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Neurologia19 novembro 2025

Associação das vitaminas B1, B6 e B12 IM: quando, como e por que usar?

Descubra, no vídeo, como o complexo B intramuscular atua no metabolismo neuronal, na dor neuropática e na reposição de vitamina B12, com base em evidências clínicas recentes.
Por Carolina Braga

Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Arese de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.

O complexo B intramuscular, formado pelas vitaminas B1, B6 e B12, tem papel central no cuidado neurológico e na analgesia.1-3 Essas vitaminas sustentam o metabolismo energético dos neurônios, a síntese de neurotransmissores e a regeneração da mielina, contribuindo para o tratamento de neuropatias periféricas e dores musculoesqueléticas.2,3

As evidências mostram que a combinação B1+B6+B12 favorece a melhora funcional e o alívio da dor, especialmente quando usada por via intramuscular. Essa via é preferida em casos de má absorção, sintomas neurológicos ou quando há necessidade de resposta rápida.3.13 Protocolos clínicos incluem fases de ataque com vitamina B12 IM e manutenção mensal, podendo associar séries de B1+B6+B12 por oito semanas como adjuvante na analgesia multimodal.12

A triagem de deficiências deve priorizar grupos de risco, como idosos, vegetarianos, gestantes e usuários crônicos de metformina, e sempre contar com monitorização clínica e laboratorial.6,8,13 Quando bem indicada e acompanhada, a reposição intramuscular do complexo B oferece suporte neurotrófico, segurança e potencial analgésico, tornando-se uma aliada valiosa na prática médica.3,13

🎧 Este conteúdo faz parte da nossa masterclass sobre o uso do complexo B intramuscular. Leia a transcrição completa do episódio abaixo e, ao final, assista ao vídeo completo.

 

Transcrição do vídeo:

As vitaminas neurotróficas B1, B6 e B12 ocupam lugar central no metabolismo neuronal, na síntese de neurotransmissores, na manutenção da mielina e na eritropoese.1-3,8,10 Na prática clínica, sustentam estratégias de prevenção e tratamento de síndromes carenciais, compõem o manejo de neuropatias periféricas e podem atuar como adjuvantes analgésicos na dor musculoesquelética aguda.1,2

Esta masterclass integra fundamentos de fisiologia, rastreamento e diagnóstico, comparação de rotas terapêuticas, protocolos práticos e recomendações de segurança, apoiando-se em consensos e revisões recentes.

A tiamina (vitamina B1) participa como cofator da piruvato desidrogenase, da α-cetoglutarato desidrogenase e da transcetolase, sustentando o fluxo do ciclo de Krebs e da via das pentoses em neurônios. A depleção reduz a geração de ATP, compromete o transporte axonal e favorece degeneração distal com dor neuropática e fraqueza, sobretudo em alcoolismo, hipóxia tecidual e estados hipermetabólicos.3

A forma ativa tiamina pirofosfato ativa transcetolase na via das pentoses, piruvato desidrogenase na glicólise e α-cetoglutarato desidrogenase no ciclo de Krebs. Resultado prático: geração de ATP e NADPH para síntese de nucleotídeos, neurotransmissores e mielina, além de suprimento de acetil-CoA para acetilcolina. A queda dessas atividades diminui condução nervosa e aumenta estresse oxidativo, com risco de dano neuronal. Além do papel coenzimático, a B1 modula membranas e canais iônicos, influenciando a excitabilidade neuronal.3

Em carência grave, a excitotoxicidade mediada por NMDA contribui para encefalopatia de Wernicke; no SNP, predominam polineurite e dor neuropática. 3 O esquema da figura 1 no slide sintetiza esses nós metabólicos e a conexão bioenergética entre glicólise, via das pentoses e Krebs.3

A piridoxina (vitamina B6), na forma ativa piridoxal-5-fosfato, viabiliza reações de descarboxilação e transaminação essenciais à síntese de GABA, serotonina e dopamina. Tem papel na mielinização e na modulação nociceptiva. A deficiência cursa com neuropatia e, em extremos, convulsões; doses elevadas e prolongadas podem causar neuropatia sensorial tóxica, exigindo limite de dose e tempo com vigilância de sintomas sensitivos.3

