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Cardiologia3 novembro 2020

Infusão de etanol na veia de Marshall associada à ablação de fibrilação atrial (FA) por cateter

Paciente com fibrilação atrial (FA) paroxística podem encontrar na ablação e isolamento das veias pulmonares uma opção de tratamento.

Paciente com fibrilação atrial (FA) paroxística podem encontrar na ablação e isolamento das veias pulmonares uma opção de tratamento para se verem livres da arritmia, entretanto a taxa de recorrência é grande, muita das vezes levando a novos procedimentos. A veia de Marshall é um remanescente embriológico da veia cava superior e está envolvida na patogênese da FA como uma fonte de gatilhos para a arritmia e uma via para o sistema simpático e parassimpático modularem e manterem a arritmia. Além disso a veia de Marshall fica próxima ao istmo da mitral, um foco importante de taquicardia atrial.

A infusão de etanol com uma canulação retrógrada por balão na veia de Marshall cria uma ablação local eliminando gatilhos de FA e a inervação da veia, além de liberar o ismo mitral para ablação.

O estudo VENUS decidiu testar se a ablação da FA convencional por cateter acrescida da infusão de etanol na veia de Marshall era superior ao primeiro procedimento isolado.

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Paciente com fibrilação atrial (FA) paroxística podem encontrar na ablação e isolamento das veias pulmonares uma opção de tratamento.

Características do estudo

Tratou-se de um estudo multicêntrico de 12 centros nos Estados Unidos, randomizado com 343 pacientes entre 18 a 85 anos e FA persistente (> 7 dias) sintomática. Os pacientes foram observados de 6 a 12 meses após os procedimentos, a avaliação era feita através de ECG de base, monitorização contínua e através de dispositivos implantáveis (nos pacientes que os possuíam) em diversos períodos. Um período até 3 meses após o procedimento era considerado período de apagamento onde uma arritmia que surgisse seria tratada com drogas ou cardioversão e não seria considerada falha terapêutica.

O desfecho primário era a não ocorrência de FA ou taquicardia atrial por mais de 30 segundos após o período de apagamento e sem o uso de drogas antiarrítmicas após 1 procedimento. O desfecho primário de segurança era composto por complicações agudas do procedimento e mortalidade total.

O desfecho secundário era a não ocorrência de FA ou taquicardia atrial após mais de um procedimento ou em uso de drogas antiarrítmicas, a carga de FA (% de tempo em FA) na monitorização contínua, os parâmetros dos procedimentos, a recorrência de FA ou taquicardia atrial, complicações do procedimento, internação pro problemas cardiovasculares, função atrial esquerda e qualidade de vida medida por questionário específico.

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A idade média da população era de 66 anos e 261 eram homens. Do total de participantes 92% completaram o estudo. A infusão de etanol obteve êxito em 155 dos 185 pacientes. O desfecho primário ocorreu em 49% dos pacientes do grupo da ablação mais infusão de etanol em comparação 38% do grupo da ablação apenas (diferença de 11,2% [95% IC; 0,8% a 21,7%]; P = 0,04). Dos 12 desfechos secundários, 9 não atingiram significância estatística, apenas a carga de FA, a não ocorrência de FA após mais de 1 procedimento e o sucesso do bloqueio perimitral foram estatisticamente favoráveis ao grupo da ablação mais infusão de etanol. Os efeitos adversos foram similares nos dois grupos.

Conclusão

Pode-se concluir que a ablação por cateter associada a infusão de etanol na veia de Marshall foi superior a ablação por cateter apenas, entretanto os resultados foram modestos e o estudo cheio de limitações. Pode-se concluir que a infusão de etanol na veia de Marshall foi capaz de ajudar a ablação por cateter a manter mais indivíduos livres de fibrilação atrial em um período de 6 a 12 meses, entretanto estudos mais robustos com maior duração de tempo precisam ser realizado para corroborar esses achados.

Referências bibliográficas:

  • Valderrábano M, et al. Effect of Catheter Ablation With Vein of Marshall Ethanol Infusion vs Catheter Ablation Alone on Persistent Atrial Fibrillation The VENUS Randomized Clinical Trial. JAMA. 2020;324(16):1620-1628. doi:10.1001/jama.2020.16195

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