Infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter é um evento grave e comum em pacientes críticos. O diagnóstico preciso é fundamental para evitar tanto o uso desnecessário de antibióticos quanto a subnotificação de infecções reais. Durante anos, a cultura da ponta de cateter foi solicitada de forma quase automática, mas evidências recentes mostram que essa prática não é a mais adequada.
A cultura da ponta de cateter, isoladamente, tem baixa acurácia para confirmar infecção relacionada a cateter, especialmente se não for acompanhada de hemoculturas periféricas coletadas antes da retirada. Resultados positivos podem refletir colonização, levando a diagnósticos equivocados, uso inadequado de antimicrobianos e aumento de custos hospitalares. Estudos mostram que a correlação entre crescimento microbiológico na ponta e verdadeira infecção é limitada e que o impacto clínico da positividade isolada é questionável. O objetivo desta análise é revisar a utilidade da cultura da ponta de cateter na prática diária da UTI e destacar quando ela realmente é indicada.
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Metodologia
Revisão de estudos que avaliaram a acurácia diagnóstica da cultura da ponta de cateter comparada a métodos de referência, como a coleta simultânea de hemoculturas periféricas e pelo lúmen do cateter. Foram analisadas evidências sobre sensibilidade, especificidade, valor preditivo e impacto nos desfechos clínicos.
Resultados
- Positividade isolada da cultura da ponta, sem hemocultura concomitante, frequentemente indica apenas colonização.
- O uso indiscriminado leva a falso diagnóstico de infecção e sobreuso de antibióticos.
- Métodos combinados, como a diferença de tempo para positividade entre hemoculturas periféricas e de lúmen, têm maior acurácia.
- Retirada desnecessária de cateter e início injustificado de antimicrobianos aumentam riscos e custos.
Mensagem prática
- Não solicitar cultura da ponta de cateter de forma rotineira.
- Priorizar coleta de hemoculturas periféricas e pelo lúmen antes da retirada do dispositivo.
- Reservar a cultura da ponta para situações em que a retirada seja inevitável e haja forte suspeita clínica de infecção relacionada ao cateter.
- Evitar exames desnecessários reduz erros diagnósticos, uso inadequado de antibióticos e custos hospitalares.
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