A avaliação e o manejo das vias aéreas em vítimas de trauma são prioritários, sendo desafios que envolvem fatores ambientais e restrições de tempo. A avaliação eletiva das vias aéreas, com a possibilidade de uma análise detalhada, é substituída por uma abordagem pragmática e ágil nos cenários de trauma, onde as vias aéreas são presumidas como difíceis. A rápida intervenção é necessária, mas com limitações em termos de equipamentos e estrutura.
Diferentes contextos exigem abordagem distintas
No pré-hospitalar, deve-se priorizar intervenções menos invasivas, reservando procedimentos avançados, quando possível, para o ambiente hospitalar onde a equipe está preparada para emergências respiratórias complexas. Na prática, esse conhecimento é essencial para intensivistas e profissionais de emergência, uma vez que o preparo de uma abordagem estruturada assegura a implementação de um manejo de via aérea eficaz em situações de trauma.
Leia também: Etomidato: Ainda uma opção segura para IOT em pacientes críticos?
No Pré-Hospitalar, o uso de dispositivos supraglóticos, como a máscara laríngea, é preferível à intubação orotraqueal na maioria dos casos, devido à simplicidade e menor taxa de complicações (Figura 1). No intra-hospitalar, a videolaringoscopia é favorecida sobre a laringoscopia direta para aumento da taxa de sucesso na primeira tentativa de intubação. No caso de falha na tentativa de intubação, o uso do bougie pode facilitar o procedimento. Além disso, em situações onde não é possível intubar e não conseguimos obter ventilação pulmonar efetiva (“não intubo/não ventilo”), uma via aérea cirúrgica (cricotireotomia) é indicada.
Abaixo fornecemos fluxogramas sugeridos para a abordagem da via aérea no cenário de pré-hospitalar e no cenário do Departamento de Emergência.


A ressuscitação simultânea ao processo de preparo para a intubação orotraqueal é essencial para minimizar a instabilidade hemodinâmica associadas à sedação e a ventilação com pressão positiva. A escolha dos agentes sedativos é parte fundamental desse processo (Figura 2).
Na fase hospitalar também se destaca a necessidade de confirmação da posição do dispositivo na via aérea com capnografia e ausculta pulmonar. A ultrassonografia de via aérea está surgindo como mais um instrumento a ser utilizado para esta finalidade. Os cuidados pós-intubação, como analgesia contínua e sedação, paralisia muscular se necessária e ajustes de parâmetros de ventilação mecânica são primordiais.
Saiba mais: POCUS: Impacto prático da ultrassonografia torácica entre doentes críticos
Conclusão: via aérea difícil no trauma
A intubação orotraqueal no paciente politraumatizado talvez seja o maior desafio na abordagem da via aérea. Os fluxogramas sugeridos são estratégias fundamentais para o manejo dessa situação, proporcionando uma sequência lógica de intervenções, desde medidas simples até intervenções mais complexas.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.