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Terapia Intensiva8 novembro 2025

CBMI 2025 - Ventilação Mecânica Invasiva em Pediatria  

A mesa reforçou a necessidade de individualizar a ventilação mecânica pediátrica, equilibrando proteção pulmonar e manutenção das trocas gasosas.
Por Redação Afya

Durante a Durante a Sessão Temática VM 02, apresentada no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2025), diversos temas foram discutidos a respeito da ventilação mecânica na pediatria.  

Na Sessão “Podemos evitar a lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica?”, o Dr. José Roberto Fioretto, enfatizou a importância do conceito de ventilação protetora em pediatria, destacando a limitação do volume corrente (< 6–8 mL/kg), a manutenção de pressões seguras (Pplat < 28 cmHO) e o uso criterioso de PEEP para prevenção de colapso alveolar. A personalização da estratégia ventilatória conforme a complacência e o fenótipo de lesão pulmonar foi apontada como fundamental para reduzir o risco de VILI (Ventilator- Induced Lung Injury). 

No tema “Ventilação prolongada”, a Dra. Adriana Koliski abordou as principais causas e consequências da ventilação mecânica prolongada em pediatria, incluindo fraqueza muscular adquirida, disfunção diafragmática e infecções associadas ao ventilador. Destacou-se a relevância do screening precoce de desmame, estratégias de mobilização e fisioterapia intensiva, além de protocolos integrados de sedação e analgesia. 

Sobre “Ventilação mecânica na doença obstrutiva”, o Dr. Toshio Matsushima concentrou-se no manejo de pacientes com obstrução de vias aéreas inferiores (asma grave e bronquiolite), ressaltando o ajuste de tempos expiratórios prolongados, limitação de PEEP intrínseca e prevenção de auto-PEEP. Discutiu-se o papel da monitorização contínua de curvas pressórico-fluxo-volume e o uso de modos ventilatórios que favoreçam o sincronismo paciente-aparelho de VM.

Monitoração como ferramenta de segurança e personalização 

A Dra. Cintia Johnston destacou o papel central da monitoração respiratória contínua na prevenção de lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica (VILI). A interpretação integrada de variáveis como pressão de platô, driving pressure, PEEP e complacência dinâmica permite ajustar estratégias ventilatórias de modo individualizado. 

Integração multimodal 

Foi reforçada a importância de combinar parâmetros ventilatórios clássicos com tecnologias de imagem funcional, como ultrassonografia pulmonar, capnografia volumétrica e impedância elétrica torácica, para avaliar em tempo real o recrutamento alveolar e a homogeneidade da ventilação. 

Indicadores de desmame e função diafragmática 

A avaliação precoce da função muscular respiratória — por meio de medidas como espessamento diafragmático ultrassonográfico, pressão inspiratória máxima e índices de drive neural (P0.1) — foi apresentada como estratégia para otimizar o momento do desmame e reduzir falhas de extubação. 

Monitoração hemodinâmica-pulmonar integrada 

A Dra. Cíntia Johnston enfatizou o valor de correlacionar a ventilação com parâmetros de perfusão e débito cardíaco, destacando a interação coração-pulmão em crianças críticas, especialmente na presença de disfunção cardiovascular ou hipertensão pulmonar. 

Pontos Práticos 

  • Use a complacência dinâmica como bússola.

Acompanhar a tendência da complacência ajuda a identificar recrutamento ou hiperinsuflação precoce, orientando ajustes de PEEP e volume corrente. 

  • Correlacione capnografia e volume corrente: 

A forma da curva de CO e o espaço morto podem revelar hipoventilação, obstrução de vias aéreas ou assincronia paciente-ventilador. 

  • Observe o diafragma em tempo real: 

A ultrassonografia diafragmática permite detectar fadiga ou inatividade precoce, guiando estratégias de suporte e desmame. 

  • Integre o olhar hemodinâmico: 

Evite isolar o pulmão: oscilações de pressão de vias aéreas afetam o retorno venoso e o débito cardíaco, especialmente em crianças com disfunção ventricular. 

  • Transforme dados em decisões: 

Não monitore por monitorar — interprete tendências, não números isolados. A tomada de decisão guiada por monitorização reduz eventos adversos e tempo de ventilação. 

 Conclusões 

A mesa reforçou a necessidade de individualizar a ventilação mecânica pediátrica, equilibrando proteção pulmonar e manutenção das trocas gasosas, com foco em prevenção de lesão, redução do tempo de ventilação e preservação da função muscular respiratória. 

Confira a cobertura completa do CBMI 2025!

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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