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Terapia Intensiva20 maio 2025

Epinefrina precoce no choque

Dados de estudos apontam para um possível benefício clínico da introdução precoce da epinefrina no choque séptico
Por Julia Vargas

O uso precoce de noradrenalina no choque séptico é uma estratégia potencialmente benéfica, mas ainda controversa. A Surviving Sepsis Campaign recomenda seu uso precoce apenas em casos de hipotensão ameaçadora à vida, sem detalhar o momento ideal de início. A hipótese é que iniciar a droga precocemente pode restaurar mais rapidamente a pressão arterial média (PAM), reduzir a necessidade de fluidos e melhorar desfechos clínicos, embora exista risco teórico de isquemia tecidual se usada antes da correção da hipovolemia.  

A exposição precoce é definida por diferentes critérios nos estudos, mas geralmente considerada quando iniciada nas primeiras 1 a 3 horas do choque ou antes da infusão completa de volume. 

Estudos experimentais em modelos animais, como o de Ospina-Tascón et al., mostraram que o início imediato de norepinefrina em choque endotóxico melhora significativamente o fluxo microcirculatório regional e esplâncnico, além de reduzir a necessidade de fluidos de ressuscitação e doses de vasopressores. Em humanos, o estudo CENSER demonstrou que a administração precoce de norepinefrina em pacientes com choque séptico aumentou o controle do choque em 6 horas, sem diferença significativa na mortalidade em 28 dias, mas com menor incidência de edema pulmonar cardiogênico e arritmias.

Leia mais: Quando e como usar a noradrenalina precoce na sepse?

Os dados apontam para um possível benefício clínico da introdução precoce da noradrenalina no choque séptico. Contudo, a alta heterogeneidade metodológica, predominância de estudos observacionais e limitações no controle de viés limitam a força das conclusões.  

O uso precoce de noradrenalina pode reduzir mortalidade e otimizar o manejo hemodinâmico no choque séptico, com menor volume de fluidos e mais dias livres de VM, sem aumento de eventos adversos. No entanto, esses achados devem ser interpretados com cautela até que estudos randomizados adicionais confirmem a eficácia e segurança dessa abordagem. Na prática, a individualização da decisão, considerando tempo de instalação do choque, níveis de lactato e resposta à ressuscitação volêmica inicial, continua sendo fundamental. 

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Referências bibliográficas

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