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Carreira3 setembro 2025

Afya Summit - Medicina preditiva, personalizada e preventiva

Medicina evolui para ser preditiva, personalizada e preventiva, unindo tecnologia sem perder o cuidado humano
Por Ester Ribeiro

As oportunidades e os desafios que a medicina enfrentará nos próximos anos e como se preparar para o futuro da profissão pautaram os debates da segunda edição do Afya Summit, realizado em 23 de agosto de 2025, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

Produzido pela Afya, maior hub de educação e soluções para a prática médica no Brasil, o evento trouxe uma experiência imersiva por meio da narrativa: “Do futuro para o presente – como transformar a prática médica hoje”. A programação incluiu debates sobre temas essenciais como Tecnologia, Inovação e Humanização, Impacto das Mudanças Climáticas na Saúde, Comunicação Médica, entre outros.

Para continuar a promover a discussão iniciada no Afya Summit, o Portal Afya traz uma série de conteúdos relacionados às temáticas e o prepara para viver a nova experiência da Medicina em 2026.

Leia mais: Interpretar e aplicar tecnologias como competência clínica essencial

 

Humanização x IA

A clínica é soberana, sim. Mas ela também está evoluindo para mais. Ainda faltam médicos que conversem olhando nos olhos, que escutem com atenção o ritmo vagaroso da fala da dona Maria, de 78 anos, e que saibam valorizar um bom exame físico.

A medicina continua sendo, acima de tudo, humana. Mas não dá mais para ignorar o que está diante de nós: dados, algoritmos, genômica, inteligência artificial. A medicina de hoje — e cada vez mais a de amanhã — se apoia em um novo tripé: preditiva, personalizada e preventiva. Um jeito de cuidar que antecipa riscos, ajusta condutas ao perfil único de cada paciente e foca mais na saúde do que na doença. O desafio é: como se preparar para tudo isso sem perder o essencial?

A medicina contemporânea caminha para uma nova tríade – preditiva, personalizada e preventiva – que visa tratar o paciente de forma antecipada e centrada em suas características individuais. A medicina preditiva baseia-se no uso de dados genéticos, análises em larga escala e inteligência artificial para antecipar riscos antes dos sintomas aparecerem.

A medicina personalizada (ou de precisão) leva em conta fatores como perfil genético, biomarcadores, estilo de vida e ambiente de cada indivíduo para ajustar diagnósticos e terapias.

Por fim, a medicina preventiva foca em promover hábitos saudáveis e realizar rastreamentos para evitar o surgimento ou detectar precocemente doenças. Essas três abordagens complementares prometem transformar a prática clínica, mas exigem que médicos e estudantes se atualizem constantemente.

Medicina preditiva

A medicina preditiva combina Big Data, dados genômicos e ferramentas digitais para prever doenças antes do aparecimento de sintomas. Ela utiliza históricos médicos, testes genéticos e até dispositivos vestíveis: por exemplo, chips incorporados em roupas podem monitorar a frequência cardíaca e a pressão arterial em tempo real, enquanto algoritmos de inteligência artificial processam esses sinais em busca de padrões de risco. Testes de DNA permitem avaliar predisposições hereditárias (como para alguns cânceres ou doenças raras) e sinalizar a necessidade de monitoramento rigoroso ou de intervenções antecipadas.

Esses dados preditivos permitem ao médico planejar intervenções precoces – modificações de estilo de vida, exames periódicos e tratamentos personalizados – aumentando muito as chances de sucesso terapêutico e evitando custos com procedimentos desnecessários.

Em suma, a medicina preditiva transforma dados clínicos e genéticos em insights práticos para antecipar doenças e otimizar o cuidado ao paciente.

Medicina personalizada

A medicina personalizada reconhece que cada paciente é único, mesmo quando apresenta a mesma condição clínica. Ela leva em conta fatores como perfil genético, biomarcadores e estilo de vida de cada indivíduo. Por isso, pacientes com sintomas semelhantes podem receber tratamentos diferentes: por exemplo, variantes genéticas podem fazer com que dois pacientes com o mesmo câncer respondam de forma distinta à mesma quimioterapia. Na prática, isso significa adaptar o tratamento às particularidades de cada pessoa, escolhendo as terapias mais eficazes e com menos efeitos colaterais para o perfil específico do paciente.

