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Cardiologia29 março 2025

ACC 2025: Semaglutida oral reduz eventos em pacientes com DM2 de alto risco CV?

O foco do estudo SOUL foi avaliar se a medicação reduz eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2 com doença aterosclerótica e/ou doença renal crônica

A formulação oral da semaglutida, um agonista de GLP-1, demonstrou ser eficaz em reduzir peso e melhorar o perfil glicêmico pela HbA1C e reduzir fatores de risco cardiovasculares. Assim, o estudo SOUL teve como objetivo avaliar, agora, a eficácia da medicação oral em reduzir eventos cardiovasculares maiores (MACE) em pacientes com diabetes tipo 2 com doença aterosclerótica e/ou doença renal crônica

O estudo foi apresentado no congresso do American College of Cardiology (ACC 2025).

cápsulas de semaglutida oral

SOUL trial

Desenho do estudo: estudo randomizado duplo-cego, controlado por placebo, orientado por eventos e de superioridade para comparar semaglutida oral uma vez ao dia (dose máxima, 14 mg) e placebo (tratamento padrão).

Desfecho primário: taxa eventos cardiovasculares maiores em um composto de morte por causas cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal ou acidente vascular cerebral (AVC) não fatal (superioridade se p < 0,0282).

Desfechos secundários confirmatórios: primeiro desfecho composto de eventos de doença renal maiores (um desfecho composto de morte cardiovascular, morte relacionada ao rim, redução persistente ≥50% de eGFR, eGFR <15mL/min/1,73m2 persistente ou terapia de substituição renal crônica; superioridade se p < 0,02216), segundo desfecho de morte cardiovascular (superioridade se p < 0,02245) e terceiro desfecho de evento vascular maior periférico de membros inferiores (isquemia aguda ou crônica exigindo hospitalização; superioridade se p < 0,02267).

Outros desfechos (de suporte): componentes individuais dos desfechos compostos, revascularização coronariana, hospitalização por angina instável, morte por causas não cardiovasculares, insuficiência cardíaca, parâmetros metabólicos (HbA1c e peso), marcadores inflamatórios (proteína C reativa ultrassensível), segurança.

Critérios de inclusão: Idade ≥50 anos, diabetes tipo 2 com nível de hemoglobina glicada de 6,5 a 10,0%, histórico de ≥1 das seguintes condições: doença arterial coronariana, doença cerebrovascular, doença arterial periférica sintomática, doença renal crônica.

Leia também: FDA aprova semaglutida para reduzir riscos de doença renal crônica em diabéticos

Resultados

9650 participantes foram randomizados 1:1 para receber placebo ou semaglutida oral nas doses de 3 mg por 4 semanas seguido de 7 mg por 4 semanas e 14 mg até o fim do tratamento que duraria aproximadamente 5 anos; ao final do estudo 4755 (98,5%) e 4740 (98,2%) completaram o tratamento nos grupos semaglutida e placebo, respectivamente.

A idade média dos pacientes foi de 66 anos, 71% homens, HbA1 médoa de 8%, IMC 31, tempo de diabetes de 14, 6 anos, eGFR 74 ml/min, proteína C reativa 2 mg/L, uso de ISGLT2 27%; 56,6% tinham doença aterosclerótica isolada, 13% tinham doença renal isolada e 27% tinham ambas as doenças. O tempo de seguimento médio (±DP) foi de 47,5±10,9 meses, e o acompanhamento mediano foi de 49,5 meses.

Um evento de desfecho primário ocorreu em 579 dos 4825 participantes (12,0%; incidência, 3,1 eventos por 100 pessoas-ano) no grupo de semaglutida oral, em comparação com 668 dos 4825 participantes (13,8%; incidência, 3,7 eventos por 100 pessoas-ano) no grupo placebo em 54 meses de seguimento (HR 0,86; IC95% 0,77 a 0,96; P = 0,0028). A redução absoluta de risco de 2% em 3 anos com NNT de 50.

Dentre os desfechos secundários confirmatórios, houve redução significativa dos eventos vasculares de membros inferiores [HR 0.71 (95% CI: 0.52;0.96); semaglutida 71; placebo 99, taxa de eventos por 100 pessoas-ano: semaglutida 0.4; placebo 0.5]. Os demais desfechos secundários confirmatórios não diferiram significativamente entre os dois grupos.

Mensagem final

Importante destacar que houve eficácia cardiovascular consistente da semaglutida oral em subgrupos por sexo, idade, IMC, eGFR e medicações de uso concomitante.

A incidência de eventos adversos graves foi 47,9% no grupo de semaglutida oral e 50,3% no grupo placebo; a incidência de distúrbios gastrointestinais foi de 5,0% e 4,4%, respectivamente.

Podemos concluir por este estudo que a semaglutida oral foi superior ao placebo na redução da incidência de MACE em pacientes com diabetes tipo 2 e doença arterial aterosclerótica e/ou doença renal crônica e com segurança semelhante aos estudos prévios. Além disso, é o primeiro e único agonista do receptor de GLP-1 oral com benefícios cardiovasculares comprovados até o presente momento.

Confira aqui todos os destaques do ACC 2025!

Dia 31/03, às 20h, acompanhe a live de resumo do congresso com a Afya Cardiopapers! Programe-se!

Autoria

Foto de Sara Del Vecchio Ziotti

Sara Del Vecchio Ziotti

Graduação em Medicina e Clínica médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo

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