A Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) elaborou e distribuiu aos municípios um documento que orienta para a necessidade de intensificação na vigilância da leptospirose e na preparação dos serviços de assistência ao paciente.
De acordo com o material, apenas em 2023, foram 442 casos prováveis de leptospirose no estado, dos quais 196 foram concentrados entre janeiro e março, período do ano com alto volume de chuva e, consequentemente, alagamentos. Cristina Giordano, gerente da área, informou que a medida é necessária devido a uma maior probabilidade de contato com água e alimentos contaminados durante as enchentes.
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“A penetração do microrganismo ocorre através da pele, que fica imersa por longos períodos em água contaminada, lama ou por outros tipos de transmissão possíveis, como contato com sangue, tecidos, órgãos de animais infectados, ingestão de água ou alimentos contaminados”, argumentou Cristina.
Testes em desenvolvimento
No início do ano, Instituto Butantan anunciou que estava desenvolvendo um exame pioneiro capaz de detectar a leptospirose no estágio inicial. Com isso, o tratamento poderia ser iniciado precocemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. O estudo foi publicado na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, e os pesquisadores depositaram um pedido de patente em março de 2023.
A nova técnica foi capaz de detectar a doença em mais de 70% dos pacientes que tinham obtido resultados falsos negativos nos primeiros dias de sintomas. Outro aspecto positivo do exame é que ele mostrou 99% de especificidade, ou seja, detectou especificamente os anticorpos contra a leptospirose, sem demonstrar reação cruzada com outras doenças infecciosas como dengue e malária.
Sintomas
Uma das recomendações é em relação aos sintomas que podem aparecer para quem teve contato com locais contaminados, que são diferentes dos sinais de outras causas de doenças febris agudas. Em geral, a fase precoce da leptospirose dura aproximadamente de três a sete dias e se caracteriza pelo aparecimento repentino de febre, acompanhada de dor de cabeça, dor muscular, anorexia, náuseas e vômitos, além de diarreia, dor em uma das articulações, fotofobia, dor ocular e tosse, informou a Secretaria de Saúde.
Orientações
A OMS estima que cerca de 500 mil novos casos ocorram em todo o mundo a cada ano. Na tentativa de reduzir o número de contaminações dentro dos próximos meses, a secretaria recomenda que profissionais de saúde, militares e equipes da Defesa Civil utilizem Equipamentos de Proteção Individual (EPI) durante as ações de resgate em áreas alagadas.
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*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.
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