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Terapia Intensiva5 abril 2025

A esketamina como agente de indução para intubação orotraqueal de emergência 

Estudo avaliou a eficácia e a segurança da esketamina para indução de sequência rápida em pacientes gravemente enfermos
Por Julia Vargas

A intubação orotraqueal de emergência em pacientes críticos é uma intervenção comum na UTI, porém associada a um alto risco de complicações, especialmente hipotensão grave, hipoxemia e colapso cardiovascular. A escolha do agente de indução pode influenciar diretamente os desfechos hemodinâmicos e clínicos. O uso de benzodiazepínicos e opioides, como midazolam e sufentanil, é frequente, mas esses agentes podem deprimir a função cardiovascular. A esketamina, isômero dextrogiro da cetamina racêmica, possui ação simpaticomimética, curta meia-vida e menor impacto respiratório, com potencial para estabilizar a hemodinâmica durante a indução. No entanto, sua eficácia e segurança na intubação de emergência em pacientes críticos ainda não haviam sido adequadamente estudadas. 

Foi realizado um ensaio clínico prospectivo, randomizado, duplo-cego e controlado para comparar os efeitos hemodinâmicos, clínicos e de segurança da esketamina em comparação à associação midazolam/sufentanil para indução de sequência rápida em pacientes críticos submetidos à intubação orotraqueal de emergência na UTI. 

Todos os pacientes receberam rocurônio antes da intubação. As condições hemodinâmicas foram rigorosamente monitoradas e manejadas conforme protocolo padronizado. 

Resultados 

A esketamina promoveu elevação ou manutenção da PAM em todos os momentos avaliados, enquanto o grupo midazolam/sufentanil apresentou queda significativa. A PAM foi significativamente maior no grupo esketamina durante a indução e até 10 minutos após a intubação. 

O tempo médio de ventilação mecânica foi significativamente menor no grupo esketamina assim como o tempo de UTI. 

A taquicardia foi mais comum com esketamina (necessitando esmolol em 34,2% vs. 14,3%; p=0,037), sem impacto adverso significativo. 

Não houve diferença significativa entre os grupos no que se refere a SpO2 e mortalidade em 28 dias.

Leia também: Intubação orotraqueal em crianças: Como minimizar riscos?

Conclusões e aplicabilidade prática: esketamina como agente de indução 

A esketamina demonstrou ser um agente de indução hemodinamicamente estável em pacientes críticos, com menor incidência de hipotensão e menor necessidade de suporte vasopressor. Além disso, seu uso esteve associado à redução da duração da ventilação mecânica e da permanência na UTI, sem aumento da mortalidade em 28 dias. Apesar do aumento na frequência de taquicardia, esta foi manejável com betabloqueadores de curta ação. 

A esketamina surge como uma alternativa segura e eficaz para indução de sequência rápida em pacientes críticos, especialmente naqueles com risco elevado de instabilidade hemodinâmica. Pode ser considerada, com cautela, como parte dos protocolos de intubação de emergência em UTIs, particularmente em pacientes hipovolêmicos ou com disfunção cardiovascular.

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Referências bibliográficas

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