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Terapia Intensiva30 julho 2024

Quais os limites da hipercapnia permissiva? 

Ainda não há consenso na literatura sobre quais os limites e eventuais alvos da hipercapnia permissiva
Por Leandro Lima

A ventilação mecânica (VM) protetora, pautada na administração de pequenos volumes correntes (geralmente 6 mL/kg de peso predito pela altura), visa limitar a pressão nas vias aéreas e restringir a pressão de sobredistensão alveolar, atuando como um mecanismo protetor contra o barotrauma, atelectrauma e biotrauma.   

Trata-se, portanto, de uma estratégia particularmente útil na síndrome do desconforto respiratório do adulto (SDRA), cenário em que a complacência pulmonar encontra-se reduzida e no qual se associa à redução da mortalidade.   

A limitação do volume minuto, entretanto, frequentemente implica em acidose respiratória hipercápnica, condição que tem o potencial de prejudicar a contratilidade miocárdica e afetar o sistema imunológico, com base em estudos experimentais em animais.  

Leia também: Prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica em UTI

A despeito das preocupações anteriormente elencadas, os benefícios da estratégia de VM protetora na SDRA superam os riscos, sendo comumente bem tolerada, desde que respeitadas as contraindicações, como a hipertensão intracraniana.   

Uma pergunta que naturalmente emerge é quanto aos seus limites, bem como eventuais alvos da hipercapnia permissiva, dados sobre os quais ainda não há consenso na literatura, de forma que os conceitos mais difundidos são de que dificilmente será necessária elevação da pCO2 para além de 80 a 100 mmHg, e que se deve manter o pH arterial superior a 7,2. Caso a acidemia se agrave, com pH menor ou igual a 7,2, a conduta mais frequente, baseada na opinião de especialistas, é a administração de bicarbonato de sódio (por exemplo, 100 mEq diluídos em 1L de soro glicosado a 5% a infundidos a uma vazão de 100 mL/h).   

Quais os limites da hipercapnia permissiva 

Imagem de freepik

Conclusão e mensagens práticas: hipercapnia permissiva  

  • A estratégia de ventilação mecânica (VM) protetora, amplamente adotada na síndrome do desconforto respiratório do adulto (SDRA), implica, com frequência, em acidose respiratória. 
  • Os efeitos deletérios da hipercapnia têm sido aventados em estudos experimentais em modelos animais, mas os benefícios superam os eventuais riscos, com impacto positivo da VM protetora sobre a mortalidade da SDRA. 
  • Os limites da hipercapnia permissiva não estão claros, embora dificilmente seja necessário que a pCO2 ultrapasse a marca dos 80 a 100 mmHg. Em relação ao pH, a meta é evitar valores menores ou iguais a 7,2, condições em que se pode recorrer, com base em opinião de especialistas, à infusão de solução bicarbonatada.
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Referências bibliográficas

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