AHA: cuidados paliativos em cardiologia
Nova declaração da American Heart Association (AHA) publicada no início deste mês de julho afirma que a implementação de terapias de cuidados paliativos centradas no paciente, incluindo a prescrição, ajuste e suspensão de medicamentos conforme a necessidade, pode ajudar na melhora da qualidade de vida de pessoas vivendo com doenças cardíacas.
O documento, intitulado “Palliative Pharmacotherapy for Cardiovascular Disease”, foi publicado no Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes e traz uma revisão das evidências atuais sobre os riscos e benefícios de medicamentos paliativos e cardiovasculares. Além de fornecer um guia para profissionais de saúde na implementação de métodos paliativos em todas as etapas das condições de saúde do paciente, com ênfase na importância de decisões compartilhadas e um cuidado voltado para os objetivos.
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“É fundamental que os pacientes estejam totalmente informados sobre seu diagnóstico e como o manejo da medicação pode mudar ao longo da progressão da doença, para que tenham tempo suficiente para definir e compartilhar seus objetivos”, afirmou a Dr. Katherine E. Di Palo, diretora de Transitional Care Excellence no Montefiore Medical Center e professora assistente de medicina no Albert Einstein College of Medicine na cidade de Nova York. “Esses objetivos geralmente incluem a redução de sintomas como falta de ar, fadiga e dor, bem como a melhoria do sono, do humor e do apetite.”, concluiu.
Objetivos dos cuidados paliativos
Dentro da declaração, a AHA indica que, para que os objetivos dos cuidados paliativos sejam atingidos, medicamentos cardiovasculares que aliviem os sintomas devem ser priorizados em pacientes com doença cardíaca avançada, e que a adição de medicamentos paliativos a terapias cardiovasculares baseadas em evidência podem ser complementares ao manejo dos sintomas e otimização da qualidade de vida.
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“Dadas as complexidades do gerenciamento de medicamentos em pessoas com doenças cardíacas, é necessária uma abordagem em equipe. A colaboração entre médicos de diferentes áreas, entre cuidados primários, cardiologia e cuidados paliativos é necessária para fornecer cuidados eficazes e centrados na pessoa”, disse a Dra. Di Palo.
Cuidados paliativos na cardiologia
De acordo com a AHA, estudos têm demonstrado que a inclusão de intervenções de cuidados paliativos no cuidado geral do paciente gera melhorias de qualidade de vida, estado funcional, depressão, ansiedade e bem-estar. Além disso, reduz o risco de readmissão hospitalar quando comparado com o cuidado clínico sozinho.
Contudo, a organização aponta que, apesar dos benefícios, apenas 20% dos pacientes com uma doença cardíaca em fase terminal recebem cuidados paliativos.
A entidade também afirma que apesar dos progressos nos cuidados cardiovasculares, persistem as disparidades nos cuidados e nos resultados relacionados com raça, etnia, gênero e características socioeconômicas.
A maioria das pessoas encaminhadas para cuidados paliativos é branca, com poder aquisitivo maior e possibilidade de receber os cuidados em centros de excelência. Enquanto a parcela mais marginalizada da sociedade fica mais exposta a desfechos piores e risco maior de mortalidade precoce.
A declaração completa pode ser acessada através deste link.
*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.
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