Durante a sessão de atualização em ventilação mecânica e assincronias, o professor Marcelo Amato ministrou uma palestra no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI) abordando a avaliação da pressão de distensão (“driving pressure“) durante a ventilação assistida.
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Introdução
A pressão de distensão, também conhecida como “Driving Pressure“, é classicamente uma medida de estresse pulmonar que avalia o volume corrente ajustado pelo volume pulmonar residual. Um valor superior a 15 cmH2O está associado a uma maior mortalidade em pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) (1). Essa medida é calculada pela diferença entre a pressão de platô e a PEEP em pacientes em ventilação mecânica controlada, geralmente sedados e sob uso de bloqueador neuromuscular na maioria das situações. No entanto, a avaliação dessa pressão em pacientes sob ventilação assistida (ciclos espontâneos) não é habitualmente realizada.
A justificativa para avaliar a pressão de distensão durante a ventilação espontânea reside no fato de que pressões transpulmonares elevadas, quando o paciente está em ventilação espontânea com esforço respiratório não monitorizado, podem induzir a uma lesão pulmonar autoinfligida pelo paciente (p-sili). Isso pode resultar em lesão pulmonares e piores desfechos. (2)
Como avaliar a pressão de platô em pacientes com ventilação assistida?
- Ao realizar uma pausa inspiratória durante a ventilação assistida a pressão total do sistema respiratório aumenta pois ocorre a soma da pressão muscular (Pmus) a pressão gerada pelo ventilador mecânica.
- Logo Pressão total ou pressão de platô = PEEP + pressão de suporte + Pmus.
- Pressão de distensão = Pressão de platô – PEEP.
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Conclusão
- Pressão de distensão é um indicador prognóstico em pacientes com SDRA.
- É recomendável medir a pressão de distensão em pacientes sob ventilação espontânea para evitar pressão transpulmonares elevadas e reduzir o risco de lesão pulmonar autoinfligida pelo paciente.
Autoria

Yuri Albuquerque
Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)
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