O infarto agudo do miocárdio (IAM) é definido em seis tipos, conforme mecanismo fisiopatológico:
Tipo | Fisiopatologia |
Tipo 1 | Obstrução na placa de aterosclerose |
Tipo 2 | Consumo excessivo, maior que oferta de O2 |
Tipo 3 | Morte súbita de origem coronariana |
Tipo 4a | Durante ou após angioplastia |
Tipo 4b | Causado por trombose do stent |
Tipo 5 | Relacionado à cirurgia cardíaca (em geral, pós operatório) |
Alguns subtipos são de fácil identificação, como a ocorrência após intervenção coronariana, cirurgia ou morte súbita. O grande desafio está na verdade em conseguir identificar se um paciente com dor precordial na emergência ou em pós-operatório de cirurgia não cardíaca está em um IAM tipo 1, cujo pilar do tratamento é a revascularização, ou tipo 2, com terapêutica centrada em equilibrar oferta e demanda.
Um grande estudo publicado recentemente nos ajuda a entender melhor o processo e realizar o diagnóstico diferencial. Trata-se de um estudo alemão, em um hospital universitário de Hamburgo, que recrutou 1.548 pacientes com dor precordial em atendimento clínico/emergência. Destes, 188 foram classificados como IAM tipo 1 e 99 como IAM tipo 2. Os demais não preencheram os critérios para IAM, sendo classificados como angina instável e outras causas de dor precordial.
Como esperado, o paciente com IAM tipo 2 apresentou mais comorbidades e causas não ateroscleróticas para o IAM como IC, FA e insuficiência renal. Mas o que chamou a atenção foi que a estratégia de coronariografia com revascularização se necessário não foi benéfica neste grupo e, ao final do estudo, a sobrevida foi menor em pacientes com tipo 2 em comparação com tipo 1!
Na análise multivariada, sexo feminino, dor precordial com irradiação e valor de troponina ultrassensível basal (com cutoff 40,8 ng/ml) foram preditores de IAM tipo 2, de modo que os autores propuseram um escore:
- Sexo feminino: 1 ponto
- Dor precordial SEM irradiação: 1 ponto
- Troponina ultrassensível basal ≤ 40,8 ng/ml: 1 ponto
De modo que a chance de IAM tipo 2 seria:
- 0 pontos: 5%
- 1 ponto: 17%
- 2 pontos: 42%
- 3 pontos: 72%
Como todo estudo inicial, ainda não há evidências robustas o suficiente para mudar sua conduta, mas que abre uma porta, isso abre. No momento, a abordagem da dor precordial é a mesma:
Figura 1 – Fluxograma de atendimento à dor precordial na emergência
Saiba mais: Dor precordial na sala de emergência – conceitos avançados
Referências:
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