Em analgesia e neuroproteção interessam três frentes: 1) descarboxilação de L-DOPA e 5-HTP via AADC; 2) controle do balanço excitatório-inibitório por conversão de glutamato em GABA; 3) síntese de esfingolipídeos para mielina. As figuras 2A e 2B nos slides ilustram etapas PLP-dependentes nas vias dopaminérgica e serotoninérgica e a interface PLP-B12 no metabolismo de um carbono. 3

A cobalamina (vitamina B12) circula como ciano-, hidroxi-, metil- ou adenosilcobalamina, mas os efeitos clínicos dependem da conversão intracelular em metilcobalamina e adenosilcobalamina, coenzimas das reações metionina sintase e metilmalonil-CoA mutase. A absorção fisiológica exige ácido gástrico e pepsina, haptocorrina, fator intrínseco e receptor ileal; qualquer ruptura reduz a biodisponibilidade. 1-4

As formas alimentares são internalizadas, convertidas ao esqueleto Cbl e remontadas em metilcobalamina (citossólica) e adenosilcobalamina (mitocondrial).3 Não há vantagem clínica comprovada de ingerir diretamente as formas coenzimáticas, pois a ativação é intracelular.1 A adenosilcobalamina sustenta a metilmalonil-CoA mutase, formando succinil-CoA; a metilcobalamina é cofator da metionina sintase, que remete Hcy a metionina e permite a síntese de SAM.3

Na carência, sobem Hcy e ácido metilmalônico, cai SAM, e a mielina sofre por hipometilação e incorporação anômala de ácidos graxos, gerando desmielinização e déficit sensitivo-proprioceptivo. A figura 3 resume o trânsito da holo-transcobalamina e as reações MS e MCM, conectando B12 a neurotransmissores, fosfatidilcolina e mielina.3

B1, B6 e B12 convergem em vias interligadas: B1 aporta energia e poder redutor; B6 garante neurotransmissão e modula excitabilidade glutamatérgica via GABA; B12 fecha o ciclo por metilação e remielinização. A tabela 1 destaca rotas sobrepostas e sinergia.3

Em PN diabética experimental, B1+B6+B12 superaram monoterapias na redução de hiperalgesia térmica e na restauração da função nervosa. Em humanos, séries e estudos não intervencionais sugerem alívio de dor, queimação, parestesias e dormência com combinações em doses farmacológicas.3,5

A plausibilidade analgésica decorre de efeitos sobre metabolismo energético, neurotransmissão, mielina, sinalização anti-inflamatória e antioxidante, e ativação de vias descendentes moduladoras da dor. Modelos pré-clínicos indicam melhora de condução, remielinização e recuperação funcional com vitaminas do complexo B em conjunto, achados coerentes com o uso em neuropatias e como adjuvantes em dor musculoesquelética. 3,5

B12 isolada não é equivalente ao complexo B. A cobalamina corrige defeitos de um carbono, normalizando metionina sintase e metilmalonil-CoA mutase e restaurando síntese de DNA, metilação e mielina. B1 e B6 atuam, respectivamente, na bioenergética axonal e na neurotransmissão e mielina por reações PLP-dependentes.3

O complexo B pode oferecer suporte neurotrófico e efeito adjuvante analgésico, mas não substitui reposição específica de B12 quando a deficiência é documentada ou provável. Quanto à via, altas doses orais de B12 funcionam quando existe absorção residual.3,4,6

A via intramuscular supera a oral quando há baixa biodisponibilidade ou necessidade de correção rápida, como em pós-bariátrico, uso prolongado de metformina, hipocloridria por IBP ou H2, insuficiência digestiva, doença ileal, anemia perniciosa, manifestações neurológicas em progressão e adesão incerta. Após estabilização, pode-se migrar para manutenção oral com monitorização clínica e bioquímica.1-4,6,8

Priorizar triagem em idosos, vegetarianos e veganos, gestantes e lactantes, pós-bariátricos, portadores de doenças do TGI, usuários crônicos de metformina, IBP e H2, além de alcoolismo e desnutrição. Doenças autoimunes da tireoide aumentam o risco de anemia perniciosa.1,2,4,8,9

A B12 sérica é exame de triagem. Resultados limítrofes pedem ácido metilmalônico e homocisteína; a holotranscobalamina agrega especificidade quando disponível. O hemograma detecta macrocitose e citopenias, lembrando que a deficiência de B12 pode ser neurológica pura.9,13,14

