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Terapia Intensiva7 novembro 2025

CBMI 2025: Do artigo para a beira do leito – Como eu faço?

Durante o CBMI 2025, especialistas discutiram como aplicar a medicina baseada em evidências à beira do leito, unindo ciência, experiência clínica e contexto do paciente.

Durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2025), os professores Ary Serpa, Vanessa Lanziotti, Cintia Johnston e Bruno Besen conduziram uma discussão instigante sobre como transformar a medicina baseada em evidências em decisões práticas e individualizadas à beira do leito. 

Introdução 

A prática da medicina intensiva exige muito mais do que conhecer resultados de ensaios clínicos. É essencial compreender a metodologia dos estudos, reconhecer a qualidade da evidência, avaliar o impacto real dos desfechos e ponderar a aplicabilidade ao paciente específico. 

A integração entre evidência científica, experiência clínica e valores do paciente constitui o verdadeiro núcleo da medicina baseada em evidências. Saber quando e como aplicar o que foi publicado é tão importante quanto conhecer o artigo. 

Como avaliar se a evidência se aplica a beira leito  

A leitura crítica começa pela identificação do tipo de estudo e do nível de evidência. Ensaios clínicos randomizados bem conduzidos e meta-análises de alta qualidade costumam oferecer maior força de recomendação, mas nem sempre garantem aplicabilidade.  

Avaliar se os pacientes do estudo se assemelham aos atendidos na prática diária é fundamental para julgar a validade externa. Observar o desfecho primário e a relevância clínica dos resultados ajuda a diferenciar impacto estatístico de benefício real. Reconhecer vieses, limitações metodológicas e conflitos de interesse também é parte essencial da análise. Por fim, integrar os achados à experiência da equipe e ao contexto institucional permite decisões mais seguras e personalizadas. 

Limitações e desafios 

  • Resultados divergentes entre estudos sobre a mesma intervenção. 
  • Meta-análises baseadas em ensaios pequenos ou heterogêneos, que podem gerar conclusões frágeis. 
  • Dificuldade cultural e institucional em traduzir o conhecimento científico para a prática cotidiana. 
  • Falta de tempo e estrutura nas unidades para discussão crítica de evidências recentes. 

Mensagens práticas 

  • Nem toda evidência deve ser aplicada automaticamente. Analise desenho, população estudada e validade externa antes de extrapolar resultados. 
  • Priorize desfechos clinicamente relevantes, que impactem mortalidade, tempo de ventilação mecânica ou função orgânica, e não apenas marcadores substitutos. 
  • Combine evidência com contexto: o melhor tratamento é aquele que é eficaz, disponível e factível para o seu paciente. 
  • Valorize a experiência da equipe e a comunicação multiprofissional para discutir condutas baseadas em evidência. 
  • Estimular uma cultura de discussão crítica, rounds de evidências e atualização constante é o caminho para levar a ciência da publicação até o leito do paciente. 

*Escrito por Cintia Johnston e Yuri Albuquerque. 

 

Autoria

Foto de Yuri Albuquerque

Yuri Albuquerque

Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)

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