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Terapia Intensiva16 novembro 2024

CBMI 2024: O que há de novo no diagnóstico e tratamento de PAV?

Confira os temas discutidos nessa sessão do CBMI 2024 sobre diagnóstico e tratamento da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV).
Por André Japiassú

Nesta palestra do CBMI 2024, André Kalil revisou tópicos do guideline americano sobre o diagnóstico e tratamento da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), publicado em 2016 e atualizado em 2021, do qual ele é o organizador. 

Vários aspectos do guideline serão mantidos, como diagnóstico (critérios clínicos e gasométricos; coleta de culturas de aspirado traqueal é semelhante ao lavado broncoalveolar; realização de antibiograma; realização de exames de imagem dando preferência a tomografia e ultrassonografia quando possível) e também tratamento (administração de antibióticos de maneira precoce, existência de relação de antibioticoterapia empírica de acordo com antibiogramas dos últimos 6-12 meses de acordo com CCIH). 

Ele salientou que três fatores não serão alterados: 

  • A história de administração de antibióticos por via endovenosa nos últimos 3 meses e a permanência > 5 dias no hospital antes do diagnóstico de pneumonia modificam a escolha do tratamento empírico;
  • A epidemiologia local é de suma importância para saber a prevalência e susceptibilidade de bactérias que comumente causam PAV, principalmente elaborada periodicamente em cada hospital – o ambiente de cada hospital e o costume de uso de antibióticos costuma ser bem heterogêneo entre hospitais e mesmo em diferentes UTIs do mesmo hospital;
  • A gravidade da doença também deve ser avaliada para início e escolha de antibióticos: choque séptico, SARA e terapia de substituição renal prévios à PAV. 

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O que há de novo?

Uma novidade entrará na revisão do guideline: administração contínua de betalactâmicos (piperacilina-tazobactam e meropenem) deve ser preferida em relação à intermitente, de acordo com meta-análise recente publicada no JAMA (2024). 

A duração de tratamento deve ser de uma semana, salvo complicações como empiema e abscesso, inclusive quando o patógeno é multirresistente, incluindo Pseudomonas sp, Acinetobacter sp e Stenotrophomonas sp. Não há motivo baseado em evidências para se prolongar o tratamento para mais de 10-14 dias. 

Novos antibióticos como cefiderocol, cefatazidime-avibactam, ceftolozana-Tazobactam, imipenem-relebactam e meropenem-vaborbactam devem ser incorporados na próxima revisão do guideline, mas ainda há muitas dúvidas de quais seriam as indicações precisas destas medicações. 

O diagnóstico de traqueobronquite associada a VM é frágil, e seu tratamento não altera o prognóstico, e a recomendação de não tratar de rotina será mantida no guideline. 

Como perspectiva, a avaliação do microbioma pulmonar pode ajudar na microbiologia e diagnóstico da PAV. Novos estudos devem surgir nos próximos anos.

Acompanhe a cobertura completa do CBMI 2024 aqui!

Autoria

Foto de André Japiassú

André Japiassú

Doutor em Ciências pela Fiocruz. Mestre em Clínica Médica pela UFRJ. Especialista em Medicina Intensiva pela AMIB. Residência Médica em Medicina Intensiva pela UFRJ. Médico graduado pela UFRJ.

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