Introdução
Náuseas e vômitos são sintomas comuns que levam muitos pacientes a buscar atendimento médico. O manejo eficaz dessas condições é essencial para todos os profissionais de saúde. Este artigo aborda as estratégias mais recentes e eficazes para o tratamento de náuseas e vômitos, com base nas melhores práticas e evidências científicas.
Avaliação inicial
A avaliação inicial de náuseas e vômitos deve incluir uma história clínica detalhada e um exame físico completo. É crucial diferenciar entre sintomas agudos (menos de 7 dias) e crônicos (mais de 4 semanas). Nos casos agudos, as causas mais comuns incluem efeitos colaterais de medicamentos, ingestão excessiva de álcool, doenças gastrointestinais infecciosas ou intoxicação alimentar. Já nos casos crônicos, é necessário investigar a etiologia para guiar o tratamento definitivo.
Fisiopatologia
Os sintomas de náuseas e vômitos resultam de uma interação complexa entre o sistema nervoso central (SNC), trato gastrointestinal e sinalização neuroendócrina. O “centro do vômito” no SNC, que inclui o núcleo do trato solitário e a formação reticular, pode ser ativado por várias vias, incluindo o trato gastrointestinal, o córtex cerebral, o centro vestibular e a área postrema.
Principais causas
As principais causas de náuseas e vômitos incluem:
- Neoplasias: Tanto pela doença quanto pelo tratamento (quimioterapia ou radioterapia).
- Gravidez.
- Medicamentos: Anti-inflamatórios, antiarrítmicos, opioides, antibióticos, levodopa, antiepiléticos.
- Abdome agudo: Volvo de sigmoide, pancreatite, colecistite, apendicite.
- Doenças gastrointestinais crônicas: Gastroparesia, dispepsia, pseudobstrução intestinal, síndrome de vômitos cíclicos, doença inflamatória intestinal.
- Pós-operatório.
- Distúrbios metabólicos: Acidose, hipercalcemia, hiponatremia, hipocalemia, uremia, insuficiência adrenal, hiperparatireoidismo.
- Doenças vestibulares: Doença de Meniere, labirintite, vertigem paroxística posicional benigna, cinetose.
- Doenças neurológicas: Hidrocefalia, hemorragia no SNC, hipertensão intracraniana.
- Doenças psiquiátricas: Ansiedade, depressão, bulimia, anorexia.
Investigação básica
Além da história clínica e exame físico, exames laboratoriais como hemograma completo e eletrólitos são fundamentais. Outros exames devem ser guiados pela suspeita clínica, como beta-HCG na suspeita de gravidez, proteína C reativa, enzimas hepáticas e pancreáticas, TSH e cortisol sérico. Exames de imagem, como tomografia computadorizada ou endoscopia digestiva alta, podem ser necessários em casos específicos.
Tratamentos disponíveis
Antihistamínicos
Dimenidrato e meclizina são exemplos de antihistamínicos usados para sintomas de origem vestibular. Dimenidrato é administrado em doses de 50 a 100 mg a cada quatro a seis horas, enquanto meclizina é usada em doses de 25 a 100 mg ao dia.
Antimuscarínicos
Escopolamina é um antimuscarínico comum, utilizado para prevenir náuseas associadas ao movimento e pós-operatório. A dose usual é de 10 a 20 mg de três a cinco vezes ao dia.
Antidopaminérgicos
Clorpromazina e levomepromazina são antidopaminérgicos com efeitos antipsicóticos e antieméticos. Clorpromazina é administrada em doses de 25 a 1600 mg ao dia, enquanto levomepromazina é usada preferencialmente em cuidados paliativos.
Benzamidas
Metoclopramida, bromoprida e domperidona são benzamidas com efeitos antieméticos e procinéticos. Metoclopramida é administrada em doses de 10 mg três vezes ao dia, enquanto bromoprida é usada em doses de 10 mg duas a três vezes ao dia.
Antagonistas serotoninérgicos
Ondansetrona é um antagonista serotoninérgico usado principalmente em pacientes oncológicos. A dose recomendada é de 8 mg duas vezes ao dia.
Antagonistas de neurocinina 1
Aprepitanto é utilizado na prevenção de náuseas e vômitos associados à quimioterapia, com doses de 125 mg no primeiro dia, seguidas de 80 mg nos dois dias subsequentes.
Corticosteroides
Dexametasona é o corticosteroide mais usado para náuseas e vômitos, especialmente em pacientes oncológicos e pós-operatório. A dose recomendada é de 4 a 8 mg ao dia.
Terapias não farmacológicas
Intervenções não farmacológicas, como aromaterapia, acupuntura, ingestão de gengibre, música e visitas hospitalares, têm mostrado eficácia no controle de náuseas e vômitos, especialmente no pós-operatório.
Considerações finais
O manejo de náuseas e vômitos envolve uma ampla gama de opções terapêuticas. A escolha do tratamento deve ser baseada na etiologia dos sintomas e nas características individuais de cada paciente. As novas formulações, como o filme oral de ondansetrona, prometem maior eficácia mesmo em pacientes com vômitos frequentes.
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