No Portal PEBMED essa semana, tivemos uma matéria sobre a diferenciação de celulite de outras causas de vermelhidão nas pernas na Atenção Primária e esse vai ser o assunto da nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision.
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Anamnese da celulite
Principais queixas: Dor, eritema sem limites bem definidos, edema e calor no local da lesão, de surgimento agudo ou subagudo (insidioso). Na maioria dos casos não acompanhados por sinais sistêmicos, sendo a presença desses um marcador de gravidade.
Sinais sistêmicos: Febre, calafrios, adinamia e queda do estado geral.
Locais mais comuns de acometimento: Membros inferiores; face e região periorbital; parede abdominal e região anal.
Fatores de risco: Diabetes; quebra da barreira cutânea (picadas de inseto, traumas, escoriações, uso de drogas injetáveis); inflamação ou infecção de pele preexistente; edema crônico (insuficiência cardíaca, insuficiência venosa ou obstrução linfática).
Exame Físico
Descrição da lesão: Placa com eritema discreto, limites da lesão mal definidos, dor local e calor evidentes. Evolução mais arrastada. Uma evolução rápida, tendendo a necrose superficial, sugere fasciíte necrosante.
Linfangite: Pode acometer linfáticos, causando um quadro de linfangite local e acometimento de linfonodos regionais, inclusive folículos capilares, criando a típica aparência em casca de laranja (peau d’orange).
Observação: Na ocorrência de gangrena e crepitação local, a etiologia da celulite inclui também a presença de germe anaeróbio.
Marcadores de gravidade:
- > 60 anos de idade;
- Acometimento facial;
- Imunossupressão;
- Sinais de sepse;
- Resistência ao tratamento ambulatorial.
Pearls & Pitfalls: Diferenciando Celulite x Erisipela
A erisipela, por acometer apenas a derme superior e os linfáticos superficiais, apresenta-se com lesões mais bem delimitadas do que a celulite, que acomete a derme profunda e o tecido celular subcutâneo, apresentando característica mais infiltrativa e mal delimitada.
A erisipela apresenta início agudo e exuberante, com sinais sistêmicos de febre e calafrios, enquanto a celulite apresenta um curso mais arrastado, com sintomas sistêmicos mais tardios.
Apenas a erisipela é capaz de acometer a orelha (sinal de Milian), visto que não apresenta derme profunda e subcutânea.
Telemedicina
O que abordar na consulta de teleatendimento?
- Observar os aspectos da lesão, incluindo comparativamente os membros ou regiões saudáveis;
- Avaliar a presença de fatores de risco associados como diabetes; infecção por HIV; obesidade; quebra da barreira cutânea (picadas de inseto, traumas, intertrigo, escoriações, uso de drogas injetáveis); história de faringite recente; inflamação ou infecção de pele preexistente; edema crônico (insuficiência cardíaca, insuficiência venosa ou obstrução linfática);
- A maior efetividade ocorre ao iniciar o tratamento nas primeiras 24-72 horas da doença.
- Indicar repouso no leito. Se for indicado, com o membro elevado para facilitar a drenagem por gravidade do edema e das substâncias inflamatórias;
- Indicar uso de compressa de gelo sobre o local, por 15 minutos, 3-6x/dia.
Como identificar sinais de piora do quadro?
- Persistência, refratariedade ou piora do quadro inicial em 24-48 horas, desde o início da antibioticoterapia e cuidados adequados.
Quando voltar a ligar por teleatendimento e quando procurar diretamente um serviço de saúde?
- Em caso de persistência ou piora do quadro inicial em 24-48 horas desde o início da antibioticoterapia e cuidados adequados, é necessária a investigação presencial quanto a necessidade de internação;
- Mediante a presença de sinais de complicações, como > 60 anos de idade, acometimento facial, imunossupressão, sinais de sepse e resistência ao tratamento ambulatorial, o paciente também deve ser orientado a procurar o serviço de saúde.
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