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Cardiologia10 setembro 2025

Novas evidências da aspirina na prevenção primária de idosos saudáveis 

Estudo estimou os efeitos de longo prazo e pós-ensaio da aspirina em eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE)
Por Ivson Braga

Nos últimos anos, houve mudanças nas indicações do uso da aspirina na prevenção primária de doença cardiovascular, de forma que a redução de desfechos cardiovasculares maiores com uso da medicação é contrabalanceada pelo aumento de sangramentos maiores como hemorragia gastrointestinal e intracraniana. Essas evidências foram construídas principalmente a partir das publicações dos trials ASCEND e ARRIVE.  O estudo ASPREE (ASPirin in Reducing Events in the Elderly) mostrou resultados semelhantes em idosos saudáveis. Recentemente foram publicados os resultados observacionais do seguimento do ASPREE (ASPREE-XT), em que mais de 15 mil indivíduos consentiram continuar em um seguimento observacional. 

Metodologia 

O ASPREE foi um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, foram incluídos 19.114 participantes entre 2010 e 2017, sendo incluídos adultos com ≥ 70 anos (≥ 65 anos para minorias nos EUA), sem antecedentes de doença cardiovascular, demência ou incapacidade funcional. Os pacientes foram randomizados para administração da aspirina 100 mg/dia ou placebo e acompanhados por uma mediana de 4,7 anos. Foi realizado um período pós-trial em que 15.668 indivíduos consentiram em participar do seguimento observacional por mais 4,3 anos (ASPREE-XT), período em que a aspirina foi suspensa. 

Os desfechos maiores foram eventos cardiovasculares maiores e presença de sangramento maior. O estudo não demonstrou benefício significativo da aspirina sobre MACE (HR 1,04; IC 95% 0,94–1,15), além de mostrar um aumento de 24% no risco de sangramento maior (HR 1,24; IC 95% 1,10–1,39), principalmente em sítio gastrointestinal.  Houve uma tendência de aumento da mortalidade por todas as causas no grupo aspirina (HR 1,06; IC 95% 0,99–1,14). Quando foi feita análise no período pós-trial (após suspensão do tratamento), houve um aumento de 17% no risco de MACE no grupo previamente alocado à aspirina (HR 1,18; IC 95% 1,02–1,37), enquanto que o risco de sangramento maior deixou de ser significativo. Esses dados sugerem que o risco hemorrágico está diretamente relacionado ao uso do antiagregante.  

Novas evidências da aspirina na prevenção primária de idosos saudáveis 

Imagem de rawpixel/freepik

Resultados: aspirina na prevenção primária de idosos

Na análise dos desfechos em separado, não houve redução significativa na incidência de infarto do miocárdio fatal ou não fatal (HR 1,09; IC 95% 0,94–1,26), de acidente vascular cerebral isquêmico (HR 1,06; IC 95% 0,91–1,23) e de mortalidade de causa vascular (HR 1,09; IC 95% 0,89–1,34). Na análise de desfechos hemorrágicos, houve uma tendência de maior risco para hemorragia intracraniana (HR 1,13; IC 95% 0,92–1,39) e um aumento significativo no risco de hemorragia digestiva alta (HR 1,43; IC 95% 1,13–1,81). Não houve diferença significativa entre os grupos em relação a sangramentos fatais (HR 1,10; IC 95% 0,78–1,55).  

O seguimento estendido do ASPREE mostra resultados concordantes com os trials ASCEND e ARRIVE. De uma forma resumida, a aspirina não apresentou benefício clínico na prevenção primária de eventos cardiovasculares e que o seu uso aumentou o risco de sangramentos maiores. O ASPREE-XT acrescenta a evidência de ausência de benefício do uso da aspirina idosos saudáveis ao longo do tempo (seguimento global de total de 8,3 anos). Um dado que acrescenta ainda é o achado do aumento do risco cardiovascular com a suspensão da droga (achado não descrito nos demais estudos). 

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Referências bibliográficas

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