A constipação intestinal crônica (CIC) é uma condição que afeta muitas pessoas, causando desconforto e impactando significativamente a qualidade de vida. Definida como dificuldade persistente para evacuar por pelo menos três meses em adultos e por pelo menos um mês em crianças e adolescentes, a CIC não se resume apenas à infrequência de evacuações, mas também inclui sintomas como esforço excessivo, fezes endurecidas e sensação de evacuação incompleta. Compreender as causas, diagnóstico e tratamento é essencial para manejar essa condição de forma eficaz.
Causas da constipação intestinal crônica
As causas da CIC podem ser divididas em primárias e secundárias. As causas primárias incluem transtornos de evacuação retal, como dissinergia do assoalho pélvico, constipação de trânsito lento e constipação funcional. Já as causas secundárias podem ser atribuídas a doenças sistêmicas, como hipotireoidismo, uso de opioides e distúrbios neurológicos, como Parkinson. Fatores comportamentais, como dieta pobre em fibras e baixa ingestão de líquidos, também são comuns. Em crianças, 95% das constipações são de origem funcional, muitas vezes associadas a comportamentos de retenção.
Diagnóstico da constipação crônica
O diagnóstico da CIC começa com uma história clínica detalhada e exame físico. É importante identificar sinais de alerta, como sangue nas fezes ou perda de peso inexplicada. Testes funcionais, como manometria anorretal, teste de expulsão de balão e exames de trânsito colônico, ajudam a diferenciar os subtipos de constipação. Os Critérios de Roma IV são amplamente utilizados para classificar a constipação funcional quando não há causas orgânicas identificáveis.
Sintomas associados e uso de antiespasmódicos
Cólicas e dores abdominais são frequentes na constipação crônica, muitas vezes associadas a desordens gastrointestinais funcionais, como a síndrome do intestino irritável (SII). Os antiespasmódicos, como a hioscina, são eficazes no alívio desses sintomas. A hioscina atua bloqueando a ação da acetilcolina em receptores muscarínicos, diminuindo a contração do músculo liso e aliviando a dor abdominal. Estudos mostram que a hioscina é eficaz no controle da dor abdominal funcional, com boa tolerabilidade clínica.
Tratamento da constipação intestinal crônica
O tratamento da CIC inclui intervenções não farmacológicas e farmacológicas. Alterações no estilo de vida são a primeira linha de tratamento, como aumento do consumo de fibras (20 a 35 g/dia), ingestão de líquidos (1,5 a 2 L/dia) e prática regular de exercícios físicos. Medicamentos como laxantes osmóticos (por exemplo, polietilenoglicol) e agentes procinéticos também são amplamente utilizados. Para casos mais graves, terapias como biofeedback para disfunções do assoalho pélvico ou intervenções cirúrgicas, como colectomia, podem ser consideradas.
Casos clínicos e abordagens práticas
- Caso 1: Uma mulher de 60 anos apresenta evacuações a cada sete dias, associadas a fezes muito endurecidas e esforço intenso. O teste de trânsito colônico revelou constipação de trânsito lento. A abordagem incluiu mudanças na dieta, com aumento de fibras e líquidos, além de laxantes osmóticos. Se os sintomas persistirem, procinéticos como prucaloprida podem ser considerados.
- Caso 2: Um homem de 45 anos relata dificuldade extrema para evacuar, precisando de manobras digitais frequentes. A manometria confirmou dissinergia do assoalho pélvico. A terapia de biofeedback foi indicada para melhorar a coordenação muscular, com excelentes perspectivas.
- Caso 3: Uma adolescente de 17 anos começou a sofrer de constipação após mudar de cidade. Negava outros sintomas ou condições prévias. O diagnóstico foi de constipação funcional. O foco foi na reeducação alimentar e na criação de uma rotina intestinal, com suporte psicológico para adaptação ao novo ambiente.
Conclusão
A constipação intestinal crônica é uma condição complexa que requer uma abordagem multifacetada para seu manejo eficaz. Compreender as causas, realizar um diagnóstico preciso e implementar um tratamento adequado são passos essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Alterações no estilo de vida, uso de medicamentos e terapias específicas podem proporcionar alívio significativo dos sintomas e prevenir complicações.
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