Logotipo Afya
Anúncio
Anestesiologia11 fevereiro 2025

Punção óssea intraoperatória: Uma boa opção para emergência? 

Punção intraóssea é particularmente utilizado em situações de difícil acesso venoso tanto periférico como central

A punção intraóssea é uma técnica alternativa para a obtenção de um acesso vascular de forma emergencial, permitindo a administração de fluidos, medicamentos e sangue e derivados de sangue diretamente na medula óssea. Esse procedimento é particularmente utilizado em situações de difícil acesso venoso tanto periférico como central, como, por exemplo, em casos de choque hipovolêmico, traumas graves, queimaduras em grande extensão corporal ou em casos de emergência principalmente pediátricas. 

Embora a punção intraóssea seja mais comumente utilizada em situações de emergência clínica, ela também pode ser uma excelente alternativa em casos de cirurgia onde há dificuldade de acesso venoso em pacientes com veias colapsadas, em choque hipovolêmico ou queimaduras extensas; necessidade de reposição volêmica rápida evitando instabilidade hemodinâmica ou em casos de pacientes pediátricos e neonatais quando a criança possui um acesso venoso difícil. 

Como vantagens inerentes a técnica, podemos citar o acesso rápido e eficaz, a capacidade de administração de grandes volumes de líquido como cristaloides e coloides, medicamentos e sangue, podendo ser utilizada também antes da indução anestésica caso seja necessário, até que um acesso venoso definitivo seja estabelecido. 

A punção pode ser realizada na região tibial proximal (2 cm abaixo da tuberosidade tibial), sendo esse o local mais comum, ou no fêmur distal (acima do côndilo medial) mais utilizado em pediatria, úmero proximal (1-2 cm abaixo do tubérculo maior) sendo uma excelente opção para pacientes adultos, ou na região esternal (mais utilizado em situações militares). Lembrando sempre que não deve ser realizada em ossos fraturados ou com sinais de infecção. 

Para realizar a punção é necessário um dispositivo de punção intraósseo, clorexidina ou álcool 70% para assepsia e antissepsia, luvas estéreis, seringa com soro fisiológico e equipo para hidratação. 

Passo a passo 

  1. Sempre que possível explicar ao paciente o motivo do procedimento;
  2. Posicionar o paciente e identificar o melhor local para a punção; 
  3. Realizar a assepsia e antissepsia do local com clorexidina ou álcool a 70%; 
  4. Utilizar a agulha de punção intraóssea adequada para cada idade e biotipo do paciente; 
  5. Inserir a agulha em um ângulo de 90º aplicando uma pressão e rotação constante até sentir a perda da resistência que significa a entrada da agulha no espaço medular; 
  6. Remover o mandril da agulha e conectar a seringa com solução salina; 
  7. Confirmar o acesso com aspiração de uma pequena quantidade de medula óssea; 
  8. Administrar 10 mL de soro fisiológico em bólus para garantir a permeabilidade do acesso e observar se houve extravasamento para o subcutâneo; 
  9. Conectar o equipo de soro e iniciar a infusão; 
  10. Caso seja necessário, pode ser utilizado um pressurizador para aumentar o fluxo, pois em alguns casos, a resistência óssea pode acabar diminuindo a velocidade de infusão; 
  11. Observar sinais de extravasamento durante toda infusão (edema, dor intensa e sinais de necrose). 

Apesar da punção intraóssea ser uma técnica segura e eficaz quando realizada corretamente, pode haver algumas complicações como extravasamento de fluidos causando síndrome compartimental, infecções no local da punção, dor intensa e fratura óssea. Além disso, existem algumas desvantagens como um fluxo de infusão menor em comparação com acessos periféricos e centrais, não pode ser utilizada por tempo prolongado e em alguns pacientes relatam dor significativa, principalmente em pacientes conscientes. 

Punção óssea intraoperatória: Uma boa opção para emergência? 

Imagem de rawpixel.com/freepik

Considerações finais: punção óssea intraoperatória

Alguns estudos demonstraram que o índice de sucesso e a velocidade de realização da punção intraóssea na primeira tentativa foi superior que as tentativas de punção venosa em pacientes graves vítimas de trauma 

Em emergências intraoperatórias, a punção intraóssea pode salvar vidas ao garantir um acesso vascular imediato e eficaz, porém deve ser substituído por um acesso venoso definitivo o mais rápido possível, assim que a situação clínica do paciente permitir.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Anestesiologia