Como o ultrassom point-of-care (POCUS) não é invasivo, poupa radiação, é barato e permite a repetição do exame em períodos curtos, seu uso aumentou. Vários estudos demonstraram a viabilidade do uso do POCUS no cuidado de pacientes com sepse, incluindo a identificação de uma fonte infecciosa (p. ex., pneumonia, empiema, colecistite, endocardite), auxiliando em procedimentos comuns à beira do leito (p. ex., colocação de cateter venoso central, drenagem percutânea de cavidades corporais) e orientação para administração de fluidos intravenosos.
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Ultrassonografia cardíaca focalizada (FoCUS)
Realizado à beira leito, a ultrassonografia cardíaca focalizada (FoCUS) é uma modalidade específica de POCUS que usa um número limitado de incidências ecocardiográficas padrão para visualização rápida das estruturas cardíacas, avaliação da contratilidade cardíaca e avaliação do volume intravascular. Comparado com a ecocardiografia padrão, o FoCUS é um procedimento mais rápido e menos abrangente, contribuindo com informações para o diagnóstico rápido e tratamento eficaz de pacientes com sepse e choque séptico mas não deve ser visto como um substituto para a ecocardiografia padrão. O FoCUS pode ajudar a identificar a cardiomiopatia induzida por sepse, uma diminuição aguda e reversível da função miocárdica, que pode exigir administração de fluidos mais restritiva e/ou adição de um inotrópico.
As diretrizes da Society of Critical Care Medicine (SCCM) de 2016 fornecem uma forte recomendação para o uso do FoCUS na orientação da ressuscitação volêmica em pacientes com choque séptico. A otimização da perfusão e oxigenação tecidual é uma etapa crítica no manejo do choque séptico e pode ser realizada com a administração de fluidos intravenosos em bolus e medicamentos vasoativos, que devem ser individualizados de acordo com as necessidades específicas de cada paciente.
Uma das aplicações mais úteis do FoCUS é o perfil hemodinâmico — avaliando a pré-carga, pós-carga e contratilidade cardíaca — para ajudar a fornecer uma abordagem de tratamento individualizada. Usando esses parâmetros, o FoCUS prevê a resposta hemodinâmica à expansão de volume com um bolus de fluido endovenoso, comumente referido como capacidade de resposta de volume. Para pacientes com hipotensão e hipoperfusão refratárias que não respondem mais ao volume com base na avaliação com FoCUS, os médicos devem usar outras terapias como vasopressores e/ou inotrópicos.
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Evidências
Na literatura médica, os termos POCUS e FoCUS são frequentemente usados de forma intercambiável. Evidências rigorosas que dão suporte ao uso dessa ferramenta portátil de imagem de ultrassom na sepse e no choque séptico estão aumentando, mas permanecem limitadas porque poucos estudos randomizados foram realizados e os estudos não randomizados são limitados pela combinação de casos, variabilidade do operador e heterogeneidade nos desfechos.
O uso de uma ferramenta portátil de imagem de ultrassom na avaliação e tratamento da sepse tem alguns desafios. Primeiro, muitas condições encontradas em pacientes gravemente enfermos reduzem a capacidade preditiva das medições dinâmicas do FoCUS. Em segundo lugar, como essa técnica de imagem requer treinamento e prática, pode haver heterogeneidade substancial na experiência e proficiência entre os médicos. Em terceiro lugar, interpretações equivocadas podem levar a avaliações e decisões de tratamento incorretas.
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