Introdução
A dor e a febre são sintomas comuns que levam muitos pacientes a buscar atendimento médico, seja em emergências ou em consultas de atenção primária. É crucial que os médicos saibam como manejar esses sintomas de forma eficaz para proporcionar alívio rápido e seguro aos pacientes.
Avaliação da dor
A primeira etapa no manejo da dor é a avaliação da sua intensidade. Existem diversas escalas para isso, como a escala visual numérica e a escala visual analógica. Para pacientes que não conseguem se comunicar verbalmente, como crianças pequenas ou pacientes com deficiências cognitivas, podem ser usadas escalas de faces ou comportamentais.
Escada analgésica da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso da escada analgésica para o tratamento da dor, que é baseada na intensidade do sintoma. A escada é dividida em três níveis:
- Dores leves: Tratadas com analgésicos comuns.
- Dores moderadas: Requerem a combinação de analgésicos comuns com opioides fracos.
- Dores intensas: Necessitam de opioides fortes em sinergia com analgésicos comuns.
Principais fármacos utilizados
Analgésicos comuns
- Dipirona: Administrada via oral, endovenosa ou intramuscular, com dose usual de 500 a 1000 mg a cada 6 horas. Atua inibindo prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. Contraindicada em casos de porfiria hepática aguda, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e alergia à dipirona. Efeitos colaterais raros incluem anemia aplástica e agranulocitose.
- Paracetamol: Pode ser administrado oralmente, retalmente ou endovenosamente, com dose de 500-1000 mg a cada 4-6 horas, não excedendo 4 g/dia. Atua inibindo enzimas ciclo-oxigenases no sistema nervoso central. Deve ser usado com cautela em pacientes com hepatopatia crônica.
Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)
Os AINEs inibem as enzimas ciclo-oxigenases (COX), responsáveis pela produção de prostaglandinas. Existem duas formas de COX: COX1, associada a processos homeostáticos, e COX2, associada a estados inflamatórios. A inibição seletiva da COX2, presente em drogas como nimesulida e meloxicam, reduz os efeitos adversos gastrointestinais, mas pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares.
- Cetoprofeno: Administrado via oral, endovenosa ou intramuscular, com dose máxima de 300 mg/dia.
- Ibuprofeno: Disponível em formulação oral e intravenosa, com dose oral máxima de 3200 mg/dia.
- Diclofenaco: Dose oral de 50 mg a cada 8 horas ou 100 mg a cada 12 horas, não excedendo 200 mg/dia.
- Nimesulida: Administrada oralmente, com dose usual de 50-100 mg duas vezes ao dia, não excedendo 400 mg/dia.
Opioides
Para dores moderadas, opioides fracos como tramadol e codeína são indicados. Para dores intensas, opioides fortes como morfina, metadona e oxicodona são necessários.
- Tramadol: Dose de 50 a 100 mg a cada 6 horas, com dose máxima de 400 mg/dia.
- Codeína: Dose inicial de 15 a 60 mg a cada 4 horas, com dose máxima de 360 mg/dia.
- Morfina: Administrada via oral, subcutânea, intramuscular ou endovenosa, com dose inicial de 5 a 30 mg a cada 4 horas.
- Metadona: Dose oral de 2,5 a 10 mg a cada 6, 8 ou 12 horas.
- Oxicodona: Dose inicial de 10 mg a cada 12 horas, ajustada conforme a tolerância.
Controle da febre
No Brasil, os principais medicamentos usados para controle da febre são dipirona, paracetamol e ibuprofeno. Estudos mostram que dipirona e ibuprofeno têm eficácia semelhante no controle da febre, com início de ação rápido e bom controle do sintoma em duas horas. No entanto, ibuprofeno pode proporcionar antipirese mais rápida e duradoura em casos de febre alta.
Considerações finais
O manejo eficaz da dor e da febre é essencial na prática médica. A escolha do tratamento deve considerar a intensidade dos sintomas e os possíveis efeitos adversos dos medicamentos. Analgésicos comuns, AINEs e opioides são ferramentas valiosas no arsenal terapêutico, e seu uso adequado pode proporcionar alívio significativo aos pacientes.
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