Estudo recente publicado na Annals of Neurology recolocou em debate um tema recorrente dentro da prática neurológica de emergência: afinal, AVE é uma causa importante de vertigem? Deve ser descartado em todo paciente apresentando vertigem?
A conclusão do estudo realizado na Universidade de Toronto, no Canadá, é de que apenas 0,2% dos pacientes que se apresentam com vertigem no serviço de emergência são diagnosticados com AVE nos próximos 30 dias após o atendimento no serviço de emergência.
A discussão se deve ao fato de que, embora 0,2% seja uma proporção pequena, quando analisados números absolutos (dentro da realidade do sistema de saúde americano) como os seus 4 milhões de atendimentos a vertigem, conclui-se que estamos perdendo muitos diagnósticos de AVE.
A dificuldade no diagnóstico deve-se ao fato de que a isquemia de circulação posterior manifesta-se mais comumente como vertigem, sem outros sinais focais ou sintomas neurológicos.
Outro dado alarmante é que o risco relativo de AVE em pacientes liberados com diagnóstico de doença vestibular periférica em sete dias é 50 vezes maior que o risco no grupo controle (estabelecido como os liberados com cólicanefrética). Ou seja, estamos apresentando sim uma limitação diagnóstica.
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Se de fato AVE é uma causa importante de vertigem, deveríamos solicitar ressonância em todos os casos de vertigem na emergência? Esta estratégia, embora acharia o diagnóstico, não seria custo-efetiva e tornaria o atendimento de emergência bastante oneroso. Mas então, e se pedirmos uma tomografia de crânio? Ficaríamos na mesma, pois não seríamos capaz de excluir o diagnóstico de AVE, que é o nosso principal problema.
O teste HINTS (Head-impulse-nystagmus-test-of-skew) pode ser utilizado para diferenciação de vertigens periféricas e centrais, indicando, portanto, quais casos (vertigem central) devem ser melhor investigados quanto a possibilidade de AVE isquêmico.
O vídeo abaixo explica como utilizar seu celular para realizar o HINT:
Concluímos, portanto, que o diagnóstico de AVE em pacientes com vertigem continua sendo um desafio, e ferramentas propedêuticas como o HINTS podem ser utilizados na prática para ajudar neste diagnóstico.
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