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Terapia Intensiva2 novembro 2022

Infusão de ampicilina e sulbactam em alta dose: opção para sepse e choque séptico?

A administração de antibióticos de forma precoce é um dos pilares para o manejo adequado de quadros de sepse e choque séptico.

A otimização de parâmetros de farmacocinética e farmacodinâmica (Pk/Pd) vem ganhando destaque como forma de tentar melhorar os desfechos para sepse e choque séptico, condições de alta mortalidade, uma vez que pode maximizar a eficácia e reduzir o desenvolvimento de resistência antimicrobiana.

Os betalactâmicos são antibióticos tempo-dependentes, com sua eficácia terapêutica é dependente do tempo em que a concentração plasmática da droga permanece acima da MIC da bactéria. Apesar de tradicionalmente serem administrados em bolus ou em infusões curtas, estudos têm demonstrado maior eficácia de infusões prolongadas ou contínuas.

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Ampicilina/sulbactam é uma opção terapêutica em infecções por Acinetobacter baumannii multirresistente quando administrada em altas doses (9 g, IV, 8/8 horas). Sendo um betalactâmico combinado com um inibidor de betalactamase, teoricamente a administração de infusões prolongadas poderia trazer benefícios, mas até o momento não existem ensaios clínicos comparando diferentes velocidades de infusão.

Um estudo recentemente publicado procura avaliar diferenças de eficácia entre infusões de 4 horas e de 30 minutos dessa combinação antimicrobiana.

Infusão de ampicilina e sulbactam em alta dose opção para sepse e choque séptico

Materiais e métodos

Trata-se de um ensaio clínico randomizado conduzido em duas unidades de terapia intensiva iranianos. Os critérios de inclusão foram: idade ≥ 18 anos, diagnóstico de sepse ou choque séptico nas 24 horas anteriores à entrada no estudo e tratamento com ampicilina/sulbactam. Gestantes, e pacientes com história de alergia à ampicilina/sulbactam, que tenham recebido administração de ampicilina/sulbactam por mais de 24 horas nos 7 dias anteriores à entrada no estudo, com taxa de filtração glomerular < 10 ml/min ou que necessitaram de diálise foram excluídos.

O desfecho clínico primário foi cura clínica ao final do tratamento, definido como a porcentagem de pacientes em que todos os sinais e sintomas relacionados à infecção, hipotermia ou hipertermia e leucocitose tenham desaparecido completamente. Desfechos secundários incluíram taxas de mortalidade no CTI e hospitalar, duração de internação hospitalar e no CTI, tempo de tratamento e duração de ventilação mecânica.

Resultados

Foram incluídos 136 pacientes, 68 em cada grupo. Os grupos foram semelhantes em suas características sociodemográficas, clínicas e laboratoriais, exceto no local de infecção: infecções de corrente sanguínea foram as predominantes no grupo que recebeu infusão prolongada, enquanto infecções com múltiplos focos foram as mais frequentes no grupo controle. A mediana de idade foi de 53,46 anos e a maioria dos participantes era homem (55,1%). A bactéria mais frequentemente isolada em ambos os grupos foi A. baumannii. Todos os pacientes receberam terapia combinada com outros antimicrobianos, os quais não diferiram entre os grupos.

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A taxa de cura clínica foi significativamente maior no grupo de infusão prolongada em relação ao grupo controle (63,2% vs. 45,6%, respectivamente; p = 0,039). Ao mesmo tempo, a taxa de mortalidade no CTI foi significativamente menor no grupo de infusão prolongada (17,6% vs. 33,8%; p = 0,031), assim como a taxa de mortalidade hospitalar (20,6% vs. 36,8%; p = 0,037). Não houve diferença clinicamente significativa entre duração de internação no CTI e nem hospitalar. Na análise univariada, a taxa de cura clínica for significativamente maior no grupo de participantes que receberam infusão prolongada (OR = 2,053; IC 95% = 1,034 – 4,077; p = 0,04).

Eventos adversos atribuídos à ampicilina/sulbactam foram raros (3,6%), constituindo-se de rash cutâneo, alterações digestivas, e disfunção renal e hepática. Não houve diferença entre os grupos em relação à ocorrência de eventos adversos.

Mensagens práticas

O uso de infusão prolongada de ampicilina/sulbactam esteve associado a melhores desfechos do que infusão intermitente, sem diferença na ocorrência de eventos adversos, no tratamento de pacientes com sepse ou choque séptico.

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Referências bibliográficas

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