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Terapia Intensiva24 fevereiro 2017

Extremis: os desafios das decisões de fim de vida

Indicado ao Oscar de melhor documentário, Extremis foi idealizado como uma forma de despertar a atenção pública para o problema do sofrimento na UTI.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Indicado ao Oscar de melhor documentário curta-metragem em 2017, Extremis segue a rotina da Dra. Jessica Nutik Zitter, que trabalha na unidade de cuidados intensivos (UTI) no Oakland’s Highland Hospital. Dirigido por Dan Krauss, o filme foi idealizado por Zitter como uma forma de despertar a atenção pública para o problema do sofrimento na UTI.

O lançamento foi em setembro de 2016, antes de seu próximo livro de memórias, “Medidas extremas: Encontrando um caminho melhor para o fim da vida”. A trama tem apenas 24 minutos de duração, mas consegue em cada segundo extrair as crises e sentimentos dos pacientes, familiares e profissionais envolvidos. O fio condutor é o desafio da comunicação no fim de vida e as tomadas de decisões na UTI.

Há duas histórias centrais no documentário: Donna, paciente com distrofia muscular, sem possibilidade terapêutica e que necessita de uma traqueostomia e Selena, que chegou ao Hospital após uma parada cardíaca prolongada, sem muita possibilidade de melhora e que também necessita de traqueostomia.

Veja também: ‘Morte cerebral: como falar com as famílias?’

A Dra. Zitter é sempre muito franca sobre as opções de escolhas e consequências. Ela tem treinamento avançado  em cuidados paliativos, o que a torna especialista em ter esse tipo de conversa. Nem todos os profissionais de uma UTI terão o temperamento ou a habilidade de ter conversas empáticas e efetivas  sobre fim de vida. “Na faculdade de Medicina, ninguém te ensina como deixar o paciente morrer”, esta é uma frase de Zitter, que revela o quanto a formação do médico é deficiente quando se trata de cuidados paliativos. Isso traz muito sofrimento tanto para o paciente, que pode ser submetido a procedimentos desnecessários, quanto para o médico que pode se culpar por muito tempo por suas escolhas, caso não sejam cientificamente embasadas.

A intimidade dos familiares é revelada em um dos momentos mais difíceis que alguém pode enfrentar, quando suas escolhas podem mudar totalmente a história de seus entes queridos. Em 23 de janeiro, o Jornal El País publicou uma reportagem intitulada “Morrendo como objeto“, um relato da jornalista Eliane Brum sobre o quão traumática essa experiência pode ser quando mal conduzida. Ela revela o que vivenciou tendo seu pai no fim de vida em uma UTI de um hospital brasileiro.

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Ele havia tido um aneurisma de aorta rompido e após a cirurgia eram escassas as chances de recuperação. Cita a dificuldade de acesso ao pai, mesmo ele estando em processo de morte, já que a despeito do Estatuto do idoso, acompanhantes não foram autorizados na UTI, além da impossibilidade de garantir ao seu pai uma morte digna e sem sofrimentos. “O sistema médico-hospitalar faz de nós violentados: em vez de viver o luto, temos que lidar com o trauma”, ela afirma.

Em contraponto à realidade vivida pela Eliane, Extremis mostra os familiares participando ativamente das decisões de fim de vida de seu entes, além de uma relação muito próxima dos profissionais com os pacientes e familiares. O documentário nos traz luz sobre um assunto que os brasileiros sabem pouco e têm medo de discutir.

E mais: ‘Como garantir os desejos do seu paciente? Diretrizes Antecipadas de Vontade’

Ao fazê-lo, ele aborda uma série de questões-chave para a ética médica em fim de vida: tomada de decisão, retirada do suporte de suporte vital, estados mínimos de consciência e determinação de prognóstico. Seu comprimento curto o torna ideal para clínicos ocupados e uma ferramenta potente para o ensino em cursos de estudantes de medicina sobre ética médica e a cultura de cuidados de fim de vida. Todos os estudantes e profissionais de saúde deveriam ganhar esses 24 minutos de conhecimento. Veja o trailer abaixo:

Referências:

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