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Terapia Intensiva17 setembro 2024

Reinternações e mortalidade a longo prazo de sobreviventes de Sepse 

Estudo avaliou o impacto da sepse sobre milhares de sobreviventes que passaram por unidades de terapia intensivas na Suécia

A sepse é uma síndrome decorrente de infecções com a presença de disfunções orgânicas. Pneumonia, bacteremias, infecções intra-abdominais e do trato urinário estão entre as causas mais comuns. Há indicação de diagnóstico e tratamento iniciados rapidamente após a chegada na Emergência, sendo o tempo até a administração de antibiótico(s) adequado(s) o principal fator prognóstico para sobrevivência. Nos últimos anos, várias observações apontam que mesmo após 6 meses da alta hospitalar, cerca de um terço dos pacientes ainda sofrem de morbidades/sequelas e de 20% a 30% acabam morrendo. Porém estas últimas evidências são decorrentes de coortes menores, de estudos de 1 ou poucos centros, gerando dúvida na magnitude destes efeitos pós-alta hospitalar. Existe também dúvida se a sepse proveniente de infecções comunitárias pode estar associadas a outras doenças no médio e longo prazo.  

Reinternações e mortalidade a longo prazo de sobreviventes de Sepse 

Imagem de freepik

Estudo de coorte baseado na população sueca

Neste estudo, os autores coletaram dados de mais de 47 mil pacientes adultos que internaram com sepse a partir de infecções de origem comunitária, entre 2008 e 2019. Excluiu-se pacientes que tiveram internação recente, procedimentos cirúrgicos e algumas internações eletivas, permanecendo 20.313 admissões. Eles usaram um grupo controle de quase 400 mil pacientes com internações por outras causas. Balanceou-se os grupos para comparação, com critérios de idade, sexo, época da internação, nível socioeconômico, região da residência e comorbidades. 

De um modo geral, pacientes sépticos apresentaram menor nível socioeconômico, mais comorbidades e maior uso do sistema de saúde. Reinternações foram mais frequentes nos pacientes com sepse: eles precisaram de 5 internações hospitalares durante o seguimento de 5 anos, enquanto os outros pacientes controles internaram em média 3 vezes. Pneumonia e infecção do trato urinário foram as infecções mais associadas ao retorno ao hospital. 

A mortalidade foi de 27% nos primeiros 30 dias após admissão, e de 56% durante todo o “follow-up”. A população controle apresentou mortalidade de 26% no mesmo período. As causas de morte que predominaram na população séptica foram de infecções (15%), câncer (16%) e doenças cardiovasculares (18%). No grupo controle, estas causas foram 3%, 7% e 11%, respectivamente. A associação entre sepse e mortalidade a longo prazo foi muito forte nos subgrupos de pacientes com idade abaixo de 65 anos e em pacientes previamente saudáveis, sem comorbidades. 

A sepse pode ter sido um primeiro sinal de alguma doença grave: os sobreviventes apresentaram uma incidência de câncer maior que na população controle nos 3 a 5 anos após a alta hospitalar. 

Este estudo sueco tem uma grande vantagem: os serviços de saúde são universais naquele país, logo permite a observação a longo prazo, com quase nenhuma perda de seguimento. Os autores também elogiaram a codificação dos diagnósticos de infecções nos prontuários, fruto do trabalho de unificação de informações de saúde na Suécia. 

Uma limitação deste estudo foi que se incluiu apenas os pacientes que internaram em UTI durante o período. Portanto, a significativa morbimortalidade a longo prazo pode ser relativamente menor para pacientes com sepse que não precisaram de admissão em unidade fechada. 

Concluindo, um episódio de sepse, de origem comunitária, tem efeitos significativos a longo prazo, com maior taxa de reinternações hospitalares e mortalidade. O estudo também sugere que a incidência de outras doenças, como neoplasia, aparecem mais frequentemente nos sobreviventes de sepse, mesmo naqueles sem outros fatores de risco para estas outras patologias. O acompanhamento após a alta hospitalar deve ser oferecido aos pacientes mais graves com sepse, com “follow-up” multidisciplinar, com foco em redução de morbidade (clínica, funcional e/ou psicológica).

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Referências bibliográficas

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