Para isso, utilizam-se ferramentas como a farmacogenômica – já foram mapeados centenas de medicamentos cuja ação varia conforme a composição genética individual. Um exemplo prático é o uso de estatina para controle de colesterol: alguns pacientes apresentam dores musculares graves devido a uma variante genética específica; um teste genético pode revelar essa predisposição e orientar a escolha de outro medicamento. Em conjunto, essa abordagem busca oferecer o “tratamento certo para a pessoa certa”, ajustando protocolos tradicionais às necessidades individuais.

Além disso, a medicina personalizada fortalece o papel do paciente no processo de cuidado: o médico atua como educador em saúde, explicando essas particularidades e incentivando o paciente a adotar hábitos saudáveis e a participar ativamente das decisões terapêuticas. Assim, o cuidado torna-se mais centrado no paciente, melhorando a adesão ao tratamento e os resultados clínicos.

Medicina preventiva

A medicina preventiva engloba estratégias voltadas tanto à prevenção primária quanto à prevenção secundária. Ela incentiva hábitos de vida saudáveis como boa alimentação, exercícios, abandono do tabagismo, vacinação e outros e atua sobre os fatores de risco antes que apareçam doenças.

Em paralelo, promove o diagnóstico precoce por meio de exames de rotina: check-ups periódicos e rastreamentos (como mamografia, Papanicolau, colonoscopia, exames de sangue e de imagem) ajudam a identificar doenças ainda em fase inicial. Essas medidas evitam que quadros precoces se agravem, facilitando tratamentos mais simples e eficazes.

  • Prevenção primária: ações que evitam o desenvolvimento da doença (p. ex., vacinas, controle de pressão arterial, atividade física, dieta balanceada).
  • Prevenção secundária: intervenções que diagnosticam a doença em estágio inicial (p. ex., campanhas de rastreamento do câncer de mama ou de próstata, exames de glicemia e colesterol).

Além disso, o médico assume papel educativo no consultório: orienta o paciente sobre os benefícios dos estilos de vida saudáveis e explica por que parar de fumar, manter peso adequado e praticar exercícios regulares reduzem significativamente o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e outras. Em vez de esperar pela doença, o foco preventivo reduz custos de saúde e alivia a pressão sobre os serviços médicos, melhorando a qualidade de vida da população.

 

Vamos para o prático: como se atualizar e se preparar

Para incorporar a tríade 3P na rotina, é essencial investir em atualização contínua. Destacam-se algumas recomendações práticas:

  • Cursos de especialização: participar de pós-graduações ou cursos livres focados em genética médica, medicina de precisão, big data e saúde digital. Por exemplo, existem especializações em medicina personalizada e de precisão voltadas a profissionais da saúde. Esses cursos combinam teoria e prática, preparando médicos para interpretar exames genômicos e usar novas tecnologias no atendimento.
  • Formação continuada: capacitar-se continuamente em novas competências (como bioinformática e uso de IA) por meio de workshops e treinamentos internos. Clínicas e hospitais também devem oferecer educação permanente em genética e análise de dados, mantendo a equipe atualizada.
  • Ferramentas clínicas: familiarizar-se com calculadoras de risco (por exemplo, escores de risco cardiovascular), softwares de análise genética e plataformas de apoio à decisão clínica. Sistemas de prontuário eletrônico modernos já integram funcionalidades de predição e lembram exames de prevenção. Buscar aplicativos de monitoramento (wearables) e soluções de telemedicina pode melhorar o acompanhamento do paciente fora do consultório.
  • Atualização permanente: acompanhar publicações científicas e eventos médicos sobre medicina 3P. Seminários, congressos de genética e saúde digital e periódicos especializados ajudam a antecipar tendências. A medicina preditiva e personalizada está em constante evolução, de modo que revisar protocolos e atualizar práticas clínicas regularmente é fundamental.

Profissionais que seguem essas diretrizes estarão aptos a oferecer um atendimento de ponta, antecipando riscos e envolvendo o paciente em seu próprio cuidado.

A adoção da medicina preditiva, personalizada e preventiva requer entender a importância disso: médicos bem informados e equipados melhoram os seus resultados e elevam a qualidade de vida de seus pacientes.

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