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Terapia Intensiva4 junho 2017

Falta de norepinefrina associada com maior mortalidade na sepse

A carência de medicamentos nos Estados Unidos é comum, mas seu efeito em relação aos cuidados dos pacientes e os desfechos raramente foram relatados.

Por Juliana Festa

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

A carência de medicamentos nos Estados Unidos é comum, mas seu efeito em relação aos cuidados dos pacientes e os desfechos raramente foram relatados.

Um estudo observacional retrospectivo publicado no JAMA avaliou as mudanças no atendimento do paciente e os resultados associados a escassez de norepinefrina, o vasopressor de primeira linha para choque séptico.

A seguinte pergunta foi realizada: Houve associação entre a escassez de norepinefrina nos EUA de 2011 e a mortalidade entre adultos com choque séptico?

A escassez de norepinefrina no nível hospitalar foi definida como qualquer intervalo trimestral em 2011, durante o qual a taxa hospitalar de uso de norepinefrina diminuiu mais de 20% em relação ao baseline.

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O estudo foi realizado em 26 hospitais dos EUA na Premier Healthcare Database com uma taxa de uso de norepinefrina de pelo menos 60% para pacientes com choque séptico. A coorte incluiu adultos com choque séptico admitidos entre 1 de julho de 2008 e 30 de junho de 2013.

Um total de 27.835 pacientes, com idade mediana de 69 anos e 47,0% do sexo feminino foram admitidos em hospitais de escassez. Entre 1.961 pacientes admitidos em hospitais de escassez durante os trimestres de escassez, a mediana de idade foi de 68 anos. Quase todos esses pacientes (95,3%) foram admitidos em UTI.

No geral, o uso de norepinefrina aumentou durante os 5 anos em toda a coorte de 76,7% (intervalo de confiança [IC] de 95%: 75,7% a 77,6%) no terceiro trimestre de 2008 para 80,0% (IC 95%: 79,2% a 80,9%) no segundo trimestre de 2013 (p<0,001).

No baseline, a norepinefrina foi utilizada por 78,5% (IC 95%: 78,2% a 78,7%) dos pacientes com choque séptico, e houve uma diminuição detectável no seu uso durante o período de escassez, com recuperação em 2012. Para os hospitais com escassez, o consumo de norepinefrina no baseline foi de 77,0% (IC95%: 76,2% a 77,8%). Durante o ano de escassez (2011), o uso trimestral de norepinefrina entre os hospitais com escassez diminuiu para um nadir de 55,7% (IC 95%: 52,0% a 58,4%) durante o segundo trimestre.

A média trimestral de uso de fenilefrina entre os mesmos hospitais aumentou simultaneamente de uma taxa basal de 36,2% (IC 95%: 35,3% a 37,1%) para um pico de 54,4% (IC 95%: 51,8% a 57,2%) no segundo trimestre de 2011.

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No geral, a mortalidade intra-hospitalar diminuiu nos hospitais com escassez durante os 5 anos avaliados, passando de 34,9% (IC 95%: 32,2% a 37,5%) no terceiro trimestre de 2008 para 31,9% (IC 95%: 29,5% a 34,3%) no segundo trimestre de 2013 (p<0,001).

Em comparação à admissão hospitalar com choque séptico durante os trimestres de uso normal, a hospitalização durante os trimestres de escassez foi associada com um aumento da taxa de mortalidade hospitalar (9.283 de 25.874 pacientes [35,9%] versus 777 de 1.961 pacientes [39,6%], respectivamente, aumento do risco absoluto: 3,7% [IC 95%: 1,5% a 6,0%], odds ratio ajustada: 1,15 [IC 95%: 1,01 a 1,30]; p=0,03).

O estudo concluiu que entre os pacientes com choque séptico nos hospitais dos EUA afetados pela escassez de norepinefrina em 2011, o vasopressor alternativo mais comumente administrado foi fenilefrina. Adicionalmente, o estudo mostrou que os pacientes admitidos nesses hospitais em períodos de escassez apresentaram maior mortalidade hospitalar.

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Referência:

  • Vail E, Gershengorn HB, Hua M, Walkey AJ, Rubenfeld G, Wunsch H. Association Between US Norepinephrine Shortage and Mortality Among Patients With Septic Shock. JAMA. 2017 Apr 11;317(14):1433-1442. doi: 10.1001/jama.2017.2841.

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