, especialmente em pacientes com comorbidades complexas.

 

Entenda os níveis da Classificação ASA

A Classificação ASA é dividida em seis níveis principais (I a VI), além da possibilidade de adicionar o sufixo “E” para cirurgias de emergência.

Cada nível representa um grau de risco crescente, de acordo com o estado físico do paciente.

 

ASA I: paciente saudável

  •  Definição: paciente saudável, sem doença sistêmica.
  • Exemplo em adultos: não fumante, sem doenças crônicas, nenhum ou uso mínimo de álcool.
  • Exemplo pediátrico: saudável, sem doença aguda ou crônica, IMC normal.

ASA II: doença sistêmica leve

  • Definição: paciente com doença sistêmica leve, sem limitações funcionais significativas.
  • Exemplos em adultos: fumante, gestante, obesidade leve (IMC entre 30 e 40), hipertensão ou diabetes bem controlados.
  • Exemplo pediátrico: criança asmática leve, controlada com medicação ocasional.

ASA III: doença sistêmica grave

  • Definição: presença de doença sistêmica grave com limitações funcionais importantes.
  • Exemplos em adultos: diabetes ou hipertensão mal controlados, DPOC, obesidade mórbida (IMC ≥ 40), insuficiência renal crônica em diálise, histórico de infarto há mais de três meses.
  • Exemplo pediátrico: criança com cardiopatia congênita moderada.

 

ASA IV: doença sistêmica grave ameaçadora da vida

  • Definição: paciente com doença sistêmica grave que representa risco contínuo à vida.
  • Exemplos: infarto recente (<3 meses), insuficiência cardíaca grave, sepse, doença renal aguda não dialítica, coagulopatia grave.
  • Exemplo pediátrico: cardiopatia congênita complexa com sinais de insuficiência cardíaca.

 

ASA V: paciente moribundo

  • Definição: paciente que não se espera sobreviver sem a cirurgia.
  • Exemplos: ruptura de aneurisma de aorta, trauma grave com choque hemorrágico, AVC com grande efeito de massa.
  • Exemplo pediátrico: politraumatismo grave em choque hipovolêmico.

 

ASA VI: paciente com morte encefálica

  • Definição: paciente com morte cerebral declarada, cujos órgãos estão sendo retirados para doação.
  • Exemplo: doador em protocolo de morte encefálica confirmado.

 

Adição “E”

A adição da letra “E” (do inglês Emergency) é utilizada para indicar uma cirurgia de emergência. Uma emergência é definida como uma situação em que o atraso no tratamento pode aumentar significativamente o risco de morte ou perda de função de um órgão.

Por exemplo, um paciente ASA III submetido a uma cirurgia de emergência é classificado como ASA IIIE.

 

Possíveis limitações da Classificação ASA

A Classificação ASA é inegavelmente uma ferramenta fundamental na avaliação pré-operatória, mas, como todo instrumento clínico, possui limitações que devem ser consideradas:

  • Subjetividade: a escala pode ser subjetiva, resultando em variabilidade interobservador (diferentes avaliadores podem atribuir níveis distintos). A complexidade conceitual, que combina a condição objetiva do paciente com a opinião subjetiva do anestesista, contribui para essa variação.
  •  Não é um preditor exclusivo de risco: o ASA score reflete o estado clínico pré-anestésico do paciente, mas não prevê o risco específico de complicações (como complicações cardíacas, pulmonares ou renais), nem considera o tipo de cirurgia a ser realizada.
  • Necessidade de complementação: para uma avaliação pré-operatória completa, a classificação ASA deve ser usada sempre em conjunto com outros critérios clínicos, como a idade do paciente, a capacidade funcional, exames complementares e o tipo de procedimento cirúrgico.

Ainda assim, o sistema permanece essencial para a avaliação pré-operatória, padronizando condutas e a orientando decisões clínicas com segurança.

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Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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