Tratar apenas com folato quando a B12 não foi excluída pode mascarar a anemia e piorar a lesão neurológica.2,8 Na suspeita de encefalopatia de Wernicke, a tiamina parenteral é o tratamento.14

B12 oral em alta dose e intramuscular. Ensaios e revisões indicam que doses orais elevadas corrigem a deficiência quando há absorção residual, enquanto a via intramuscular contorna a barreira gastrointestinal e oferece entrega rápida e previsível.6,8,14

A via IM é preferível em má absorção comprovada ou provável, em manifestações neurológicas agudas ou progressivas e quando se deseja correção acelerada, com possível transição posterior para manutenção oral conforme resposta e preferência.1-3,6,7,13 Formas orais com tecnologia de carreamento mostraram maior biodisponibilidade em deficientes, mas não substituem a via parenteral em má absorção verdadeira.2

Formulações parenterais combinam tipicamente tiamina 100 mg, piridoxina 100 mg e cianocobalamina 1 mg por ampola. Estudos clínicos utilizaram séries de cerca de dez injeções ao longo de 10 a 14 dias como adjuvantes a AINEs na dor lombar, com boa tolerabilidade.11

Deficiência documentada ou provável. Sem sinais neurológicos e com absorção preservada, pode-se usar B12 oral em alta dose por quatro semanas, seguida de manutenção com monitorização bioquímica.13

Em quadros com manifestações neurológicas ou má absorção, recomenda-se fase de ataque intramuscular, por exemplo, 1 mg em dias alternados por duas semanas, depois semanal por quatro a seis semanas, e manutenção mensal com reavaliação clínica e laboratorial.1,6,7

Em encefalopatia de Wernicke, a tiamina parenteral é mandatória e urgente; o uso crônico de piridoxina em altas doses exige vigilância para neurotoxicidade.3,14

Em polineuropatias diabética, alcoólica e outras, B1+B6+B12 podem integrar abordagem multimodal — suporte bioenergético axonal, modulação de neurotransmissores, redução do estresse oxidativo e facilitação de remielinização.3,13,14

Revisões e consensos descrevem benefício sintomático e potenciais sinais de neuroproteção; a heterogeneidade de desenhos e doses limita conclusões definitivas em não carentes, reforçando a necessidade de ensaios maiores.3,12,14

Em lombalgia aguda, séries e pilotos sugerem que diclofenaco associado a complexo B intramuscular pode encurtar o tempo de AINE e acelerar o alívio, com segurança semelhante ao AINE isolado. Fora desse contexto, a evidência de alta qualidade ainda é escassa, embora haja relatórios de utilidade adjuvante em osteoartrite e pós-operatório.11,15

Para deficiência com manifestações neurológicas ou má absorção, recomenda-se ataque intramuscular com cobalamina, seguido de manutenção e reavaliação clínica e bioquímica em quatro a oito semanas. Sem manifestações neurológicas e com absorção presumida, a via oral em alta dose por quatro semanas, seguida de manutenção, é apropriada, confirmando resposta bioquímica.1,2,13

Em usuários de metformina, sugere-se triagem anual, com tratamento conforme gravidade e absorção. No pós-bariátrico, a monitorização deve ser seriada, e a necessidade de manutenção crônica é comum.1,8,13,14

Em neuropatia dolorosa, B1+B6+B12 podem ser considerados por oito semanas como adjuvantes à analgesia multimodal e exercício físico, com metas clínicas e atenção à toxicidade por piridoxina.3,12,13

A correção da deficiência de B12 é eficaz por via oral em alta dose e por via intramuscular. A escolha depende da causa, da gravidade e da urgência, com preferência inicial pela via parenteral em quadros neurológicos e em má absorção.6,7,8,14

A tiamina é intervenção emergencial na encefalopatia de Wernicke. A piridoxina requer vigilância em uso prolongado. Combinações B1+B6+B12 podem reduzir dor neuropática como adjuvantes, sem substituir o tratamento da deficiência documentada. Protocolos de rastreamento por risco e monitorização periódica aumentam segurança e efetividade.

Clique aqui para assistir à masterclass completa!

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Foto de Carolina Braga

Carolina Braga

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