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Anestesiologia28 janeiro 2025

Cefaleia pós-raqui: Diretrizes gerais para o tratamento 

Artigo revisou riscos e tratamentos atuais para cefaleia pós-punção dural, complicação relativamente frequente após bloqueios neuroaxiais.

A cefaleia pós-raqui ou cefaleia pós-punção dural corresponde a uma complicação comum que ocorre após procedimentos anestésicos de raquianestesia ou anestesia peridural com perfuração da dura-máter de forma acidental, ou após procedimentos de punção liquórica para análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), ou seja, pode ocorrer após qualquer procedimento em que envolva uma punção no espaço subaracnóideo. 

A cefaleia ocorre devido a redução da pressão do LCR causada pelo extravasamento do mesmo através do orifício formado pela punção. 

Geralmente ocorre dentro de 24 a 48 horas após a punção, porém já foram relatados casos com começo dos sintomas em até 5 dias após o procedimento. Caracteriza-se por uma cefaleia incapacitante, geralmente de localização frontal ou occipital, que piora quando o paciente fica em pé, podendo estar associada a sintomas como náuseas, vômitos, distúrbios visuais, zumbidos no ouvido e rigidez de nuca. 

Caso clínico: Cefaleia pós-cesariana

Diretrizes de tratamento 

O tratamento inicia-se com o diagnóstico clínico e irá depender da gravidade dos sintomas e da resposta as terapêuticas iniciais. 

Como medidas conservadoras temos o aumento da ingesta hídrica, principalmente de bebidas ricas em cafeína. O paciente deve ser incentivado a ingerir bastante líquido durante o dia, a fim de aumentar o volume do LCR. Caso o paciente ainda esteja internado, faz-se necessário o aumento da sua hidratação venosa. 

A recomendação para que o paciente permaneça em decúbito dorsal, não é mais indicada, sendo deixado livre para que o paciente decida qual posição se sinta mais confortável. 

O tratamento inicial é feito com analgésicos simples como dipirona associada a mucato de isometepteno e cafeína ou paracetamol com cafeína, ambos na dose de 2 comprimidos de 6 em 6 horas por via oral e anti-inflamatórios não esteroidais como ibuprofeno caso não haja alergias ou contraindicações. Se não houver melhora após 24 horas, pode-se associar amitriptilina na dose de 25 mg à noite. Na maioria dos casos, o tratamento oral é eficaz e ocorre resolução completa do quadro em aproximadamente três dias. 

Os passos seguintes  

Caso não haja melhora do quadro, o tratamento invasivo como o blood patch, ou tamponamento sanguíneo, é indicado, nesse caso o paciente necessita ser internado e realizado o procedimento em ambiente cirúrgico e asséptico por um profissional anestesista. 

O procedimento consiste na realização de uma nova punção, no mesmo espaço que foi puncionado anteriormente e injetado de 10 a 20 mL de sangue do próprio paciente a fim de promover o selamento do local de vazamento e a restauração da pressão liquórica. Esse procedimento tem uma taxa de sucesso de mais de 90% e o alívio é imediato. 

No caso da realização do blood patch, deve-se evitar o uso de anti-inflamatórios e antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes pelo período de 24 horas. 

  1. Diagnóstico; 
  2. Aumento da ingesta hídrica ou hidratação venosa; 
  3. Analgésicos com cafeína e antinflamatórios convencionais; 
  4. Amitriptilina; 
  5. Caso refratários realizar blood patch. 

Considerações finais 

Prevenir a cefaleia pós-raqui é o melhor tratamento, especialmente em pacientes de alto risco como mulheres jovens, com IMC baixo e gestantes. Como prevenção podemos citar o uso de agulhas finas e atraumáticas, realizar a punção com o bisel da agulha voltado para cima a fim de fazer a proteção das fibras durais, evitar múltiplas tentativas de punção e realizar uma hidratação adequada após o procedimento. 

De qualquer forma, apesar de bastante desconfortável, a cefaleia pós-raqui tem um prognóstico benigno, com remissão completa do quadro sem sequelas após alguns dias de tratamento.

Saiba mais: Laringoespasmo na anestesia. Como proceder?

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