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Terapia Intensiva7 novembro 2025

CBMI 2025: Acesso Vascular no Paciente Crítico

No CBMI 2025, especialistas foi discutido o manejo do acesso vascular no paciente crítico, destacando o stewardship vascular e estratégias para reduzir complicações.

Durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2025), os professores Luciano Azevedo e José Paulo Ladeira, apresentaram uma discussão prática e atual sobre o manejo do acesso vascular no paciente crítico, enfatizando a escolha adequada do dispositivo, o conceito de stewardship vascular e estratégias para redução de complicações. 

Introdução 

O acesso vascular é indispensável na terapia intensiva para infusão de drogas vasoativas, suporte dialítico e monitorização hemodinâmica.
Por outro lado, cada inserção representa um potencial risco de complicações mecânicas, infecciosas e trombóticas. A decisão deve equilibrar necessidade clínica e risco associado, priorizando sempre o dispositivo menos invasivo e mais seguro. 

Como realizar a escolha e o manejo adequado 

A escolha e o manejo do acesso vascular no paciente crítico devem começar pela avaliação criteriosa da real necessidade do cateter, priorizando sempre o acesso periférico como primeira opção. O cateter venoso central deve ser reservado para situações específicas, como infusões contínuas de drogas vasoativas, nutrição parenteral ou necessidade de monitorização hemodinâmica avançada. O tempo previsto de uso também deve orientar a decisão: em terapias prolongadas, dispositivos intermediários como midline ou cateter venoso central de inserção periférica (PICC) podem ser alternativas adequadas em pacientes estáveis.  

A punção guiada por ultrassonografia deve ser rotina nas punções jugular, subclávia e femoral, pois reduz complicações e aumenta a taxa de sucesso. A manutenção do acesso exige assepsia rigorosa com clorexidina alcoólica a 2%, uso de curativo transparente com gel de CHG e troca do equipo a cada 4 a 7 dias. Por fim, a reavaliação diária da necessidade do cateter é essencial, com retirada sempre que o quadro clínico permitir, reduzindo complicações infecciosas e trombóticas associadas ao uso prolongado. 

Limitações e desafios 

  • Midlines e PICC apresentam maior risco de trombose e disfunção em relação a acessos periféricos curtos. 
  • Cateteres impregnados com antimicrobianos têm custo elevado e benefício restrito a unidades com altas taxas de infecção. 
  • A manutenção inadequada, com curativo descolado ou manipulação sem desinfecção, anula o benefício da inserção segura.

 Mensagens práticas 

  • Escolher o acesso menos invasivo possível e reavaliar sua necessidade diariamente. 
  • Utilizar ultrassonografia em todas as punções sempre que disponível. 
  • Aplicar o bundle de prevenção: clorexidina 2%, curativo estéril, troca de equipos a cada 4–7 dias e desinfecção do hub antes de cada uso. 
  • Retirar o cateter venoso central assim que possível. 
  • Protocolos institucionais e auditoria contínua são fundamentais para reduzir infecções e tromboses associadas a dispositivos vasculares. 
  • A criação de um time de acesso vascular multiprofissional, com médicos, enfermagem e fisioterapia, melhora a seleção do dispositivo, padroniza a técnica de inserção e manutenção, e reduz complicações relacionadas ao uso do cateter. 

Autoria

Foto de Yuri Albuquerque

Yuri Albuquerque

Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)

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Referências bibliográficas

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