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Cardiologia15 março 2018

Há como diferenciar IAM tipo 1 vs tipo 2 no paciente com dor precordial?

O desafio está em conseguir identificar se um paciente com dor precordial na emergência ou em pós-operatório de cirurgia não cardíaca está em um IAM tipo 1 ou tipo 2.

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é definido em seis tipos, conforme mecanismo fisiopatológico:

TipoFisiopatologia
Tipo 1Obstrução na placa de aterosclerose
Tipo 2Consumo excessivo, maior que oferta de O2
Tipo 3Morte súbita de origem coronariana
Tipo 4aDurante ou após angioplastia
Tipo 4bCausado por trombose do stent
Tipo 5Relacionado à cirurgia cardíaca (em geral, pós operatório)

Alguns subtipos são de fácil identificação, como a ocorrência após intervenção coronariana, cirurgia ou morte súbita. O grande desafio está na verdade em conseguir identificar se um paciente com dor precordial na emergência ou em pós-operatório de cirurgia não cardíaca está em um IAM tipo 1, cujo pilar do tratamento é a revascularização, ou tipo 2, com terapêutica centrada em equilibrar oferta e demanda.

Um grande estudo publicado recentemente nos ajuda a entender melhor o processo e realizar o diagnóstico diferencial. Trata-se de um estudo alemão, em um hospital universitário de Hamburgo, que recrutou 1.548 pacientes com dor precordial em atendimento clínico/emergência. Destes, 188 foram classificados como IAM tipo 1 e 99 como IAM tipo 2. Os demais não preencheram os critérios para IAM, sendo classificados como angina instável e outras causas de dor precordial.

Como esperado, o paciente com IAM tipo 2 apresentou mais comorbidades e causas não ateroscleróticas para o IAM como IC, FA e insuficiência renal. Mas o que chamou a atenção foi que a estratégia de coronariografia com revascularização se necessário não foi benéfica neste grupo e, ao final do estudo, a sobrevida foi menor em pacientes com tipo 2 em comparação com tipo 1!

Na análise multivariada, sexo feminino, dor precordial com irradiação e valor de troponina ultrassensível basal (com cutoff 40,8 ng/ml) foram preditores de IAM tipo 2, de modo que os autores propuseram um escore:

  1. Sexo feminino: 1 ponto
  2. Dor precordial SEM irradiação: 1 ponto
  3. Troponina ultrassensível basal ≤ 40,8 ng/ml: 1 ponto

De modo que a chance de IAM tipo 2 seria:

  • 0 pontos: 5%
  • 1 ponto: 17%
  • 2 pontos: 42%
  • 3 pontos: 72%

Como todo estudo inicial, ainda não há evidências robustas o suficiente para mudar sua conduta, mas que abre uma porta, isso abre. No momento, a abordagem da dor precordial é a mesma:

Figura 1 – Fluxograma de atendimento à dor precordial na emergência

tabela 1

Saiba mais: Dor precordial na sala de emergência – conceitos avançados

Referências:

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