5 mnemônicos para salvar o plantão
Em um momento de emergência durante o plantão, é importante termos raciocínio rápido e direcionado. Os mnemônicos, que já são consagrados como estratégia de estudo, também podem nos ajudar na prática médica. Neste post, vamos trazer 5 mnemônicos úteis para conduzir os casos no plantão.
5H`s 5T`s: o clássico da PCR
Você provavelmente já conhece este clássico. Definitivamente este é o mais conhecido e mais importante.
Utilizado para identificar as causas reversíveis de PCR a partir do segundo ciclo de RCP nas PCR por AESP ou assistolia, ou a partir do terceiro ciclo nos casos de FV/TV.
Este é o tipo de informação que precisa estar automatizada, já que vamos precisar dela em um momento bastante crítico do atendimento. Então, é sempre válido revisar:
- Hipovolemia;
- Hipóxia;
- Hidrogênio (acidemia);
- Hipo/hipercalemia;
- Hipotermia;
- Tensão no tórax por pneumotórax;
- Tamponamento cardíaco;
- Toxinas;
- Trombose coronariana;
- Trombose pulmonar.
Lembrava de todos?
MONABCH: conduta terapêutica básica inicial para IAM na emergência
Se você receber um paciente com dor torácica na emergência, precisará atendê-lo de forma sistematizada, em até 10 minutos. Após a realização do eletrocardiograma, todos os pacientes com IAM com supra de ST devem ser submetidos à conduta terapêutica básica inicial, exceto naqueles com contraindicações:
Conheça o MONABCH:
- Morfina: para aliviar a dor intensa;
- Oxigênio: em todo paciente com hipoxemia ( ou SO2<90%);
- Nitrato: reversão de espasmo, para alívio da dor anginosa, controle da hipertensão arterial ou alívio da congestão pulmonar. Estão contraindicados na presença de hipotensão arterial (PAS < 100 mmHg), uso prévio de sildenafil ou similares nas últimas 24 horas;
- AAS: 160-325 mg/dia a ser utilizada de forma mastigável na chegada do paciente ao hospital ou ao ser atendido por emergência móvel, ainda antes da realização do eletrocardiograma;
- Beta-bloqueador: iniciado precocemente em todos os pacientes, exceto naqueles com maior risco para choque cardiogênico nas primeiras 24 horas: idade> 70 anos, PAS< 120 mmHg, FC> 110 bpm ou Killip >1além de outras contraindicações aos betabloquadores (intervalo PR > 240 mseg, BAV 2° ou 3°graus, asma ativa ou doença pulmonar reativa);
- Clopidrogrel/ Prasugrel / Ticagrelor: preferir prasugrel ou ticagrelor em < 75 anos e nos que não foram submetidos à trombólise. Nas trombólises apenas clopidogrel;
- Heparina: idade < 75 anos: 30 mg IV em bolo e após 1,0 mg/kg 12/12h até a alta hospitalar; em pacientes com idade > 75 anos: não administrar o bolo e iniciar com 0,75 mg/kg 12/12h.
SNOOP: não deixe passar os sinais de alarme da cefaleia!
A cefaleia é um dos sintomas médicos mais frequentes, responsável por mais de 10% das consultas de ambulatório e 4,5% dos atendimentos de emergência.
Um dos pontos principais na hora de atender um paciente com cefaleia na emergência é diferenciar a cefaleia entre primária e secundária:
- cefaleias primárias são doenças cujo sintoma principal, porém não único, são episódios recorrentes de dor de cabeça (ex.: migrânea, cefaleia do tipo tensional e cefaleia em salvas);
- cefaleias secundárias são o sintoma de uma doença subjacente, neurológica ou sistêmica (ex.: meningite, dengue, tumor cerebral).
Em ambos os casos, às vezes os pacientes podem se apresentar na emergência ou no ambulatório buscando alívio imediato de sua dor, sem descrever outros sintomas.
Neste contexto, a busca ativa de sinais de alarme é essencial para não deixarmos passar nenhum detalhe importante. Uma boa dica para lembrarmos os red flags é o SNOOP:
Leia mais: Cefaleia na emergência: quais red flags devo procurar?
HINTS: diferenciando as vertigens
Como proceder diante de um caso de vertigem na emergência? Investigar tudo pode gerar custos desnecessários e danos ao paciente, por outro lado, não podemos deixar passar um AVC.
O teste HINTS (head-impulse-nystagmus-test-of-skew) pode ser utilizado para diferenciação de vertigens periféricas e centrais, indicando quais casos (vertigem central) devem ser melhor investigados quanto a possibilidade de AVE isquêmico.
- Head Impulse: o paciente deve olhar fixamente para a ponta do nariz do examinador durante todo o exame com a cabeça em posição centrada, estando examinador e paciente com os olhos alinhados no mesmo plano. Então, o examinador deve realizar uma rotação lateral lenta em cerca de 20º com a cabeça do paciente para qualquer um dos lados, seguido de um retorno abrupto para a posição central. Um teste positivo é aquele em que o olhar não se mantém fixo. O teste deve ser realizado com rotação para ambos os lados;
- Nystagmus: O nistagmo vertical ou torcional (ou rotatório), ou ainda aquele que se manifesta em várias direções no contexto clínico, é claramente um sinal de patologia central. Deve se avaliado de forma passiva;
- Test of skew: o paciente e o examinador com o olhar no mesmo plano. O paciente deve olhar fixamente ao examinador e este deve cobrir um dos olhos do paciente, alternando o olho a ser coberto e observando movimentações oculares verticais de acomodação, que indicam um teste positivo
Leia mais: AVE em pacientes com vertigem: Teste HINTS
VIBES: otimizando o atendimento do paciente cirrótico
Para encerrar nossas dicas, vamos trazer um mnemônico para nos ajudar a lembrar as etapas importantes do atendimento inicial ao paciente cirrótico:
- Volume: pensar em investigar ascite, necessidade de paracentese de alívio ou diagnóstica. Pensar, ainda, em sintomas de desidratação.
- Infecção: pesquisar focos infecciosos, especialmente peritonite bacteriana espontânea, que possui mortalidade de até 30% nesta população.
- Bleeding: pesquisar sinais de hipertensão portal que sugiram sangramento de varizes esofágicas.
- Encefalopatia hepática: buscar história de constipação intestinal, sinais de flapping e como era o status mental do paciente previamente.
- Screening: faça a triagem do histórico de vacinação do paciente, pesquisa de doenças infecciosas como hepatites e HIV , triagem de medicamentos de uso contínuo e mudanças recentes do padrão alimentar.
Você costuma usar mnemônicos na sua prática? As dicas foram úteis? Passe no Fórum da PEBMED e compartilhe suas dicas com a gente!
Revisão técnica: Dra. Júlia Vargas – especialista em Medicina Intensiva
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